O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo del Nero, se reuniu nesta quinta-feira com as 27 federações filiadas à entidade para debater mudanças no estatuto. As duas principais são o limite de uma reeleição e um novo modelo de sucessão - hoje, no caso de impedimento do presidente, assume o vice mais velho. O primeiro ponto foi definido: há direito a apenas uma reeleição. Ou seja, o atual presidente, Marco Polo del Nero, pode concorrer em 2019 a um novo mandato até 2023. Mas não poderia ir além disso, o que foi apenas um dos pontos contraditórios.
- Será um mandato
mais uma reeleição, a partir deste mandato. Marco Polo cumpre o mandato e terá
direito a uma reeleição. Ele vai ficar até 2019 e pode
se reeleger uma vez. Houve uma recomendação da Assembleia para que as
federações sigam o mesmo caminho - disse Marcus Vicente, vice-presidente da CBF.
No entanto, Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol, declarou que a decisão só valeria a partir da próxima eleição, com Del Nero podendo concorrer em 2019, se reeleger e conseguir mais uma reeleição para ficar no cargo até 2027. Tudo isso porque Del Nero a decisão de limitar as reeleições não existia quando Del Nero assumiu o cargo.
Cartolas, ao deixar o encontro, deram versões diferentes sobre o que foi debatido em relação à sucessão. Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, o primeiro a deixar o local, saiu afirmando que estava aprovada uma modificação sobre a questão - que o sucessor deixaria de ser o vice mais velho. A versão dele foi depois contestada por outros dirigentes - caso de Marcus Vicente.
- Foi uma reunião muito tranquila, houve unanimidade. Na próxima
eleição, será mudado. Haverá primeiro vice, segundo vice, não será o
mais velho que assume - disse Noveletto, que depois foi contrariado.
- Esse assunto não foi tratado. Não foi objeto da assembleia geral. A questão da sucessão, da vacância, do impedimento, da renúncia, não foi tema da pauta. Agora não é hora para isso - contrariou Marcus Vicente.
Walter Feldman, secretário-geral da CBF, também deu versão oposta ao que disse o dirigente gaúcho.
- Não houve nenhuma proposta de alteração de regra de sucessão nos vice-presidentes da casa.
Os clubes ganharam força. Foi confirmado que um conselho deles terá a palavra final na organização dos campeonatos da entidade. O comitê terá nove representantes: cinco clubes da Série A, dois da Série B, um da Série C e um da Série D.
Foram criadas outras duas comissões: uma de ética, que terá três membros versando sobre eventuais problemas envolvendo personagens do futebol brasileiro, e um de governança e conformidade, para tratar das modificações em vigor.
Também ficou definido que a CBF passa a representar o futsal e o futebol de praia brasileiros em competições internacionais. Além disso, a geografia da CBF se adequou ao mapa nacional. Assim, as federações de Maranhão e Piauí deixam a Região Norte e passam a integrar o Nordeste, assim como a divisão política do país;
Pressão
Marco Polo del Nero está pressionado no cargo. Após o escândalo envolvendo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, o movimento Bom Senso FC pediu a saída do presidente da CBF. Porém, ele recebeu apoio de 24 dos 27 Estados em um encontro no dia 4 de junho. Os opositores foram Delfim Peixoto, da Federação Catarinense (e atual vice-presidente mais velho da CBF, já que José Maria Marin está provisoriamente afastado do cargo), Hélio Cury, do Paraná, e Francisco Novelleto, da Federação Gaúcha de Futebol.
A CBF atualmente tem cinco vice-presidentes, um para cada região do país. Existe a ideia de que esse modelo seja alterado para a próxima eleição, quando a chapa do candidato teria dois vice-presidentes, primeiro e segundo. Esse primeiro vice-presidente é quem passaria a substituir o presidente no caso de vacância do cargo.
Enquanto o presidente da CBF se reunia com os presidentes das federações estaduais, um protesto solitário chamou a atenção na portaria da sede da entidade, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um homem com cartazes e um cartão vermelho pediu o fim da corrupção e demonstrou apoio a Zico, que recentemente ventilou a possibilidade de se candidatar para assumir a presidência da Fifa.