Gabriel Medina
olhou para o horizonte, alisou a prancha e pegou o último conselho e afago com
o padrasto e treinador, Charles. Correu pela areia ouvindo música sob gritos de
"Vai Medina!" e foi para o mar. A partir daquele momento, era apenas ele e as
ondas. O brasileiro de 20 anos, que depende apenas dos próprios esforços para conquistar o
título inédito para o surfe nacional, entrou nesta sexta-feira nas águas do Havaí pelo seu sonho e pelo feito de
um país. Concentrado, o número 1 do ranking mundial superou o nervosismo da estreia e somou 8,83 pontos para derrotar o havaiano Reef
Mcintosh, que entrou através da triagem e obteve 5,10, e o australiano Dion Atkinson, 27º do ranking, que segurou a lanterna (3,30). Dentre os rivais de Medina na luta pelo caneco, o australiano Mick Fanning também venceu a sua bateria e já está na terceira fase. Já o americano Kelly Slater ficou em segundo lugar na bateria dele e vai ter de disputar a repescagem.
- Tirei um peso das costas, sempre bom começar com vitória, foi
importante. Estou feliz de ter passado essa bateria, o mar estava mais
ou menos e eu não tive muitas oportunidades. Escolhi as ondas menores e
melhores, e acabou dando tudo certo. Estou amarradão - disse Gabriel.
A disputa entre Medina, Mcintosh e Atkinson começou com poucas ondas de qualidade. Gabriel foi o primeiro a dropar uma delas, mas não conseguiu uma grande nota, abrindo com um 3,33. Mcintosh respondeu com uma onda melhor e tirou um 4,17, assumindo a ponta provisoriamente. Porém, Medina demonstrou que não estava para brincadeira e se posicionou melhor na bancada de Pipeline. Com duas ondas praticamente seguidas, o brasileiro conseguiu 5,55 na segunda delas, retomou a dianteira e passou a somar 8,83, fazendo o havaiano precisar de uma nota 4,67. Enquanto isso, o australiano Atkinson apenas assistia de camarote a disputa. E foi assim até o fim da bateria. Ninguém trocou mais notas e Medina avançou para a terceira rodada, jogando os seus adversários para a repescagem.
Maior adversário de Gabriel na luta pelo título, o australiano Mick Fanning teve que esperar até os segundos finais para ter confirmada a vitória que lhe fez também ir diretamente para a terceira rodada. Tricampeão mundial, ele somou 12,16 pontos para bater o espanhol Aritz Aranburu (9,27) e o havaiano Makai
McNamara, que obteve só 2,20 pontos.
Também postulante ao título, o astro americano Kelly Slater, número 3 do ranking, acabou levando uma virada nos segundos finais e vai ter de disputar a repescagem. Onze vezes campeão mundial, o veterano foi superado pelo australiano número 25 Adam Melling, que pegou um grande tubo, e perdeu por 15,90 pontos a 15,80, ficando em segundo lugar na quarta bateria desta primeira fase. Convidado pela organização, o havaiano Dusty Payne ficou na terceira posição, com 13,84, também caindo para a segunda rodada, a primeira eliminatória. Já Melling foi diretamente para a terceira rodada.
- Foi uma bateria disputada, mas acabei perdendo na última onda do Adam
Melling, que conseguiu a pontuação. Eu não vi as ondas aparecendo - disse Kelly.
Alejo Muniz foi o outro brasileiro que também avançou diretamente para a terceira fase. Na penultima bateria da primeira rodada, o catarinense somou 14,94 pontos para despachar o compatriota Filipe Toledo (12,90) e o americano Nat Young (1,90). Além de Filipinho, Raoni Monteiro, Jadson André e Miguel Pupo são os outros surfistas do Brasil que foram batidos nesta sexta-feira e terão de disputar a repescagem para continuarem vivos no WCT de Pipeline.
as baterias da primeira rodada
1: Joel Parkinson (AUS) 13,83, Julian Wilson (AUS) 1,23, Glenn Hall (IRL) 4,26
2: Michel Bourez (TAH) 2,90, Sebastian Zietz (HAV) 14,13, Raoni Monteiro (BRA) 4,77
3: John John Florence (HAV) 18,16, Matt Wilkinson (AUS) 2,23, Mitch Coleborn (AUS) 3,34
4: Kelly Slater (EUA) 15,80, Adam Melling (AUS) 15,90, Dusty Payne (HAV) 13,84
5: Mick Fanning (AUS) 12,16, Aritz Aranburu (ESP) 9,27, Makai
McNamara (HAV) 2,20
6: Gabriel Medina (BRA) 8,83, Dion Atkinson (AUS) 3,30, Reef
Mcintosh (HAV) 5,10
7: Jordy Smith (AFS) 2,07, Jadson André (BRA) 3,90, Jeremy Flores (FRA) 9,30
8: Kolohe Andino (EUA) 10,70, Frederick Patacchia (HAV) 7,50, Travis Logie (AFR) 0,00
9: Josh Kerr (AUS) 11,10, Kai Otton (AUS) 1,67, Brett Simpson (EUA) 9,63
10: Owen Wright (AUS) 17,50, Adrian Buchan (AUS) 15,07, Mitch Crews (AUS) 8,50
11: Nat Young (EUA) 1,90, Filipe Toledo (BRA) 12,90, Alejo Muniz (BRA)14,94
12: Bede Durbidge (AUS) 15,20, Miguel Pupo (BRA) 3,23, Tiago Pires (POR) 1,63
baterias da segunda fase
1: Kelly Slater (EUA) x Reef McIntosh (HAV)
2: Michel Bourez (TAH) x Makai McNamara (HAV)
3: Jordy Smith (AFR) x Dusty Payne (HAV)
4: Nat Young (EUA) x Mitch Coleborn (AUS)
5: Miguel Pupo (BRA) x Raoni Monteiro (BRA)
6: Filipe Toledo (BRA) x Glenn Hall (IRL)
7: Adrian Buchan (AUS) x Travis Logie (AFR)
8: Kai Otton (AUS) x Brett Simpson (EUA)
9: Fredrick Patacchia (HAV) x Mitch Crews (AUS)
10: Jadson André (BRA) x Tiago Pires (PRT)
11: Julian Wilson (AUS) x Dion Atkinson (AUS)
12: Matt Wilkinson (AUS) x Aritz Aranburu (ESP)
o que medina precisa para ser campeão mundial
- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater
não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se
Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa
bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais