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Férias sem dor no bolso: dicas para economizar em Paris, Londres, Nova York e Buenos Aires

Museus com entrada franca, restaurantes de baixo custo e lazer ao ar livre são algumas opções das cidades
Vista para Manhattan, em Nova York Foto: Eduardo Maia / Agência O Globo
Vista para Manhattan, em Nova York Foto: Eduardo Maia / Agência O Globo

NOVA YORK e RIO - Se o orçamento da viagem anda apertado e as despesas serão em moeda estrangeira — nunca se sabe qual será a cotação do real amanhã, na conversão para euros, dólares ou libras — em tempos como esses, com a crise à espreita, nada melhor que otimizar os gastos. Com um pouco de planejamento dá para inserir no roteiro programas que custam muito pouco, nada, ou quase, principalmente em cidades como Nova York, Buenos Aires , Paris e Londres — que são portos de entrada em quatro dos dez países mais visitados pelos brasileiros.

A economia pode até contribuir para aquele jantar inesquecível com o qual tanto se sonhou, os espetáculos imperdíveis que vão coroar a viagem de férias, ou mesmo uma estrelinha a mais na escolha do hotel, para quem não abre mão de conforto, localização, qualidade de serviços.

Museus e monumentos de acesso gratuito — ou com ingresso pago, mas que mantêm horários especiais de entrada franca —, versões econômicas de passeios turísticos, refeições ligeiras, passes de transporte e empréstimo de bicicletas públicas estão entre as dicas que listamos nas páginas a seguir de como se divertir e passear nas capitais sem comprometer a fatura do cartão de crédito.

A essas dicas somam-se os já populares e indispensáveis programas que costumam integrar as atrações básicas, porém memoráveis, dessas cidades — e dignas de flashback: flanar às margens do Sena, posar em frente à pirâmide do Louvre, avistar Manhattan e a Estátua da Liberdade em um passeio de barco até Staten Island (e emendar com show ao ar livre no Central Park), circular pela Recoleta, visitar importantes coleções de obras de arte antiga ou moderna e arriscar um piquenique em um parque londrino.

Nova York oferece opções de diversão, arte e gastronomia com preços baixos

Nova York é uma das cidades mais caras do mundo. Mas é uma das mais diversas — e não faltam programas acessíveis. Quer passear de barco em volta da Estátua da Liberdade? Pegue a barca gratuita para Staten Island. Vontade de se jogar nos restaurantes étnicos que fazem a fama gastronômica local? Nada como passear por Chinatown, com restaurantes que cobram US$ 1 por um prato. A ideia é ver arte? Museus oferecem entrada franca em determinados dias.

Chinatown.
Comida barata e acesso fácil por metrô Foto: Joe Buglewicz/NYC&Company/Divulg / Joe Buglewicz/NYC&Company/Divulgação
Chinatown. Comida barata e acesso fácil por metrô Foto: Joe Buglewicz/NYC&Company/Divulg / Joe Buglewicz/NYC&Company/Divulgação

Até agosto, a programação gratuita é reforçada com shows e teatro nos parques. A Arthur’s Tavern, lendária casa de jazz do West Village, não cobra entrada. Já os talk-shows de fim de noite da TV distribuem ingressos para assistir à gravação. Da Biblioteca Pública a Coney Island, passando por degustações de vinho, cerveja e chocolate, dá para se divertir gastando pouco — ou quase nada.

Transporte. A forma mais barata (e rápida) de se locomover é de metrô. A rede funciona 24 horas por dia e serve os cinco boroughs (Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island). Cada viagem custa US$ 2,75 — o melhor é comprar o passe ilimitado de sete dias (US$ 31) ou 30 dias (US$ 116,50). Se for de táxi, uma dica: os “amarelinhos” aceitam cartão de crédito, mas, ao chegar ao destino, o passageiro encontra uma tela de múltipla escolha onde precisa escolher um valor (de 20% a 30%) de gorjeta. É possível deixar menos, simplesmente digitando a quantia desejada. Para quem tem tempo, caminhar por ruas que não se cansam de nos surpreender é uma boa pedida.

Staten Island Ferry. Uma volta de barco pelos rios que cercam Manhattan não sai por menos de US$ 29. Mas o Staten Island Ferry, que transporta 70 mil passageiros por dia entre Staten Island e a Rua Whitehall, na parte baixa de sul de Manhattan, oferece o que talvez seja o melhor passeio aquático gratuito do mundo. Durante o trajeto, de 25 minutos, se tem uma vista majestosa da Estátua da Liberdade e da Ellis Island, sem falar nos famosos arranha-céus e pontes da cidade. Há saídas contínuas dia e noite, mas convém, é claro, evitar os horários de rush.

Museus. A maioria dos museus — que normalmente cobram cerca de US$ 20 pelo ingresso — acena com ingressos gratuitos em determinados dias ou horários. Às terças-feiras, das 17h às 20h, a entrada é liberada no 9/11 Memorial & Museum. Às quartas, paga-se o que quiser no Bronx Zoo e nada no Museum of Jewish Heritage, entre 16h e 20h, e no New York Botanical Garden, o dia todo. Às quintas, o Brooklyn Children’s Museum fica de portas abertas das 15h às 17h, e basta fazer qualquer doação ao Museu de Artes e Design, das 18h às 21h, e ao New Museum, das 19h às 21h. Às sextas, a entrada é liberada no MoMA, das 16h às 20h, e no Morgan Library and Museum, das 19h às 21h; e paga-se o que quiser no New York Aquarium, a partir das 15h, no New York Historical Society, das 18h às 20h, e no Rubin Museum, das 18h às 22h. Toda primeira sexta do mês, são gratuitos o Children’s Museum of Manhattan, das 17h às 20h; a Neue Gallery, das 18h às 20h; e o Noguchi Museum, no Queens, o dia todo. Aos sábados, o Guggenheim aceita doação das 17h45m às 19h45m. E aos domingos a Frick Collection faz o mesmo das 11h às 13h.

Galerias de arte . O Chelsea abriga as maiores galerias de arte do mundo, entre as avenidas 10 e 11, sob o High Line. Todas têm entrada gratuita, e os vernissages — com portas abertas e, muitas vezes, vinho — são sempre nos fins de tarde de quinta-feira.

Shows. Até agosto, é possível assistir a shows em espaços públicos sem gastar um tostão. Em 15/7, tem George Clinton e Parliament Funkadelic no Queensbridge Park. No dia 16/7, tem Vieux Farka Touré, Tamikrest e DJ Dakar no Prospect Park Bandshell. No Central Park, tem Sean Smith Quartet (19/7), como parte do festival Harlem Meer Performance; os pernambucanos da Nação Zumbi (2/8); o elenco do premiado musical da Broadway “Beautiful: The Carole King Musical”, com músicas do espetáculo (3/8); e os DJs britânicos Quantic, Gilles Peterson e Afrika Bambaataa em 8/8. O Charlie Parker Jazz Festival agita o Marcus Garvey Park e o Tompkins Square Park, com atrações como Joe Lovano, Oliver Lake Big Bans e Lonnie Smith (21/8 a 23/8).

Jazz . A Arthur’s Tavern (57 Grove St.), instituição local desde 1957, no Village, tem shows de jazz toda noite, sem cobrar couvet artístico.

Teatro. Ingressos para espetáculos da Broadway e off-Broadway são vendidos com desconto de até 50% para o mesmo dia no quiosque TKTS, em Times Square. Para quem se desanimar com as filas que se formam desde cedo, não faltam produções gratuitas no verão. De 30/7 a 23/8, Nicholas Martin-Smith, com uma vasta carreira ligada a montagens off-Broadway de Shakespeare, dirige “Titus Andronicus”, apresentada gratuitamente (quintas, sextas, sábados e domingos) às 18h30m no Soldier’s and Sailor’s Monument, no Riverside Park (Rua 89 com Riverside). E o prestigiado Public Theater encena os dois últimos romances do bardo inglês na temporada deste ano do projeto Shakespeare in the Park, uma tradição que acontece com entrada franca há 53 anos no Delacorte Thetater, no Central Park. Após cinco semanas, “A tempestade” saiu de cena domingo último, e “Cymbeline”, com direção de Daniel Sullivan (de “The country house”), entra em cartaz de 23/7 a 23/8.

Comida barata. O melhor hambúrguer de Nova York custa US$ 5,19 no Shake Shack, a rede de lanchonetes do chef Danny Meyer. Em Chinatown, lojas de noodles, balcões de dumplings e restaurantes de dim sum têm cardápios acessíveis. No Prosperity Dumpling (46 Eldridge St.), quatro dumplings de porco custam US$ 1 — adicionando ao pedido uma sopa ou panquecas de gergelim, a conta sai por menos de US$ 5. No Tasty Hand-Pulled Noodles (1 Doyers St.), a maioria dos noodles sai por US$ 5. No Lower East Side, o badalado Ivan Ramen (25 Clinton St.) é um oásis do custo-benefício, com pratos como frango com salada de repolho verde a US$ 13. Outro porto seguro é o Chelsea Market, onde há de tudo — o Los Tacos No.1 serve tacos desde US$ 4,50. Outro mexicano imperdível e de preços módicos é o Mission Cantina, do chef Danny Bowien, que serve trios de tacos como o de queijos provolone, cotija e monterey jack em gordura de pastrami por US$ 10, e asas de frango picantes com queijo cotija e vinagre de jalapeño por US$ 13.

Degustações . A loja de vinhos Big Nose, no Brooklyn (389 7th Ave.), oferece provas de mais de 300 rótulos de graça aos sábados. A Bierkraft, também no Brooklyn, (191 5th Ave.), distribui copinhos com variadas cervejas às terças a partir das 19h. E na fábrica de chocolates Mast Brothers (111 N 3rd St.), outra instituição do Brooklyn, dá para experimentar sabores artesanais a qualquer dia e hora.

Talk-shows de TV. Assistir ao vivo aos populares programas de fim de noite da televisão americana não custa nada. É possível reservar on-line, mas a maioria oferece opções de standby para quem enfrenta fila. O “The tonight show with Jimmy Fallon” distribui ingressos na tenda da NBC na Rua 49 às 9h para a atração gravada de segunda a sexta às 17h (nycgo.com/tv-show-tapings).

Coney Island. Famoso, desde o fim do século XIX, pela atmosfera carnavalesca e pelos parques de diversão à beira-mar, o lendário bairro do litoral sul do Brooklyn é até hoje um adorável clássico do entretenimento kitsch a uma hora do centro de Manhattan de metrô. Nos fins de semana, festas de dança tomam o calçadão. E a Nathan’s Famous, icônica loja especializada em cachorro-quente (desde US$ 3,95), segue fazendo história no local.

Biblioteca Pública . Além de wi-fi de graça, o imponente prédio localizado em frente ao Bryant Park, na Rua 42, empresta qualquer livro de sua coleção sem cobrar.

* Cristina Massari colaborou do Rio