Economia

Trio de brasileiros donos da 3G Capital tem longo histórico de negócios bilionários

Em oito anos, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira adquiriram três marcas ícones dos EUA: Budweiser, Heinz e Burger King
Jorge Paulo Lemann em uma de suas raras fotos, em 2009, entre os professores Werner Baer e David Fleischer durante a inauguração do Instituto Lemann para estudantes brasileiros em Illinois Foto: Agência O Globo
Jorge Paulo Lemann em uma de suas raras fotos, em 2009, entre os professores Werner Baer e David Fleischer durante a inauguração do Instituto Lemann para estudantes brasileiros em Illinois Foto: Agência O Globo

SÃO PAULO - O negócio envolvendo a fusão da gigantes de alimentos Kraft Foods com H. J. Heinz, que combinadas formarão uma gigante do setor de alimentos e bebidas com receitas estimadas em US$ 28 bilhões anuais, é mais um passo na trajetória de negócios globais bilionários do trio de empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Sócios da 3G Capital, fundada em 2004, quando saíram da GP Investimentos, os três empresários adquiriram nos últimos cinco anos três grandes marcas do mercado de alimentação e bebidas. Primeiro foi a rede americana de fast food Burger King, por US$ 4 bilhões, em setembro de 2010. Em 2013, em sociedade com o bilionário americano Warren Buffett, o trio arrematou o controle da Heinz, empresa de condimentos e molhos, por US$ 28 bilhões. No ano passado, foi a vez da rede de cafeterias canadense Tim Hurtons, cujo controle foi adquirido pela Burger Kings por US$ 11,4 bilhões.

Ou seja, em apenas quatro anos, a 3G movimentou mais de US$ 40 bilhões em transações envolvendo marcas globais de alimentos e bebidas. Setor em que acumulam larga experiência, pois foram também os fundadores da Ambev, dona das marcas Brahma e Antarctica, ainda em 1999.

A criação da 3G se deu em paralelo ao processo de fusão entre a Ambev e a belga Interbrew, criando a Inbev, em 2008. Além da 3G, o trio é ainda um dos principais acionistas da AB Inbev, dona da Budweiser, criada em 2008 após a união da Anheuser-Busch com a Inbev.

O MAIS RICO

Os três são também acionistas da Lojas Americanas e da B2W. E estão na lista de bilionários brasileiros da revista Forbes. Lemann, aliás, é o mais rico do país, com fortuna de US$ 25 bilhões, ocupando a 26ª posição global da lista da "Forbes". Telles, na 101ª posição, tem fortuna de US$ 11,8 bilhões, seguido de Sicupira, com US$ 10,3 bilhões, na 122ª colocação no ranking mundial.

Com sede no Rio e em Nova York, a 3G Capital chamou a atenção do megainvestidor Warren Buffett, dono da Berkshire Hathaway, depois da compra da Burger King. Lehmann e Buffet já se conheciam porque faziam parte do Conselho de Administração da Gillette e da Procter&Gamble. A aproximação foi natural e no ano passado a 3G e a Berkshire estavam juntas ao arrematar a tradicional marca Heinz.

— O modelo do trio privilegia o resultado financeiro, com base na meritocracia. Todos têm metas ambiciosas para bater. O lema do Lemann é fazer o bolo crescer e dividi-lo. Eles são orientados pelo controle de custos. Sempre dá para cortar os gastos — diz Cristiane Correa, autora do livro "Sonho Grande", da Sextante, sobre o trio.

TEMPOS DO GARANTIA

Em 1971, Jorge Paulo Lemann iniciou discretamente sua trajetória no mercado financeiro brasileiro com a compra da corretora Garantia. Em 1976, a corretora  se transformaria no banco de investimentos Grarantia, que ganhou fama pelo padrão rigoroso de gestão e pela agressividade nos negócios, a marca registrada do trio Lemann, Sicupira e Telles, que dividiam a direção do banco.

Com a venda do garantia para o Credit Suisse, em 1998, os três empresários criam a GP Investimentos, uma administradora de fundos e participações, que atuou como investidor junto a grandes empresas como Telemar, America Latina Logística e Gaffisa, entre outras. Os três deixaram a GP INvestimentos em 2004 paara criar a 3G.

Em 1999, os três filhos de Lemann sofreram uma tentativa de sequestro quando moravam no Morumbi, em São Paulo. Desde então, o empresário mudou-se para a Suíça, adotando uma postura bastante reservada, avesso a fotos e qualquer publicidade.