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Como falar em público: 7 passos para dominar o discurso
Um passo a passo para transformar seus monólogos em apresentações memoráveis
6 min de leituraUm discurso eficaz pode levar um homem à presidência de um país, ao cargo almejado na empresa, ao aperto de mãos que sela um negócio e até aos braços da mulher desejada. Não importa se quem ouve é uma plateia de centenas de pessoas, dez funcionários ou apenas um indivíduo. Um bom discurso pode inspirar, influenciar, tranquilizar ou desestabilizar. O fundamental, em qualquer uma dessas situações, é ser compreendido. Parece simples, mas não é.
“Para falar o corpo humano realiza uma adaptação”, diz a fonoaudióloga Leny Kyrillos. “Não nascemos com um órgão específico para a fala, emprestamos as funções dos aparelhos respiratório e digestivo para verbalizar. Alguns fazem bem essa adaptação, outros, nem tanto.” Depois, é preciso se preocupar com o que e como dizer.
Uma pesquisa realizada por Albert Mehrabian, psicólogo e professor da Universidade da Califórnia, constatou que a comunicação não verbal (gestos, postura, roupa) é 55% mais impactante que outros recursos. Em seguida vem a forma como falamos (tom de voz, volume, velocidade), com 38%, e por último aparecem as palavras, com 7% de impacto. “Quando há coerência entre esses recursos a comunicação é eficaz”, afirma Leny.
Alguns nascem com esse dom – pense no presidente norte-americano Barack Obama –, outros precisam de uma forcinha. Não importa qual é seu caso, com treino e alguns cuidados você pode dominar a arte do discurso.
Sete passos para dominar o discurso
O que exatamente significa falar bem? “Cada um tem sua maneira de falar, mas transmitir com precisão suas ideias e emoções de forma que os outros compreendam é a chave para um bom discurso”, explica Reinaldo Passadori, especialista no campo de comunicação. Em seu livro As 7 Dimensões da Comunicação Verbal, ele dá o caminho das pedras. Confira:
1- Comunicação intrapessoal: autoconhecimento e autodomínio
O primeiro passo para falar bem é conhecer suas qualidades e defeitos. Exercícios de auto-observação são fundamentais para melhores resultados. Fique em frente a um espelho ou grave um vídeo entrevistando a si mesmo. Comece com perguntas diretas como: quem é você, o que as pessoas pensam sobre você, você se julga uma pessoa tímida, consegue olhar nos olhos enquanto fala? Em seguida, finja que você é seu interlocutor e pergunte: que impressão essa pessoa (sua imagem no espelho) causa a você, acha que ela tem boa apresentação, é simpática, e sua voz, como é? Depois diga três palavras que definam a impressão que a pessoa no espelho causa.
Os perfis são quatro: agressivo, que se impõe de forma autoritária, inibindo os outros; passivo, que busca constante aprovação alheia e tem péssima autoestima; passivo/agressivo, aparenta ser pacífico e educado, mas na verdade dissimula um comportamento dominador; e assertivo, que tem firmeza, simpatia e agradabilidade. Em qual você se encaixa?
2- Comunicação interpessoal: você e os outros x você é o outro
Não basta ser simpático, falar corretamente e ter uma boa voz. É preciso fazer contato com seu interlocutor, estabelecer relações confiáveis, mantê-las e solidificá-las. A comunicação não se trata apenas de dois indivíduos que interagem, são dois ou mais universos interagindo. Portanto, para acessar o universo alheio é preciso exercitar o olhar sobre o outro. Um discurso pode gerar no ouvinte antipatia, simpatia, apatia e, o mais desejado, empatia. Para isso, flexibilidade é a palavra de ordem. É preciso entrar na realidade do outro, falar sua linguagem e criar conexão com ele. Resumindo, é necessário se adequar. “Entenda quem será sua plateia, se terá mais homens ou mulheres, quais os cargos, quais podem ser as dúvidas e expectativas dessas pessoas. Quanto mais informações você tem sobre o outro mais fácil fica se ajustar”, explica Passadori.
3- Comunicação vocal: o segredo de como dizer
Como você fala? Depressa ou alto demais, de forma linear ou como quem canta uma música? Todas essas características podem mudar a forma como as pessoas entendem sua mensagem. “Um ótimo professor, com muita cultura mas um discurso uníssono e sem vida, pode perder rapidamente o interesse dos seus alunos”, diz Passadori. O segredo para descobrir como falar é colocar um gravador ao seu lado em um almoço de família, ou ao lado do seu telefone quando atende uma ligação que será longa. Com o áudio em mãos fique atento a cinco pontos principais: 1) Articulação ou dicção. As palavras devem ser ditas claramente, de forma a não serem confundidas. 2) Volume ou intensidade. Quando são exageradamente altos podem aparentar autoritarismo e desrespeito, baixos demais remetem a timidez e insegurança. 3) Frequência ou tonalidade. É basicamente seu tom de voz, pode ser grave, agudo ou médio. 4) Entonação ou musicalidade. É a melodia da voz, variações usadas para demonstrar dúvida, surpresa, seriedade, descontração... Sem isso o discurso fica monótono. 5) Ênfase ou expressividade. Trata-se da escolha das palavras que têm destaque na sua frase.
4- Comunicação corporal: mensagens sem palavras
O corpo é nosso principal meio de comunicação. Muito antes de dizermos uma só palavra transmitimos impressões através de expressões faciais, gestos, postura, figurino, escolha dos óculos, jeito de arrumar o cabelo e até do tipo físico. Tudo isso deve reforçar o que está sendo dito. De nada adianta um discurso que pretenda motivar funcionários em uma época de crise, feito por um gestor que se apresenta com as mãos no bolso, cabeça baixa e postura curvada. Segundo o antropólogo norte-americano Ray Birdwhistell, fundador da cinésica (estudo da linguagem corporal), podemos fazer e reconhecer até 250 mil variações de expressões faciais.
Algumas dicas: evite falar o tempo todo com as mãos no bolso ou com os braços cruzados; você perde uma excelente ferramenta de comunicação, o gestual; olhe nos olhos de alguns dos ouvintes. Fale com as pessoas, não para elas. O ideal é manter contato visual direto, mas não persistente; e cuide da aparência como um todo: cabelos, óculos, roupas, sapatos.
5- Comunicação técnica: recursos poderosos
Do que você precisa – além da sua voz e gestual – para transmitir da melhor maneira possível a mensagem que pretende? Apenas uma lousa e uma caneta piloto ou microfone, projetor, teleprompter, luz e som ambiente especiais? Ninguém nega que esses acessórios possam ajudar a ilustrar e facilitar a compreensão do que está sendo dito. Mas eles também podem confundir. A regra de ouro para esses casos é escolher a dose certa. “Os recursos tecnológicos devem servir de apoio, mas a responsabilidade de transmitir a informação é do apresentador. Evite, por exemplo, colocar muitas informações de texto nas apresentações, ou escrever o mesmo que será dito, isso tornará sua explanação desnecessária.” E indispensável para quem pretende se valer desses recursos é testar o funcionamento de todos eles no dia anterior e horas antes da apresentação, além de ter um plano B, caso algum deles falhe na hora H.
6- Comunicação intelectual: você é a mensagem
Se você já desenvolveu as ferramentas capazes de melhorar tecnicamente seu discurso, é hora de pensar no principal. De nada adianta todo o aparato se você não tem uma mensagem relevante para dividir. Ou tem, mas conta de forma desconexa. Uma boa apresentação transmite os conhecimentos próprios, vindos das experiências e estudos de quem fala, de forma bem estruturada e ilustrada. Portanto, antes de sair falando, faça um roteiro da sua apresentação. Primeiro, entenda qual será o tema, a finalidade e o público-alvo. Depois, informe-se sobre o tempo que terá para falar. E finalmente, defina como vai introduzir o tema, apresentá-lo e concluir, e que histórias, exemplos e comparações usará para torná-lo mais claro.
7- Comunicação espiritual: a sua marca no mundo
No fim das contas bons discursos são aqueles que deixam uma marca e isso só é possível com espontaneidade e valores capazes de diferenciar você de qualquer outra pessoa que poderia falar sobre o mesmo assunto. Seja honesto com seu público. Isso é o mais importante.