Política

Dilma atribui visita aos EUA à articulação de vice-presidente americano

Petista disse que o sucesso de encontro tem ‘dívida histórica’ com Joe Biden
O presidente Barack Obama cumprimenta a presidente Dilma Rousseff durante encontro no Salão Oval da Casa Branca Foto: Carolyn Kaster / AP
O presidente Barack Obama cumprimenta a presidente Dilma Rousseff durante encontro no Salão Oval da Casa Branca Foto: Carolyn Kaster / AP

WASHINGTON - Em breve discurso durante almoço em sua homenagem no Departamento de Estado, nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff atribuiu o restabelecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos ao vice-presidente americano, Joe Biden. Diante de 200 convidados na sala Benjamin Franklin, Dilma disse que o sucesso de sua visita aos EUA tem uma “dívida histórica” com Biden. Ainda no breve pronunciamento, a presidente classificou como “histórica” a meta de 20% de fontes renováveis não hidráulicas na matriz elétrica estabelecida pela manhã entre os dois países, e saudou a retomada das relações dos EUA com Cuba.

— O sucesso desse encontro tem uma dívida histórica com o senhor vice-presidente, por sua determinação e disposição a sempre dialogar — afirmou Dilma, ao que Joe Biden retribuiu:

— Uma das razões pelas quais admiro tanto o Brasil é que eu admiro bastante a presidente do Brasil. Nós nos tornamos amigos.

Biden foi o principal articulador da visita de Dilma aos EUA, depois do cancelamento da viagem oficial que a presidente brasileira faria a Washington em 2013, motivado pela revelação de que Dilma teria sido espionada pelo governo americano. Os dois nutrem uma simpatia mútua desde o início daquele mesmo ano, quando o vice-presidente americano visitou o Brasil, semanas antes de o escândalo da NSA vir à tona, e descobriu que o então ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Dilma, Thomas Traumann, era sobrinho de Wes Barthelmes, que foi chefe de gabinete e principal autor de seus discursos nos anos 1970.

Quando as relações entre os países chegou ao seu ponto mais baixo, após as denúncias do ex-técnico da CIA Edward Snowden, Biden assumiu a dianteira da retomada. Ele esteve no Brasil na Copa de 2014 e parou em Brasília para conversar com Dilma. Voltou em janeiro para a posse do segundo mandato da presidente. E foi ele que ligou em abril para convidar a presidente a finalmente remarcar sua visita à Casa Branca.

Dilma foi recepcionada por Biden ao chegar ao Departamento de Estado, pontualmente às 13h20m (hora local). O almoço, embalado por um quarteto de cordas, reuniu embaixadores como o americano Tom Shannon, que serviu no Brasil, e representantes do setor privado, entre eles o brasileiro Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Foram servidos ervilhas com queijo de cabra, ensopado de frutos do mar e musse de limão. Os convidados puderam optar entre duas opções de vinho branco: o sauvignon blanc Mazzocco e o chardonnay Matrix Bacigalupi.

O primeiro a falar foi o subsecretário de Estado Tony Blinken, que lembrou a recente morte do compositor mineiro Fernando Brant, autor da música “Canção da América”, que, segundo ele, “honra uma profunda amizade com os EUA”. Em seguida, Biden fez um discurso ressaltando que a relação entre os dois países não pode esfriar. Dilma se pronunciou por último.

— As democracias serão cada vez mais efetivas quanto mais respeito houver pelo estado de direito e quanto mais cooperarmos — disse Dilma, antes de fazer um brinde e se sentar à mesa.