17/06/2015 22h07 - Atualizado em 17/06/2015 22h34

MP pede condenação só de 1º menor apreendido por morte de Jaime Gold

Segundo promotores, confissão não é suficiente para condenar os outros 2.
Justiça tem 10 dias para decidir se acata pedido do Ministério Público.

Marcelo ElizardoDo G1 Rio

Em audiência realizada nesta quarta-feira (17), no Fórum de Olaria, no Subúrbio do Rio, o Ministério Público pediu à Justiça a aplicação de medida sócioeducativa ao primeiro menor apreendido por suposto envolvimento na morte do médico Jaime Gold e a absolvição dos outros dois adolescentes apreendidos por participação no caso. A juiza da 2ª Vara da Infância e Juventude tem 10 dias, a partir desta quinta-feira (18), para dar a sentença.

Segundo os promotores Renato Lisboa e Luciana Benisti, o pedido é baseado no depoimento da principal testemunha, que reconheceu o primeiro menor apreendido, que tem 16 anos, como participante do crime. Apesar de os outros dois terem admitido participação no assalto, o MP considerou que só a confissão não pode ser prova de que eles, de fato, têm envolvimento com o crime.

"Só a confissão não pode servir de lastro para a condenação. A confissão deles não se harmonizou com as provas apresentadas", explicou o defensor público Fabio Schwartz, que defende o terceiro menor. O segundo também é defendido pela Defensoria Pública.

A defesa do primeiro menor afirmou que confia na Justiça para absolvê-lo. No entanto, questionou os critérios usados pelo MP. "A única coisa que liga o primeiro menor ao crime é o reconhecimento da testemunha. Mas na hora em que o frentista do posto diz que foi um adolescente branco quem esfaqueou, o Ministério Público desconsidera. O frentista diz de forma clara que quem deu a facada foi o (um adolescente) mais claro", disse Alberto Junior, advogado do primeiro menor.

A defesa esclareceu ainda que pediu a acareação entre os três menores, mas que não foi atendida. O primeiro e segundo menores são negros e o terceiro, branco. Os três continuarão em unidades do Degase até que a juíza dê a sentença.

Mais cedo, a mãe do primeiro adolescente disse que as facas apreendidas pela polícia no dia em que o adolescente foi apreendido eram usadas por ela no trabalho com reciclagem de lixo, como mostrou o RJTV. Sem ser identificada, ela disse usava os objetos – recolhidos na casa da família, em Manguinhos, Subúrbio, – para trabalhar e que o filho não mexia nelas.

"Ela [delegada Patrícia Aguiar] deu o caso por encerrado, essa delegada, e aquelas bicicletas que levaram não eram da minha casa. E aquelas facas que botaram eram minhas, de trabalhar, porque eu sempre trabalhei, e ele não mexia. Se ele for o culpado, ele vai pagar. Agora, se não for, eu quero as câmeras de segurança e as testemunhas, pra poder mostrar, pra poder realmente saber se é ele mesmo".

Habeas corpus negado
A Justiça do Rio negou o pedido de habeas corpus para o menor. O pedido foi analisado pela desembargadora Denise Vaccari Machado Paes, da 5ª Câmara Criminal, que o indeferiu na noite desta terça-feira (16).

arte menores caso Jaime Gold (Foto: Reprodução / Globo)(Foto: Reprodução / Globo)

O primeiro menor foi detido dois dias depois da morte do médico. Ele foi localizado pela polícia em Manguinhos. Desde sua apreensão, seus advogados afirmavam que ele não participou do crime.

Um segundo adolescente detido, porém, o incriminou e a polícia chegou a dar o caso como encerrado quando um terceiro adolescente se apresentou espontaneamente, confessando participação no crime e inocentando o primeiro.

Nesta quarta-feira (17), os três adolescentes foram levados ao Fórum de Olaria, no Subúrbio do Rio, para uma audiência no Juizado da Infância e Juventude. Antes de saber da negativa do habeas corpus, a mãe do primeiro detido chegou confiante no local. "Vai dar tudo certo", disse ela aos jornalistas.  
 

A audiência começou com três horas de atraso. Oito testemunhas de acusação e oito de defesa eram esperadas para prestar depoimento. Entre elas, um frentista, que teria sido testemunha visual do crime, a delegada Patrícia Aguiar, responsável pelo inquérito policial, o advogado Rodrigo Mondego, que chegou a assumir a defesa do segundo menor detido, e quatro agentes da Polícia Civil.

De acordo com o Tribunal de Justiça, em princípio, os três menores não seriam ouvidos na audiência desta quarta.

Reviravolta no caso
Depois que a Polícia Civil anunciou que o caso estava encerrado, apontando a participação dos dois primeiros menores detidos no crime, um terceiro adolescente, de 17 anos, se apresentou à polícia confessando envolvimento na morte do médico Jaime Gold. Ele contou aos policiais da 25ª DP (Engenho Novo) que atuou em conjunto com o segundo adolescente detido, de 15 anos, no roubo da bicicleta do médico e incriminou o mais novo pelas facadas. Além disso, ele descartou a participação do primeiro menor no caso.

O delegado adjunto da Divisão de Homicídios da capital, Giniton Lages,admitiu que a apresentação espontânea deste terceiro adolescente surpreendeu a equipe da Divisão de Homicídios. No entanto, ele afirmou que as investigações sobre o crime não haviam sido suspensas, apesar de a delegada Patrícia Aguiar e o titular Rivaldo Barbosa terem sido taxativos de que, após o depoimento do segundo adolescente apreendido, o caso estava encerrado.

Relembre o caso
O médico Jaime Gold, de 57 anos, foi abordado por dois assaltantes quando pedalava na ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura da Curva do Calombo, na noite de 19 de maio. O ciclista, que era cardiologista, chegou a ser levado com vida para o Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, mas não sobreviveu aos ferimentos. Ele teve vários órgãos perfurados com as facadas que levou na altura da barriga e no braço.

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