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Medina é protegido por "Black Trunks"
no Havaí: "São bonzinhos e dão dicas"

Padrasto e treinador, Charles Rodrigues conta que até os mais temidos locais estão do lado do filho na etapa que pode lhe consagrar como 1º campeão brasileiro mundial

Por Direto de Oahu, Havaí

O localismo é natural no surfe, mas se manifesta de forma particularmente agressiva no Havaí. Vestidos de calções pretos, os "Black Trunks" espalhavam o medo em estrangeiros nos 70 e 80, lutando com unhas e dentes com quem se atrevesse a entrar nas ondas no North Shore de Oahu. Antigamente, ofereciam US$ 100 para quem tirasse um brasileiro da água. Hoje, a cultura da violência ainda se faz presente, com "bad boys" que praticam até jiu-jítsu. Impedir um havaiano de surfar em Pipeline, palco da última etapa do Circuito Mundial de Surfe (WCT), é um perigo. Adriano de Souza já teve de competir com segurança na areia, Paulo Moura levou um soco e Neco Padaratz se envolveu em uma briga com Sunny Garcia no Pipe Masters de 2007. Mas, nada disso acontece com Gabriel Medina. Pelo contrário, os havaianos até o ajudam e dão dicas no seu "quintal de casa", algo inimaginável nos velhos tempos. 

Medina, surfe, Pipeline (Foto: Marcio Fernandes / Ag. Estado)Medina pode se campeão munndial neste sábado se Slater e Fanning tropeçarem (Foto: Marcio Fernandes/Ag. Estado)

Desde menino, o brasileiro nunca teve problemas com os os locais. E tem recebido o apoio dos havaianos, seja nos treinos ou nas areias. O jovem de 20 anos está na briga pelo inédito título mundial no Pipeline Masters, com janela aberta até o dia 20 de dezembro. O americano Kelly Slater e o australiano Mick Fanning também disputam o sonhado caneco. Medina pode se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial neste sábado, caso Slater e Fanning percam na segunda e na terceira fases, respectivamente. Se Gabriel avançar para a quarta fase, já tira o americano da briga. Ele é o único que depende apenas de si mesmo para ir ao topo, basta chegar à final. O mar subiu no início do dia, e uma chamada será feita às 15h30 (de Brasília). 

 Gabriel Medina na temporada 2014 no Havaí (Foto:  Pedro Gomes Photography) Gabriel Medina pela praia em frente à sua casa, em Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)

- Os havaianos sempre trataram bem o Gabriel, não sei se é por que ele sempre surfou bem desde pequeno ou se é pelo jeito tranquilo e sereno dele.  Até os mais “Black Trunks” são bonzinhos e tratam ele bem, dão apoio. Uns dois ou três já deram toque para ele dentro da água, dizendo qual o melhor posicionamento e outras coisas. Parece que eles estão torcendo e que gostam. Estão sempre tentando ajudar - contou Charles Rodrigues, padrasto e treinador de Gabriel.

Insatisfeito com a mudança de regras para última etapa do WCT, que diminuiu o número de havaianos convidados de oito para dois (antes, eram 16), Edward Rothman, o Fast Eddie, ameaçou o campeonato e disse que os locais atrapalhariam até a preparação dos atletas da elite, mas, até o momento, o clima é de tranquilidade. Houve uma vez, há muito tempo, que pediram para que o surfista brasileiro saísse do mar, mas são águas passadas. 

- Tenho surfado tranquilamente. O localismo que existe é normal, poderia ser em qualquer outro lugar do mundo - contou Medina.

O paulista de São Sebastião, ainda menino, freia a ansiedade na briga com dois gigantes do surfe. De um lado, está Slater, 42 anos e onze vezes campeão do mundo. Do outro, Mick Fanning, 33, campeão da última temporada e dono de três títulos. Líder do ranking mundial em nove de 10 etapas, Gabriel se apoia no seu desempenho para se manter confiante. Ele venceu as etapas de Snapper Rocks, na Gold Coast australiana, em Cloudbreak, Fiji, e Teahupoo, no Taiti.

- Esse ano tem sido ótimo para mim, estou aqui no Havaí, o lugar onde queria estar, e um dos três vai vencer. Esses caras têm muita experiência aqui, mas estou animado, o que tiver de ser, vai ser. Está nas mãos de Deus.

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baterias da primeira fase

1: Joel Parkinson (AUS) 13,83, Julian Wilson (AUS) 1,23, Glenn Hall (IRL) 4,26
2: Michel Bourez (TAH) 2,90, Sebastian Zietz (HAV) 14,13, Raoni Monteiro (BRA) 4,77
3: John John Florence (HAV) 18,16, Matt Wilkinson (AUS) 2,23, Mitch Coleborn (AUS) 3,34
4: Kelly Slater (EUA) 15,80, Adam Melling (AUS) 15,90, Dusty Payne (HAV) 13,84
5: Mick Fanning (AUS) 12,16, Aritz Aranburu (ESP) 9,27, Makai McNamara (HAV) 2,20
6: Gabriel Medina (BRA) 8,83, Dion Atkinson (AUS) 3,30, Reef Mcintosh (HAV) 5,10
7:  Jordy Smith (AFS) 2,07, Jadson André (BRA) 3,90, Jeremy Flores (FRA) 9,30
8: Kolohe Andino (EUA) 10,70, Frederick Patacchia (HAV) 7,50, Travis Logie (AFR) 0,00
9: Josh Kerr (AUS) 11,10, Kai Otton (AUS) 1,67, Brett Simpson (EUA) 9,63
10: Owen Wright (AUS) 17,50, Adrian Buchan (AUS) 15,07, Mitch Crews (AUS) 8,50
11: Nat Young (EUA) 1,90, Filipe Toledo (BRA) 12,90, Alejo Muniz (BRA) 14,94
12: Bede Durbidge (AUS) 15,20, Miguel Pupo (BRA) 3,23, Tiago Pires (POR) 1,63

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confira as baterias da segunda fase

1: Kelly Slater (EUA) x Reef McIntosh (HAV)
2: Michel Bourez (TAH) x Makai McNamara (HAV)
3: Jordy Smith (AFR) x Dusty Payne (HAV)
4: Nat Young (EUA) x Mitch Coleborn (AUS)
5: Miguel Pupo (BRA) x Raoni Monteiro (BRA)
6: Filipe Toledo (BRA) x Glenn Hall (IRL)
7: Adrian Buchan (AUS) x Travis Logie (AFR)
8: Kai Otton (AUS) x Brett Simpson (EUA)
9: Fredrick Patacchia (HAV) x Mitch Crews (AUS)
10: Jadson André (BRA) x Tiago Pires (PRT)
11: Julian Wilson (AUS) x Dion Atkinson (AUS)
12: Matt Wilkinson (AUS) x Aritz Aranburu (ESP)

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o que medina precisa para ser campeão mundial

- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais