Edição do dia 03/07/2015

03/07/2015 14h00 - Atualizado em 03/07/2015 14h49

Filme achado no Brasil mostra a vida de judeus em campo de concentração

O autor foi prisioneiro de um campo na Bulgária.
Senhora de 86 anos fala sobre o período que viveu em Auschwitz.

Mário BonellaVitória, ES

Nesta sexta-feira (3), o Jornal Hoje conta duas histórias comoventes que surgiram no Brasil. Uma é sobre uma senhora de 86 anos que decidiu só agora falar sobre o período em que viveu no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

A outra história é de um filme publicado pelo portal de notícia da Globo, o G1. O autor foi prisioneiro de um campo na Bulgária. Os parentes dele, que moram em São Paulo, descobriam esse filme há pouco tempo, e acabaram de levá-lo para o museu do holocausto, em Washington.

Era um campo nazista de trabalho forçado que mantinha judeus e minorias como escravos, na Bulgária, aliada da Alemanha, na guerra. Os prisioneiros eram forçados a abrir estradas, no meio das montanhas, a marretadas. Não havia maquinário para quebrar a rocha.

O vídeo foi gravado por Licco Haim, em 1941. Ele era judeu, mas foi poupado pelos nazistas porque entendia de mecânica e era útil para o Exército. Licco foi para o Brasil com a mulher e o filho Salvator, em 1948, depois do fim da guerra.

"Ele nunca contou como foi que ele fez esse filme. Todos os homens judeus, numa faixa de idade grande aí, foram para o campo de trabalho forçado”, fala Salvator Haim.

"Foi um regime duro, mas tinha uma grande vantagem em comparação com os campos de concentração que a intenção não era exterminar”, conta Liko Minev, sobrinho de Licco Haim.

Os militares permitiam que parentes visitassem o campo. “Em 1941, era o exército búlgaro que organizou isso, a partir de 1942, foi organizado pelos alemães, aí era muito mais rigoroso, muito pior a situação", conta Salvator.

Uma tatuagem feita 72 anos atrás era a identificação com que a dona de casa Lúcia Carasso era conhecida em um campo de concentração. Lúcia, junto com a família, os pais e quatro irmãos, foram capturados em casa.

“Bateram na porta e falaram que nós acordássemos e saíssemos dentro de casa do jeito que estávamos”, relata Lúcia.

A família toda foi para um campo de concentração. Pais e filhos foram separados. “Meus pais, nunca mais vi”, fala Lúcia.

“Não deve existir nada pior para uma mãe de se ver separada de forma abrupta de um filho, assim”, diz Michele Carasso, neta de Lúcia.

Lúcia chegou ao campo de concentração aos 13 anos. Ficou junto com a irmã. A vida era só trabalhar e apanhar. Até que os nazistas foram derrotados, e no dia 27 de janeiro de 1945, soldados das forças aliadas invadiram o campo de concentração.

Dona Lúcia e a irmã voltaram para a Grécia, onde viviam antes da guerra. Lúcia se casou com Michel, que também sobreviveu a um campo de concentração. Eles viveram um tempo na Grécia, foram para Israel e depois vieram para o Brasil. Michel morreu oito anos atrás. Escreveu um livro sobre o sofrimento que passaram.

Aos 86 anos, a tatuagem de Lúcia, não para lembrar o sofrimento, mas a vitória sobre a prisão, a tortura, todo tipo maldade. “Sobrevivi e criei minha família, olha que família bonita, que eu tenho, olha aqui”, fala Lúcia.

 

 

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