Edição do dia 03/05/2015

03/05/2015 21h10 - Atualizado em 03/05/2015 22h21

Fotos podem esclarecer queda de helicóptero com Thomaz Alckmin

Nenhuma pá se soltou, o que também foi confirmado agora pela Aeronáutica, a possibilidade mais concreta é que tenha acontecido uma quebra.

O que provocou a queda de um helicóptero, no mês passado, em São Paulo? Cinco pessoas morreram, entre elas Thomaz, o filho mais novo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. As investigações avançam, e novas informações estão surgindo.

Até agora, as três fotos, mostradas no vídeo acima, eram inéditas. Elas trazem uma informação fundamental sobre a queda de um helicóptero, mês passado, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Cinco pessoas morreram. Entre elas, Thomaz, 31 anos, filho caçula do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Logo depois da queda, surgiu uma suspeita: pelo menos uma das cinco pás do rotor principal da aeronave teria se soltado em pleno voo. Pilotos e especialistas em aviação chegaram a suspeitar que alguém podia não ter apertado direito um dos parafusos. O Fantástico mostra, em detalhes, que, agora, esta possibilidade está descartada pelos investigadores.

Até a tarde da queda, o helicóptero estava na oficina, onde pelo menos uma das pás foi retirada. E depois de passar por manutenção, recolocada. Cada pá é fixada ao rotor por dois pinos que são presos por um grampo.

No Rio de Janeiro, o Fantástico conversou com Fernando Catalano professor de engenharia aeronáutica da USP ao lado de um modelo idêntico ao que caiu. Ele explica que, depois da manutenção, é preciso fazer uma série de testes que começam no chão. “Se estiver ok, ele passa para a próxima fase, que é o helicóptero em voo pairado, próximo ao solo”, explica o professor de engenharia aeronáutica.

Fantástico: De quantos metros mais ou menos?
Fernando Catalano: Um metro, dois metros próximo do solo. Se passar dessa fase, ele vai para um voo pairado longe do solo.

Dia 2 de abril. Segundo as investigações, o piloto do helicóptero, dois mecânicos e um auxiliar vão fazer o primeiro voo, depois da manutenção. Thomaz Alckmin é convidado a participar. O filho do governador também era piloto profissional. Depois de 12 minutos, o helicóptero cai e atinge duas casas.

Em uma imagem, é possível ver que alguma peça cai da aeronave. Agora, as fotos obtidas pelo Fantástico. Elas mostram exatamente o material analisado pelos peritos oficiais. São os destroços do rotor principal, aquela parte de cima do helicóptero, e o que sobrou das pás.

“Tem um aspecto de madeira mas não é. É feita de camadas de fibra de carbono, com uma resina ultra-resistente e com enchimento de uma espuma muito especial, fibrosa, que dão a ela uma resistência praticamente para vida toda”, explica Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP.

Repare no principal: todos os pinos das cinco pás estão intactos. Por isso, a conclusão de quem investiga o acidente é que nenhum desses pinos se desprendeu durante o voo. Ao contrário do que se imaginava, nenhuma pá se soltou. A possibilidade mais concreta é que tenha acontecido uma quebra. Ou seja, pelo menos uma das pás se partiu quando o helicóptero ainda estava no ar.

Pelas fotos, não dá para saber qual delas quebrou, e todas estão partidas, danificadas, devido à queda violenta sobre o telhado das casas. O Fantástico foi a um simulador de voo, em São Paulo.

Fantástico: Se uma das pás quebrar durante o voo?
Rodrigo Duarte, piloto: O helicóptero vai ficar absolutamente desbalanceado. E ai, o helicóptero vai se desestabilizar e vai exatamente acontecer isso. Nada pode ser feito.

A pergunta agora é: o que pode ter causado a quebra de pelo menos uma pá do helicóptero que caiu com o filho do governador de São Paulo?

O modelo é fabricado na França e tem dois motores. O helicóptero pesa 5 toneladas e é considerado um dos mais seguros do mundo. Mas diante da quebra de uma das pás, os cinco tripulantes estavam em uma aeronave igual a do vídeo e não tinham muito o que fazer.

“Ela não se quebrou do nada. Uma falha ou um impacto com alguma outra superfície mais resistente do que essa própria pá”, explica Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP.

Outra possibilidade: uma das cinco peças que formam o chamado sistema de comando do rotor pode ter se soltado ou até quebrado, provocando uma forte vibração.

“Pode acontecer de uma das pás ou várias pás tocarem a fuselagem, por exemplo. Possivelmente quebrando a pá”, destaca Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP.

O Fantástico procurou outros três especialistas nesse tipo de aeronave. Eles preferiram não gravar entrevista mas citaram outras possíveis causas para a quebra de uma pá. Por exemplo: pode ter havido uma falha na caixa de transmissão do rotor principal. Uma pane na caixa de transmissão poderia diminuir muito a velocidade do rotor, de uma hora para outra. Já as pás tenderiam a continuar em movimento, o que provocaria a quebra.

Outra possibilidade seria uma falha na caixa de transmissão do rotor de cauda, fazendo com que ele parasse de funcionar. Se isso acontecesse, os dois motores poderiam jogar toda a força para o rotor principal provocando um disparo. Essa vibração poderia quebrar pelos menos uma das pás.

Os especialistas ouvidos pelo Fantástico também não descartam uma falha durante a manutenção da aeronave. Dizem que o uso de qualquer produto inapropriado, uma tinta, por exemplo, já causaria problemas.

Veja, no vídeo, como uma pequena modificação nas pás pode mesmo comprometer toda a estrutura de um helicóptero. O vídeo é de um teste das Forças Armadas dos Estados Unidos. Os engenheiros tiraram, de propósito, um pedaço muito pequeno de umas das pás, uma lasca de poucos gramas. A aeronave fica presa ao chão. Depois de 30 segundos, a aeronave fica destruída.

O Fantástico procurou as empresas responsáveis pela manutenção do helicóptero que caiu na Grande São Paulo. Nenhuma quis se manifestar.

“Dos relatórios que eu li de acidente no mundo inteiro, eu não me lembro de ter visto um acidente desse perfil. A grande lição que a gente vai tirar disso tudo pode ser a salvação para outros futuros acidentes que possam eventualmente acontecer e que não ocorrerão justamente pelas atitudes que venham a ser tomadas para evitar que isso aconteça no futuro”, diz Rodrigo Duarte, piloto de helicóptero.

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