Política

Marina diz que mudança no Estatuto do Desarmamento é 'retrocesso'

Ex-senadora faz apelo em vídeo a parlamentares contra revogação do texto

RIO - A ex-senadora Marina Silva defendeu em um vídeo a manutenção do Estatuto do Desarmamento e criticou as modificações aprovadas recentemente no Congresso, classificadas por ela como um "retrocesso de dimensões trágicas". Em uma gravação de pouco mais de um minuto, que será divulgada pela equipe da ex-senadora nas redes sociais, ela afirma que o estatuto já salvou vidas e que o número de homicídios no Brasil, cerca de 56 mil por ano, "seria muito maior" sem ele. Nesta semana, dos 12 destaques apresentados por bancadas para mudar trechos do projeto que altera o Estatuto do Desarmamento, um foi aprovado pela comissão especial da Câmara que analisa o tema. Segundo a proposta da Rede, partido de Marina, foi retirado do texto um artigo que inviabilizava a punição por porte ilegal e disparo de arma de fogo.

— Pesquisas demonstram que quanto mais armas, mais violência. Por isso essa tentativa em curso na Câmara de revogar o Estatuto do Desarmamento, desconfigurando-o, é um retrocesso de dimensões verdadeiramente trágicas — diz Marina no vídeo.

A gravação se segue a outro vídeo, divulgado no final do mês passado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificava a revogação do estatuto como um "escândalo".

O texto-base da modificação, aprovado por 19 votos a 8 na última terça-feira, inclui a redução da idade para compra de arma, que cai de 25 para 21 anos, a renovação do porte a cada dez anos (atualmente a cada três anos) e o direito ao comprador de usar a arma em casa e também no local de trabalho. Foi criado, ainda, o porte rural de arma, no qual o proprietário de terras poderá andar armado no interior de sua fazenda.

Na ocasião, parte da comissão ainda tentou reintroduzir na redação do projeto a permissão de que, com a posse, taxistas e caminhoneiros pudessem andar com a arma dentro do veículo durante a jornada de trabalho, mas a sugestão acabou derrotada.

No vídeo veiculado agora, Marina faz um apelo "a parlamentares e à própria sociedade" para que o estatuto seja preservado porque "o Brasil já tem muita violência, não é preciso torná-la maior".

— Pensar que uma pessoa estará mais protegida com uma arma é um equívoco. O Estatuto do Desarmamento precisa ser defendido com toda energia — diz a ex-senadora.

O texto final da mudança no estatuto, já com o destaque que o modificou, seguiu para o plenário da Câmara.