Política Lava-Jato

Moro confisca mansão comprada ilegalmente por André Vargas

De acordo com os investigadores, ex-deputado sonegou parte do dinheiro pago na compra da casa em condomínio de luxo

O juiz federal Sérgio Moro participa de entrevista coletiva na Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) em que foram divulgadas propostas da instituição para evitar a impunidade e aumentar a efetividade da justiça criminal
Foto: Jorge William / O Globo
O juiz federal Sérgio Moro participa de entrevista coletiva na Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) em que foram divulgadas propostas da instituição para evitar a impunidade e aumentar a efetividade da justiça criminal Foto: Jorge William / O Globo

SÃO PAULO — O juiz federal Sérgio Moro determinou o confisco da mansão do ex-deputado André Vargas, no bairro de Alphaville, um dos mais sofisticados de Londrina, no Paraná. Vargas, que foi preso na manhã desta sexta-feira na 11ª fase da Operação Lava-Jato, é suspeito de lavar dinheiro na compra do imóvel.

Através de documentos encaminhados pela Receita Federal, os investigadores descobriram que Vargas declarou ter pago pelo imóvel apenas R$ 500 mil, quando na verdade a mansão teria custado R$ 980 mil. Outros R$ 480 mil teriam sido sonegados.

Para descobrir a fraude, a Receita cruzou as declarações de renda do ex-deputado com do antigo proprietário da mansão. Ao fisco, o vendedor declarou o valor integral do imóvel. Para o juiz, “não se trata apenas de indício de crime de sonegação fiscal, mas sim de lavagem de dinheiro, tendo por antecedentes crimes contra a administração pública”.

Moro ressaltou que parte dos depósitos foram feitos em dinheiro, “expediente usualmente utilizado para evitar rastreamento de dinheiro sem origem lícita”. Os investigadores descobriram que R$ 225 mil foram depositados na conta do antigo proprietário da casa em 13 de maio de 2011 em espécie. Dois dias depois, 15 de maio, outro depósito de R$ 43,2 mil, em dinheiro, foi feito. Em novembro do mesmo ano, no dia 25, outros R$ 95 mil.

Em dados fornecidos pela Receita, não há correspondência de retiradas nas contas de André Vargas e de Edilaira Soares, mulher do ex-deputado, com os pagamentos feitos pelo imóvel, o que, para os investigadores, “é indicativo de que eles não transitaram em suas contas correntes”.

“Os indícios são agravados pela constatação de que os recursos utilizados para pagamento do preço não circularam nas contas de André Vargas e de sua esposa, e igualmente pelas provas acima citadas no envolvimento de André Vargas em crimes de corrupção”, afirmou Moro.