Testes

Por Tereza Consiglio; de Calafell (Espanha)


Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

A Volvo escolheu o belo litoral da província de Tarragona, na Espanha, um lugar banhado pelo mar Mediterrâneo e ensolarado mais de 300 dias ao ano – bem diferente da Suécia – para apresentar à imprensa especializada o novo XC90. O modelo chega ao mercado 13 anos após o lançamento da primeira geração e é considerado um divisor de águas. Talvez por isso mesmo, combine mais com a alegria solar da província espanhola.

O utilitário é o primeiro modelo desenvolvido integralmente pela empresa sueca após a era Ford, que foi de 1999 a 2010. Desde então sob o comando da chinesa Geely, a Volvo não tem do que reclamar. O casamento por interesses forneceu à marca escandinava o capital para investir em novos projetos e garantiu ao gigante chinês know-how e tecnologia de ponta para inflar seus negócios. Graças a isso, a Volvo volta a ter um plano ambicioso de expansão com autonomia para desenvolver novos produtos e novas empreitadas. Nessa nova fase, a marca quer continuar a ser referência em segurança, mas vai investir também no mote do baixo consumo e emissões. Para isso, tomou a decisão de abolir de vez os motores acima de quatro cilindros. Em nome da eficiência energética,  a fabricante lançará mão de injeção direta, turbocompressores e compressores mecânicos associados a propulsores elétricos. Tudo de uma vez só em alguns carros.

Novas tecnologias

É o caso do XC90 T8. O topo de linha um sistema de propulsão híbrido plug-in, em que um quatro cilindros 2.0 turbo com compressor a gasolina de 318 cv trabalha em conjunto com motor elétrico de 82 cv, gerando ao todo 400 cv de potência. As outras duas versões também trazem motores 2.0: D5 a diesel (225 cv) e T6 a gasolina (320 cv), todas com câmbio automático de oito marchas e tração integral. 

Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Além dos novos motores, o SUV é o primeiro modelo da marca feito sobre a plataforma modular SPA, arquitetura que dará origem a seus futuros carros médios e grandes. Graças a ela, a Volvo conseguiu construir um utilitário de sete lugares, espaçoso e dinamicamente equilibrado. Somado a isso, o novo XC90 tem porte e pinta para concorrer com Audi Q7, BMW X5 e a dupla da Land Rover, Discovery e Range Rover Sport. 

Como a concorrência, a Volvo investiu pesado em tecnologia e equipamentos. De série, o XC90 traz ar-condicionado com quatro zonas e teto panorâmico, sem falar nas parcerias com grifes no sistema de som da Bowers & Wilkins, além do inovador sistema multimídia desenvolvido com a Apple. Mas o destaque, claro, é o pacote de segurança. Além de ler placas de velocidade e frear automaticamente ao detectar uma colisão iminente com outros veículos, o carro agora reconhece também pedestres e ciclistas, conta com automático sistema de frenagem em esquinas e câmeras que escaneiam 360º do veículo. Tudo para ser considerado o SUV mais seguro do mundo.

Visualmente, no entanto, o carro não parece tão ambicioso. Para compor a nova identidade da marca, a Volvo se voltou para as origens. O resultado foi um carro de visual sólido e elegante, parecido em suas linhas com o XC90 original de 2002, com toques high tech. O interior segue uma linguagem minimalista e funcional, remetendo à essência do design escandinavo. Externamente, o destaque fica por conta dos faróis de led em forma de “T” horizontal em referência ao martelo de Thor, figura mitológica nórdica.

Impressões ao volante

Com o cadeia montanhosa de Montserrat ao fundo, entre rodovias e estradas estreitas na região da Catalunha, dirigimos por mais de 150 km as três opções de motorização do XC90.

Dotado de 400 cv e 65,2 kgfm, o T8 era a estrela do evento, e o primeiro a estar disponível para o test drive. Ao abrir a porta, a falta de botões e o ambiente minimalista chamam a atenção. O acabamento de couro bege e as peças de metal, presentes no painel e nas portas, conferem sofisticação, sem excesso ou rococó.

Em um instante, o olhar volta-se à central multimídia colocada no centro do espaço, semelhante a um iPad na vertical. Desenvolvida em parceria com a Apple, tem tela sensível ao toque de 12,3 polegadas, que controla o sistema de climatização, som, GPS e várias configurações do veículo.

Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte



Por meio de um seletor no centro do console, escolho o modo Hybrid, indicado para o dia a dia. Nele, o sistema alterna automaticamente o trabalho do motor a combustão e o elétrico. Para explorar os 400 cv de potência, o melhor é o modo Power. O acelerador fica mais sensível, o conta-giros sobe para além das 1.800 rotações, enquanto o motor elétrico trabalha para entregar o torque instantaneamente. As respostas lembram as de um motor V6. Segundo a marca, o T8 vai de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos. Nada mau para um veículo parrudo de 2.760 kg. Mas esqueça o ronquinho empolgante típico dos motores em V, embora o silêncio a bordo não seja exclusividade do modelo híbrido. Mesmo a versão D5 a diesel tem um isolamento acústico primoroso e quase nenhuma vibração a bordo. Mas vamos deixá-la de lado para falar do T6, esse, sim, o único da lista com o passaporte carimbado para o Brasil. As primeiras unidades chegam entre agosto e setembro, nas versões de acabamento Momentum e Inscription, com preços entre R$ 320 mil e R$ 350 mil.

Com 320 cv e 40,8 kgfm a 5.400 rpm, o T6 vai bem na cidade. Sofre um pouco mais para embalar em aclives e em rodovias, situações em que é preciso exigir mais do acelerador. É verdade que o T6 não conta com o mesmo vigor do híbrido nem a agilidade do modelo a diesel, na minha opinião o mais interessante de guiar. Mas é inegável o conforto de rodagem e o comportamento sólido da estrutura.

Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Nas curvas ou em altas velocidades, o carro demostra uma estabilidade impressionante para um SUV de quase cinco metros de comprimento. Mérito do trabalho da suspensão por braços duplos triangulares nas quatro rodas. A suspensão ativa pneumática é uma das novidades na nova geração do XC90, mas é vendida como opcional. Com ela, o motorista pode selecionar entre cinco configurações diferentes (Comfort, Eco, Dynamic, Off-Road e Individual), que regulam a altura do veículo e seu comportamente dinâmico. É bem provável que o recurso seja oferecido no pacote dos modelos vendidos no Brasil para servir de munição contra a concorrência pesada.

Espaço também é um dos diferenciais do XC90, que virá apenas na versão de sete lugares. Com 4,95 m de comprimento e 2,98 m de entre-eixos, espaço é que não falta para as pessoas da segunda fileira. Quem ocupa os dois últimos bancos se sente em um puxadinho improvisado. Nessa configuração, o porta-malas comporta até 314 litros, capacidade que cresce para 692 l com a terceira fila de bancos rebatida.

Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte
Novo Volvo XC90 (Foto: Divulgação) — Foto: Auto Esporte

Diante dos atributos do XC90, a Volvo oferece um bom produto para concorrer com os alemães. A montadora está otimista, embora tenha planos de continuar a ser uma marca de baixo volume no país, focada no momento em fortalecer junto a seus clientes uma experiência de venda e pós-venda diferenciada. “O nosso objetivo com o XC90 é ter uma participação de 25% do mercado de SUVs grandes premium no Brasil, que hoje vende cerca de 5 mil unidades por ano”, disse João Oliveira, diretor de vendas da Volvo. Em outras palavras, a montadora espera comercializar  cerca de mil unidades do SUV por ano. Um volume um pouco menor que o do XC60, carro-chefe da marca no país, que em 2014 emplacou 2.154 unidades.

Ficha técnica
Preço: R$ 350.000 (estimados)
Motor: Transversal, 4 cilindros em linha,16 válvulas, turbo, gasolina
Cilindrada: 1.969 cm³
Potência: 320 cv a 5.700 rpm
Torque: 40,8  kgfm a 5.400 rpm
Transmissão/ tração: Automática de oito marchas, tração integral 
Direção: Elétrica
Suspensão: Braços duplos triangulares na dianteira e traseira
Feios: Discos ventilados na frente e atrás
Pneus: 235/60 R19
Dimensões: Compr. 4,950 m, largura 2,140 m, altura 1,776 m, entre-eixos 2,984 m Capacidades: Tanque 71 litros / Porta-malas 692 litros
Peso: 2.760 kg

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