Um grupo de marroquinos fanáticos, todos vestindo branco, gritando incessantemente e abrindo uma bandeira enorme para homenagear Cristiano Ronaldo: esta foi a cena que definiu bem o Mundial de Clubes de 2014. A paixão dos habitantes do Marrocos pelo Real Madrid e a própria conquista da competição pelo time merengue estiveram entrelaçados e estiveram entre os momentos mais marcantes do torneio.
Além do Real Madrid campeão e seus torcedores marroquinos, o Mundial reservou outras boas histórias: a campanha surpreendente do Auckland City, time semiprofissional da Nova Zelândia, que terminou em terceiro lugar; os problemas na organização do torneio, que provocaram a mudança de local da estreia do Real; a invasão de argentinos a Marrakesh para acompanharem o San Lorenzo.
O TIME DE DEUS E DO MUNDO
<b></b>Se o San Lorenzo era a equipe do Papa, Sergio Ramos deixou claro antes da final: o Real Madrid era o time de Deus e do mundo. O argumento do zagueiro era a multidão de fanáticos que os merengues arrastaram pelo Marrocos. Desde a chegada à capital Rabat, com direito a treino aberto com cerca de dois mil torcedores gritando sem parar, até a vitória na final sobre o San Lorenzo, os marroquinos exibiram de diversas maneiras sua paixão pelo clube espanhol.
Nos jogos contra Cruz Azul e San Lorenzo, os marroquinos lotaram o Grand Stade de Marrakesh para torcer pelo Real. Num evento promocional, jogadores foram ao principal shopping da cidade para visitar uma loja, e o deslocamento provocou um cerco de fãs ao estabelecimento.
A retribuição veio com bom futebol e mais um título. O Real Madrid não teve dificuldade para conquistar o torneio, venceu facilmente o Cruz Azul e o San Lorenzo e ergueu seu quarto troféu no ano, para delírio dos torcedores. Faltou apenas um gol de Cristiano Ronaldo, que passou em branco.
INVASÃO ARGENTINA
Na final contra o Real Madrid, cerca de 12 mil argentinos ocuparam a arquibancada do Grand Stade de Marrakesh e cantaram durante os 90 minutos, mesmo com a derrota do San Lorenzo. Eles viraram atração na cidade, sempre andando em grupos e entoando seus cânticos onde quer que fossem.
Até a praça Jemaa el Fnna, principal ponto turístico de Marrakesh, virou palco para os argentinos. Lá, entre flautas árabes, apetrechos de todos os tipos e até macacos vestindo fraldas, os torcedores do San Lorenzo estabeleceram seu porto seguro, penduraram faixas e não deixaram de provocar o Real Madrid – houve até quem profetizasse uma vitória com gol de mão, como Maradona.
CONTO DE FADAS NEO-ZELANDÊS
Em sua sexta participação em Mundiais, o Auckland City finalmente teve um impacto. O time da Nova Zelândia, acostumado a perder no playoff de abertura, surpreendeu desta vez: venceu o anfitrião Moghreb Tétouan nos pênaltis, após empate em 0 a 0 no tempo normal, bateu o campeão africano Sétif por 1 a 0 e chegou às semifinais.
Contra o San Lorenzo, o Auckland fez jogo duro, levou o jogo para a prorrogação, mas acabou derrotado por 2 a 1. A recompensa veio na disputa do terceiro lugar, quando derrotou o Cruz Azul por 4 a 2 nos pênaltis, após empate em 1 a 1, e garantiu um lugar no pódio – o zagueiro Vicelich foi eleito o terceiro melhor jogador do Mundial.
chuva muda programação
A força da natureza obrigou a Fifa a mudar o calendário do Mundial de Clubes. A forte chuva que caiu no dia dos jogos das quartas de final do torneio deixou o estádio Prince Moulay Abdellah, em Rabat, em péssimas condições – o duelo entre Cruz Azul e Sydney Wanderers foi disputado num terreno repleto de poças d’água.
Sem tempo hábil para a recuperação do gramado, a Fifa decidiu transferir o jogo do Real Madrid pelas semifinais para Marrakesh. Ainda assim, o time espanhol aterrissou em Rabat e, para não deixar os torcedores locais desamparados, realizou um treino aberto.