O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou nesta semana a coleta de documento nas dependências da Câmara para fazer a apreensão de registros do sistema de informática.
O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é alvo de inquérito que apura se ele foi beneficiado com recursos desviados da Petrobras. O deputado aguarda julgamento de recurso que tenta trancar a investigação, o que deve ocorrer nos próximos dias.
A autorização da busca de provas na Câmara foi dada a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em uma medida cautelar que tramita sob sigilo, separada do inquérito. A diligência foi realizada por por um oficial de justiça, acompanhado de um procurador da República.
A coleta de dados começou na segunda-feira (4) à noite e terminou nesta terça (5). Foi uma visita sigilosa, que recolheu dados no setor de informática. Cunha não comentou o assunto.
Nesta semana, Janot afirmou em outro documento enviado ao Supremo, para rebater o recurso que pede arquivamento da apuração, que há "elementos muito fortes" que justificam a continuidade do inquérito contra o presidente da Câmara.
O procurador explicou que os fatos apurados vem sendo "reforçados", citando reportagem da "Folha de S.Paulo" sobre a origem do requerimento que pressionou Toyo e Mitsui. Segundo a delação premiada de Alberto Youssef, o requerimento foi usado para pressionar pela manutenção do pagamento de propina ao PMDB.
No documento, Janot considera "despropositada" a versão apresentada por Eduardo Cunha de que houve fraude para atribuir a ele apresentação de requerimentos protocolados pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita de Rio Bonito.
Para Janot, a reportagem da Folha "demonstra a imprescindibilidade de que as investigações continuem, visando o esclarecimento total e completo dos fatos".
Como aconteceu em outros inquéritos da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki também prorrogou por mais 60 dias o prazo das diligências do inquérito contra Cunha. Agora, 22 dos 26 inquéritos terão mais dois meses para prosseguimento na coleta de provas.