Apenas um dia depois de conquistar o bicampeonato mundial
dos 25km de maratona aquática, Ana Marcela Cunha encarou uma longa viagem de
Kazan para o Brasil. Mal desembarcou em São Paulo, nesta segunda, e já estava
dando entrevistas, exibindo as três medalhas que conquistou na Rússia. Tudo com
o largo sorriso no rosto de quem está acostumada a uma rotina pesada. Mas o
cansaço também bate para a nadadora dos cabelos coloridos, que comemorou enfim
ter duas semanas de férias para recarregar as baterias antes do último ano de
preparação para as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
- Estou cansada, foi quase um dia de viagem, mas tudo é
gratificante. Faz parte do que a gente conquista. Agora estou de férias. Graças
a Deus. Água agora só no banho (risos).Vou aproveitar e, assim que eu voltar em
15 dias, vou treinar até os Jogos Olímpicos, serão 350 dias de ralação o tempo
inteiro - disse Ana Marcela, que vai passar a segunda semana de férias em
Salvador.
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Além do título mundial nos 25km, a baiana conquistou em
Kazan uma prata na prova de equipes mistas e o bronze dos 10km, que teve um gosto
especial por ser a prova olímpica. Essa terceira colocação em Kazan lhe rendeu
a vaga nos Jogos Olímpicos de 2016 e tirou das costas de Ana Marcela o peso de
ter batido na trave na classificação para Londres 2012 - na época ela foi 11ª
colocada no Mundial e precisava entrar no top 10 para ir às Olimpíadas.
- É bem difícil dizer qual medalha vale mais, mas acho que o
bronze vale mais pela conquista da vaga olímpica também. Tem um gostinho
especial. Ouro é muito bom, mas a vaga também é boa. Isso me deu um alívio, deu
segurança, mas não deu conforto. Estou me preparando para buscar o melhor em
2016.
Desde muito jovem Ana Marcela despontou como uma das
melhores nadadoras de águas abertas do mundo. Ela foi a quinta colocada nos
Jogos de Pequim, em 2008, melhor posição brasileira da história dos Jogos.
Depois da ausência em Londres 2012, a nadadora de 23 anos mira manter o
crescimento neste ciclo olímpico para chegar ao pódio em 2016.
- Foi meu oitavo Mundial, se não me engano. Tenho sete
medalhas, então praticamente metade eu conquistei agora. Com certeza é o melhor
momento que estou vivendo na natação. Só dá mais força para querer continuar
assim. Ano passado já foi um dos melhores, subir ao pódio em todas as etapas da
Copa do Mundo, foi muito importante também, foi de crescimento, nada é da noite
para o dia. Batalhei bastante para conseguir tudo isso. Mas eu quero estar no
meu melhor mesmo em um ano para não só realizar o sonho de participar dos Jogos
em casa, mas de ganhar medalha também. Todo atleta treina para ser campeão.
Esse é meu objetivo - disse Ana.