02/06/2015 16h18 - Atualizado em 03/06/2015 12h30

Flagra de funcionária dando sorvete a deficiente físico comove redes sociais

'Assim que vi, fiz a foto e dei um abraço nela', diz músico em Uberlândia.
Sociólogo fala de valores; imagem já teve quase 8 mil compartilhamentos.

Anna Lúcia SilvaDo G1 Triângulo Mineiro

Cena emocionou músico. foto foi compartilhada mais por mais de 8 mil internautas (Foto: Thiago Ferreira/Divulgação)Cena emocionou músico; foto foi compartilhada mais por mais de 8 mil internautas (Foto: Thiago Ferreira/Divulgação)

"Esse tipo de gesto não parte de qualquer pessoa. A funcionária saiu de seu posto e naquele momento ela não se importou se outras pessoas ficariam sem atendimento, não se importou se seria chamada atenção. Ela simplesmente foi até o cliente incapacitado de segurar qualquer coisa e deu sorvete na boca dele", contou o músico e professor Thiago Ferreira, sobre o registro feito no último domingo (30) em um shopping de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A cena que mostra a funcionária de uma rede de fast food ajoelhada dando sorvete a um cliente tocou Thiago, e já foi compartilhada por quase 8 mil pessoas nas redes sociais.

O registro foi feito durante a tarde, quando Thiago caminhava pelo shopping. Segundo ele, a imagem mostra um gesto simples, encantador e  pouco comum.  "Não aguentei e no impluso retirei o celular e registrei. Fiquei de longe olhando e logo fui dar um abraço na moça. Fui tomado por uma profunda emoção. Nós vemos tanta coisa ruim nesse mundo que acabamos por não acreditar mais nas pessoas. Quando vemos algo assim, é preciso compartilhar", disse

Segundo o sociólogo Clayton Pereira, ações como estas estão cada vez mais raras hoje em dia. Ele avaliou a imagem. "Num olhar sociológico, a vida humana só é possível por meio da sociabilidade, que envolve gestos de solidariedade entre os indivíduos. Acontece que atos assim, de altruísmo, numa sociedade contemporânea, cada vez mais egoísta, competitiva e individualista, surpreendem pela simplicidade e atenção às necessidades alheias. De fato, um resgate de valores morais muito escassos hoje em dia”, comentou o sociólogo.

Feliz com a repercussão, a funcionária Lawane Rodrigues de Sousa, uma adolescente de 17 anos, disse estar agradecida pelo reconhecimento e compartilhamento da atitude. Ela ressalta que a ação foi natural. "Eu estou me sentindo muito feliz com tudo isso. Na hora foi um gesto comum. Vi que ele não tinha como tomar o sorvete quando entreguei o pote para ele, então o ajudei. Passamos quase uma hora juntos e ele me agradeceu muito. Depois do sorvete, o levei próximo ao banheiro, em seguida ao supermercado e depois o deixei em uma loja de doces", disse.

Lawane contou ainda que não levou nenhuma bronca por ter se ausentado da função. "Pelo contrário, meus colegas e a gerência me parabenizaram, disseram que precisamos fazer mais coisas assim. Fiquei e estou muito feliz", contou.

Imagem registrada em Uberlândia foi compartilhada por quase oito mil internautas  (Foto: Reprodução/Facebook)Imagem registrada em Uberlândia foi compartilhada por quase oito mil internautas (Foto: Reprodução/Facebook)

O sociólogo Clayton Pereira destaca que a ação da adolescente é a essência da solidariedade. "É bacana destacar a etimologia, significado da palavra solidariedade. A palavra solidariedade tem origem no francês 'solidarité', que também pode remeter para uma responsabilidade recíproca. Laços de solidariedade são típicos de comunidades, contrastando com a competitividade característica de sociedades. O que a funcionária praticou foi a essência da solidariedade, ou seja, a identificação com o outro e a vontade de cooperar”, destacou.

Ao abraçar Lawane depois de tirar a foto, Thiago disse que a agradeceu pelo momento proporcionado. "Agradeci porque eu me senti muito bem ao ver aquilo. Logo saí, para não deixá-la sem graça e para chorar", destacou.

Lawane disse que não sabe quem é o cliente, mas que faz questão que ele retorne ao local. "Eu gostaria que ele retornasse várias vezes e em todas estarei disposta a ajudá-lo", finalizou.

O cliente não foi localizado pelo G1 até a publicação desta matéria.

 

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