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CBF limita reeleição, e cartolas dão versões opostas sobre sucessão

Encontro define reeleição limitada a apenas um mandato, mas não há consenso
se Del Nero pode ficar até ou 2023 ou 2027. CBF cria comissão com nove clubes

Por Rio de Janeiro

Marco Polo Del Nero em Brasília (Foto:  FRANCISCO STUCKERT - Agência Estado)Del Nero só pode ficar na presidência até 2023 (Foto: Francisco Stuckert - Agência Estado)

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo del Nero, se reuniu nesta quinta-feira com as 27 federações filiadas à entidade para debater mudanças no estatuto. As duas principais são o limite de uma reeleição e um novo modelo de sucessão - hoje, no caso de impedimento do presidente, assume o vice mais velho. O primeiro ponto foi definido: há direito a apenas uma reeleição. Ou seja, o atual presidente, Marco Polo del Nero, pode concorrer em 2019 a um novo mandato até 2023. Mas não poderia ir além disso, o que foi apenas um dos pontos contraditórios.

- Será um mandato mais uma reeleição, a partir deste mandato. Marco Polo cumpre o mandato e terá direito a uma reeleição. Ele vai ficar até 2019 e pode se reeleger uma vez. Houve uma recomendação da Assembleia para que as federações sigam o mesmo caminho - disse Marcus Vicente, vice-presidente da CBF.

No entanto, Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol, declarou que a decisão só valeria a partir da próxima eleição, com Del Nero podendo concorrer em 2019, se reeleger e conseguir mais uma reeleição para ficar no cargo até 2027. Tudo isso porque Del Nero a decisão de limitar as reeleições não existia quando Del Nero assumiu o cargo. 

Cartolas, ao deixar o encontro, deram versões diferentes sobre o que foi debatido em relação à sucessão. Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, o primeiro a deixar o local, saiu afirmando que estava aprovada uma modificação sobre a questão - que o sucessor deixaria de ser o vice mais velho. A versão dele foi depois contestada por outros dirigentes - caso de Marcus Vicente.

- Foi uma reunião muito tranquila, houve unanimidade. Na próxima eleição, será mudado. Haverá primeiro vice, segundo vice, não será o mais velho que assume - disse Noveletto, que depois foi contrariado.

- Esse assunto não foi tratado. Não foi objeto da assembleia geral. A questão da sucessão, da vacância, do impedimento, da renúncia, não foi tema da pauta. Agora não é hora para isso - contrariou Marcus Vicente.

Walter Feldman (Foto: Vicente Seda)Walter Feldman diz que regras de sucessão não foram discutidas (Foto: Vicente Seda)

Walter Feldman, secretário-geral da CBF, também deu versão oposta ao que disse o dirigente gaúcho.

- Não houve nenhuma proposta de alteração de regra de sucessão nos vice-presidentes da casa.

Os clubes ganharam força. Foi confirmado que um conselho deles terá a palavra final na organização dos campeonatos da entidade. O comitê terá nove representantes: cinco clubes da Série A, dois da Série B, um da Série C e um da Série D.

Foram criadas outras duas comissões: uma de ética, que terá três membros versando sobre eventuais problemas envolvendo personagens do futebol brasileiro, e um de governança e conformidade, para tratar das modificações em vigor.

Também ficou definido que a CBF passa a representar o futsal e o futebol de praia brasileiros em competições internacionais. Além disso, a geografia da CBF se adequou ao mapa nacional. Assim, as federações de Maranhão e Piauí deixam a Região Norte e passam a integrar o Nordeste, assim como a divisão política do país;

Pressão

Marco Polo del Nero está pressionado no cargo. Após o escândalo envolvendo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, o movimento Bom Senso FC pediu a saída do presidente da CBF. Porém, ele recebeu apoio de 24 dos 27 Estados em um encontro no dia 4 de junho. Os opositores foram Delfim Peixoto, da Federação Catarinense (e atual vice-presidente mais velho da CBF, já que José Maria Marin está provisoriamente afastado do cargo), Hélio Cury, do Paraná, e Francisco Novelleto, da Federação Gaúcha de Futebol.

A CBF atualmente tem cinco vice-presidentes, um para cada região do país. Existe a ideia de que esse modelo seja alterado para a próxima eleição, quando a chapa do candidato teria dois vice-presidentes, primeiro e segundo. Esse primeiro vice-presidente é quem passaria a substituir o presidente no caso de vacância do cargo. 

Protesto solitário (Foto: Igor Rodrigues)Protesto solitário na sede da CBF durante assembleia geral na entidade (Foto: Igor Rodrigues)




Enquanto o presidente da CBF se reunia com os presidentes das federações estaduais, um protesto solitário chamou a atenção na portaria da sede da entidade, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um homem com cartazes e um cartão vermelho pediu o fim da corrupção e demonstrou apoio a Zico, que recentemente ventilou a possibilidade de se candidatar para assumir a presidência da Fifa.