A história de Giovanni seria a de mais um garoto que, prestes a completar 18 anos, se esforça diariamente para atingir o sonho de brilhar no futebol europeu. Que deixou a família no Brasil e passou um ano sem jogar na Itália. E que, no último fim de semana, marcou o primeiro gol em partidas oficiais. Seria a história de um menino comum, se o sobrenome de Giovanni não tivesse tanto peso na cidade em que vive.
O jovem é filho de Amoroso, ex-atacante brasileiro que brilhou com tantas camisas mundo afora, entre elas a do Udinese. O mesmo clube que, 16 anos depois da saída do artilheiro de canelas franzinas, abriu as portas para seu herdeiro mais velho. A diretoria bancou o período sem jogar do garoto, que precisou de uma autorização da Fifa para defender o time sub-20 fora do Brasil, e começa a colher os frutos agora.
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Giovanni participa do Campeonato Italiano sub-20 com a camisa do Udinese, ex-clube do pai (Foto: Guido Maconi)Atacante com o mesmo estilo do pai, Giovanni marcou o primeiro gol pelo sub-20 no sábado. Ganhou na corrida do marcador e tocou na saída do goleiro. Em seguida, participou do segundo gol, ao acertar a trave com um toque de calcanhar e deixar o companheiro livre para marcar o seu. Não evitou, é verdade, a derrota por 3 a 2 para o Salernitana, pelo Campeonato Italiano da categoria, mas mostrou o quanto pode contribuir no futuro.
– Apesar da derrota, fiquei muito feliz por ter feito meu primeiro gol com essa camisa maravilhosa. Estou aproveitando meu espaço. Sei que é uma responsabilidade muito grande carregar o nome do meu pai aqui, mas ele fez a história dele e eu farei a minha – afirmou o garoto, que já pensa no futuro dentro do futebol italiano.
A relação com Udine é tão forte que faz Giovanni sonhar mais com a seleção italiana do que a brasileira. Nascido na cidade, durante a passagem de Amoroso pelo futebol do país (entre 96 e 99), o garoto tem condições de escolher entre a Azzurra e o Brasil, onde viveu parte da infância e toda a adolescência desde que o pai retornou. Em sua cabeça, não parece ter dúvida.
Brasileiros do elenco ao lado de Giovanni e Amoroso, em uma das visitas do ex-jogador ao país (Foto: Arquivo pessoal)– Sonho em jogar uma Copa pela Itália. Quero dar esse presente ao meu pai, que não teve oportunidade de disputar um Mundial na sua época. Farei isso por ele – disse o primogênito de Amoroso, ao lembrar que o pai, mesmo em destaque na Europa, foi preterido por Zagallo e Luiz Felipe Scolari das convocações de 1998 e 2002.
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Para chegar até lá, Giovanni tem um longo caminho pela frente. O garoto passou pelo processo de adaptação ao futebol italiano, ganhou massa muscular e está entrosado com o grupo sub-20. Assim que chegar à maioridade, deve assinar um contrato profissional com o Udinese e se juntar a outros cinco brasileiros que fazem parte do elenco: o zagueiro Danilo (ex-Palmeiras), os volantes Edenilson e Guilherme (ambos ex-Corinthians) e os meias Lucas Evangelista (ex-São Paulo) e Marquinho (ex-Fluminense). Eles, aliás, não se desgrudam nos momentos de folga.
Amoroso teve sucesso no Udinese: na Europa, também jogou por Parma, Borussia Dortmund e Málaga (Foto: Agência Getty Images)Assim que alcançar o profissional, as comparações com o pai serão inevitáveis, mas nada que não seja possível superar. Em 1996, Amoroso chegou pressionado pela passagem de Zico no Udinese. Não conquistou títulos, mas conseguiu um feito histórico: apesar da concorrência de Bierhoff, Ronaldo e tantos outros, foi artilheiro do Italiano em 99, com 22 gols.
O carinho da torcida com Amoroso até hoje comove o ex-jogador, que quase sempre viaja ao país para acompanhar o progresso da carreira do filho. Hoje aposentado, o craque de 41 anos curte os primeiros passos do filho no futebol e dá todo o suporte, sem cobrança, para que a carreira seja bem-sucedida. A emoção de vê-lo com a mesma camisa que vestiu não tem preço.
– Ficamos felizes com a inscrição do Giovanni para vestir a camisa da Udinese. É realmente uma emoção maravilhosa ver meu filho vestindo a camisa do time da cidade em que ele nasceu e onde fui artilheiro – derrete-se o pai.