Em reunião realizada na noite da última quinta-feira, a
diretoria do Botafogo entregou ao Conselho Deliberativo um relatório no qual detalha
contratos firmados pela administração anterior. O documento é resultado de uma
investigação de Conselho Diretor e Conselho Fiscal, que tem como objetivo dar
mais subsídios para que o clube analise o processo de exclusão do ex-presidente
Maurício Assumpção do quadro social.
Antes de entregar o dossiê nas mãos de Jorge Aurélio
Domingues, presidente do Conselho Deliberativo, o presidente Carlos Eduardo
Pereira leu os principais pontos da investigação, que tem como base o
questionamento a diversos contratos estabelecidos pelo Botafogo na gestão de
Maurício Assumpção. Entre eles o relativo à venda do zagueiro Dória para o
Olympique de Marselha, no ano passado. Muitos, de acordo com a auditoria
interna, foram feitos sem assinatura de testemunhas e sem que ficassem claros a
finalidade e o objeto dos contratos.
Outro alvo de investigação é o contrato de empréstimo junto
à construtora Odebrecht, no valor de R$ 20 milhões. Segundo o relato exposto por
Carlos Eduardo Pereira aos conselheiros, o acordo dava como garantia os
direitos econômicos de 88 jogadores, além de porcentagens da bilheteria do
Engenhão e de futuros contratos do estádio, como publicidade, naming rights,
entre outros. Esta dívida, segundo o atual conselho diretor, já está em R$ 23
milhões.
Além disso, vem sendo analisado o empréstimo de R$ 3 milhões
feito junto a empresários paulistas, com o Botafogo pagando 10% de comissão a
intermediários e que, segundo o presidente, não teve seu objetivo claramente
identificado.
- Existem indícios de que o valor foi usado única e exclusivamente
para a quitação de salários de funcionários do círculo de “amigos da praia” do
ex-mandatário - explicou Carlos Eduardo Pereira no relatório entregue ao
conselho deliberativo, também assinado pela presidente do Conselho Fiscal,
Leila Freitas Soares.
Também estão sob investigação contratos de patrocínio que
destinariam 1% para o beach soccer e até o aluguel de uma casa no bairro do
Engenho de Dentro – no valor de R$ 1 mil por mês – que serviria para depósito
de material de torcidas organizadas.
No entanto, será a Junta de Julgamento e Recursos o poder
responsável por analisar o pedido de expulsão de Maurício Assumpção. A primeira
reunião do órgão para discutir o assunto deverá ocorrer na próxima
quarta-feira. O ex-presidente terá o direito de se defender das acusações
feitas pelo Conselho Diretor.