BBC

01/08/2015 22h03 - Atualizado em 01/08/2015 22h14

Em primeira mensagem de áudio, novo líder do Talebã promete continuar luta

Akhtar Mansour, escolhido depois da morte do mulá Omar, pediu por união do grupo radical.

Da BBC

O novo líder do grupo radical Talebã, mulá Akhtar Mansour, divulgou sua primeira mensagem de áudio prometendo continuar a luta e pedindo união no grupo.

Mansour era o vice de mulá Omar, que comandou o movimento por duas décadas e cuja morte foi oficialmente confirmada na quinta-feira.

A mensagem de Mansour afirmou que os combatentes do Talebã devem se unir pois "divisões em nossas fileiras apenas vão agradar nossos inimigos".

O novo líder do Talebã também afirmou que o grupo "vai continuar a jihad até instaurarmos um governo islâmico no país".

A gravação de 30 minutos, na qual é possível ouvir um bebê chorando em alguns momentos, foi divulgada para jornalistas pelo porta-voz do Talebã Zabiullah Mujahid, neste sábado.

Para o repórter do Serviço Mundial da BBC Dawood Azami, a primeira mensagem pública de Mansour indica que ele vai ser um líder diferente do mulá Omar, um homem "mais recluso" que preferia mensagens por escrito.

Mullah Akhtar Mohammad Mansour, novo líder do Talibã, em foto não datada (Foto: AFGHANISTAN-TALIBAN/EXCLUSIVE REUTERS/Taliban Handout/Handout)Mullah Akhtar Mohammad Mansour, em foto não
datada (Foto: AFGHANISTAN-TALIBAN/
EXCLUSIVE REUTERS/Taliban Handout/Handout)

"A gravação é de um discurso que ele fez para uma reunião de, aparentemente, dezenas de seus partidários, depois de sua indicação (como líder do grupo) na quinta-feira", afirmou o jornalista.

Um porta-voz do Talebã disse à BBC que Mansour não foi indicado por todo o grupo.

"Tendo que enfrentar a oposição à sua indicação de vários nomes da alta hierarquia do Talebã, o novo líder agora está concentrado em consolidar seu poder e estabelecer sua autoridade", acescentou Azami.

Trata-se apenas da segunda pessoa a liderar o grupo: o mulá Omar fundou o Talebã durante a guerra civil afegã, no início dos anos 1990, e o comandava desde então.

O jornalista nota que Mansour pediu união várias vezes durante este discurso e seu objetivo primário é acalmar as discordâncias dentro do Talebã.

"Ele também está tentando se apresentar como uma pessoa tolerante, clemente e conciliadora, cujas decisões serão baseadas na Sharia islâmica. E parece que não há uma grande mudança de política em relação ao passado", afirmou.

Azami também destaca que, no discurso, ele parece relaxado e não parece estar lendo anotações.

Divisão?
A morte do mulá Omar se tornou um entrave nos diálogos de paz entre o Afeganistão e os insurgentes. Uma segunda rodada de negociações prevista para a sexta-feira foi adiada.

O Paquistão, que seria o mediador do processo, disse que o adiamento foi solicitado pela liderança do Talebã em meio às incertezas devido à morte de Omar.

O mulá Mansour já é considerado, há tempos, o líder interino do Talebã.

Alguns membros do Talebã afirmaram que mulá Mansour foi imposto ao grupo por alguns círculos partidários do Paquistão. Mansour é conhecido por apoiar as negociações de paz.

Mas, nesta mensagem de audio, Mansour rejeitou estas negociações, afirmando que elas são apenas "campanhas de propaganda do inimigo".

O grupo parece estar dividido pois pelo menos uma facção do Talebã preferia que o mulá Omar fosse substituído pelo filho dele.

Outro porta-voz do grupo, mulá Abdul Manan Niazi, afirmou que aqueles que elegeram Mansour não seguiram as regras.

"Segundo a lei e os princípios islâmicos, quando um líder morre, uma Shura (conselho) é convocada, então o líder é apontado", afirmou.

 

 

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