27/04/2015 18h37 - Atualizado em 27/04/2015 18h51

Travesti e namorado usavam máquina de débito em extorsão, diz polícia

Dupla filmava clientes, a maioria homens casados, sem que eles notassem.
Delegado diz que uma das vítimas perdeu R$ 17 mil; eles negaram o crime.

Isabella FormigaDo G1 DF

Página em rede social de travesti e namorado presos suspeitos de extorsão (Foto: Facebook/Reprodução)Página em rede social de travesti e namorado presos
suspeitos de extorsão (Foto: Facebook/Reprodução)

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu um garoto de programa e um travesti suspeitos de extorquir dinheiro de clientes que faziam programas com o casal em uma quitinete na 714 Norte, em Brasília. A dupla obrigava os clientes a pagar o valor da extorsão em uma máquina de débito. Na delegacia, os suspeitos negaram o crime.

Segundo o delegado da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), Leandro Ritt, a dupla filmava os clientes sem que eles percebessem e ameaçava divulgar as imagens caso eles não fornecessem as senhas dos cartões de débito.

Com a máquina, o casal retirava todo o dinheiro disponível na conta das vítimas. Em um mês, os suspeitos movimentaram R$ 100 mil, segundo a polícia. De acordo com Ritt, a dupla também fotografava os documentos das vítimas e os cartões de créditos.

Percebemos um histórico de ocorrências em que as vítimas relatavam estar sendo extorquidas com máquinas de cartão de débito, vítimas que relatavam terem sido roubadas, histórias confusas. Causou certa estranheza e percebemos que havia algo errado"
Leandro Ritt,delegado da Divisão de Repressão a Sequestros

"O crime sempre evoluiu. Esse nos pegou. Extorsão com máquina é uma novidade", disse o delegado. Com a dupla a polícia apreendeu a máquina e um celular com vídeos de diversos clientes e uma pistola de plástico.

Ritt disse que o caso chamou a atenção da polícia depois que a delegacia passou a receber um aumento no número de ocorrências registradas no último mês com histórias de extorsão "confusas".

"Percebemos um histórico de ocorrências em que as vítimas relatavam estar sendo extorquidas com máquinas de cartão de débito, vítimas que relatavam terem sido roubadas, histórias confusas", disse. "Causou certa estranheza e percebemos que havia algo errado."

O delegado disse que duas semanas atrás, um jovem registrou uma ocorrência contando o real motivo da extorsão. "Solteiro, não deve nada para ninguém, registrou que foi fazer um programa de natureza sexual e, chegando lá, foi agredido a obrigado a digitar sua senha e teve um valor retirado da sua conta de débito até ter a conta zerada", afirmou Ritt.

Na última semana, outra vítima foi à delegacia e relatou ocorrência igual. "Ele disse que foi fazer um programa sexual e teve R$ 17 mil retirados de sua conta com uma máquina de cartão de débito. Como a vítima relatou o endereço, rapidamente identificamos os autores", disse o delegado.

A polícia prendeu a dupla em flagrante na última quinta-feira (23), por eles estarem consumindo drogas na varanda do apartamento. As vítimas reconheceram os suspeitos na delegacia. Eles não tinham passagem pela polícia e vão responder por extorsão, cuja pena é de até seis anos de prisão.

Golpe 'rotativo'
Segundo o delegado, a dupla passava apenas um período de tempo praticando o golpe em uma cidade antes de mudar para outra. Eles anunciavam os serviços pelas redes sociais e em sites de relacionamentos de prostitutas e estavam com passagem marcada para esta segunda para Belo Horizonte (MG).

"Essas duplas ficam 30 dias em cada capital, algum flat de contrato temporário. Eles fazem um anúncio e, ao final do contrato, se mudam para outra capital e dificultam a ação da polícia. Eles já passaram por várias capitais, Curitiba, São Paulo, na Bahia."

"As pessoas não registram ocorrência, normalmente porque são homens casados", disse o delegado. A polícia vai pedir o sequestro de bens dos suspeitos.

À polícia, o casal disse que não houve extorsão. "Eles falam que é questão de desacerto, que a pessoa contrata um valor e, no decorrer do programa e os extras, fazem o preço subir. Mas como contrata um programa de R$ 300, R$ 500, e num dos casos a pessoa perde R$ 10 mil, R$ 17 mil? Que evolução de valores são esses?", diz o delegado.

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