Edição do dia 04/08/2015

05/08/2015 01h52 - Atualizado em 05/08/2015 01h52

Mulher conta como sobreviveu ao ataque de Hiroshima há 70 anos

Milhares de visitantes que vão ao Museu da Paz, em Hiroshima, ficam impressionados com o que vêem e encontram com a senhora Kawashima.

Márcio GomesHiroshima, Japão

Há 70 anos o mundo conheceu a mais devastadora arma de destruição em massa. A bomba atômica lançada sobre Hiroshima causou a morte de 240 mil pessoas. O correspondente Márcio Gomes foi à cidade japonesa e falou com uma sobrevivente do bombardeio nuclear.

Os milhares de visitantes que todos os dias vêm ao Museu da Paz, em Hiroshima, ficam impressionados com o que vêem. Tudo o que está exposto por lá nos remete ao dia 6 de agosto de 1945, quando a bomba atômica explodiu no céu da cidade.

É difícil não se abalar. Na saída, uma senhora entrega a cada visitante um passarinho feito de papel. Um carinho, mas também uma mensagem.

A senhora Kawashima trabalha no museu desde 2009 e é uma das guias do local. Entre conversas e explicações, seja para estudantes de hiroshima ou para os turistas estrangeiros, poucos sabem que ela também é uma sobrevivente da bomba.

Chieko Kawashima tinha apenas oito meses de vida quando houve o ataque à cidade de Hiroshima. Ela morava longe da zona central, área devastada pela explosão, mas acabou atingida de forma surpreendente.

Os sobreviventes contam que logo depois da explosão da bomba, de 20 a 30 minutos depois, começou a chover em Hiroshima. mas não era uma chuva qualquer. Era uma chuva escura, negra. Continha não apenas a fuligem dos incêndios que se espalhavam pela cidade, mas também radiação.

"Eu estava no colo da minha mãe, ela procurava um dos meus irmãos, quando começou a chover", conta a senhora Kawashima.

O museu guarda um pedaço de parede que ficou com as marcas da água suja e radioativa. Chieko perdeu a casa onde morava, parentes e teve que mudar de cidade. Ela cresceu com problemas de saúde e até hoje faz exames. No museu, acha importante dividir, explicar tudo que está ali.

"Muitas crianças não entendem o que está exposto; mas elas fazem anotações, escutam o que eu digo. Depois que crescerem, vão compreender", diz.

Para ela, ninguém pode esquecer o que ocorreu em Hiroshima e os passarinhos têm essa missão: levados pelos visitantes do mundo todo, são a melhor maneira de espalhar a mensagem de paz da senhora Kawashima.

 

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