17/05/2015 06h00 - Atualizado em 17/05/2015 06h00

Pressão psicológica vira inimiga n°1 no Exame da OAB, diz candidato

Na primeira tentativa, Gabriel Grigio estuda quatro horas por dia.
'Passar na OAB é uma conquista, uma realização', afirma estudante.

Gabriela GonçalvesDo G1, em São Paulo

Gabriel Grigio Nascimento Santana, de 22 anos, prestará o XVI Exame da Ordem neste domingo (17) (Foto: Arquivo pessoal/Gabriel Grigio Nascimento Santana)Gabriel Grigio Nascimento Santana, de 22 anos,
prestará o XVI Exame da Ordem neste domingo
(17) (Foto: Arquivo pessoal/Gabriel Grigio)

Depois de superar a primeira fase do XVI Exame de Ordem Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na primeira tentativa, o estudante Gabriel Grigio Nascimento Santana, de 22 anos, passou a dedicar quatro horas diárias na preparação para a segunda fase, que será realizada neste domingo (17).

Para a primeira etapa, o estudante priorizou o trabalho de conclusão de curso e fez a prova com o conhecimento obtido na faculdade. "A prova coincidiu com a data de entrega do meu TCC e eu achei melhor terminar meu trabalho e fazer a prova com o que eu aprendi nas aulas", conta o jovem.

Com a confirmação de que foi aprovado, ele decidiu se matricular no cursinho Damázio para a segunda fase do Exame. "Agora é diferente, eu quero estar muito bem preparado e passar. Significaria muito para mim e minha família."

Caso não passe na prova, Gabriel garante não desistir. "Vou prestar quantas vezes for necessário. Eu não tinha noção de que eu dava tanta importância para isso", destava o jovem, que acredita que o fator decisivo para ser aprovado é pressão psicológica.

"Eu acredito que envolve muito o psicológico. Você pode errar por estar preocupado, se sentindo pressionado e isso tudo pode ficar maior do que seu conhecimento. É complicado", afirma.

Gabriel está na primeira tentativa de aprovação no Exame (Foto: Arquivo pessoal/Gabriel Grigio Nascimento Santana)Gabriel está na primeira tentativa de aprovação no
Exame (Foto: Arquivo pessoal/Gabriel Grigio)

Escolha do curso
Na adolescência o jovem considerou ser policial militar, mas em uma conversa com a avó decidiu que estudaria direito e faria concurso público para ser delegado de polícia.

"Estava perto de decidir qual profissão eu seguiria e minha avó conversou comigo. Eu pensei melhor e me decidi pelo direito", afirma Gabriel.

Aos 18 anos, o jovem ingressou na universidade São Judas Tadeu por indicação de um amigo. "Eu confesso que nunca tive a pretensão de passar em uma universidade pública. Conheci a minha faculdade quando meu amigo foi se matricular e me inscrevi nela também", conta o estudante.

A dedicação dada ao curso de direito foi aumentando semestre a semestre. "As coisas foram acontecendo na minha vida. Comecei a estudar mais e sentir as responsabilidades com o passar do tempo. Hoje eu me esforço muito."

Gabriel trabalhou durante um ano em uma protética e, com o salário, a ajuda dos avós e de um tio, pagou as mensalidades dos primeiros anos do curso. Há três anos aderiu ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Amor dobrado
Gabriel foi criado pelos avós desde que nasceu e os vê como pais. Por isso, ser aprovado na primeira tentativa tem um valor muito grande. "Eu acho que as únicas pessoas que vão ficar mais felizes do que eu são meu avós."

Os pais de Gabriel não tinham um relacionamento sério quando descobriram a gravidez. A mãe, que tinha 17 anos, morava com os pais nesta época. "Pouco tempo depois que eu nasci, minha mãe casou e minha avó preferiu que eu ficasse com ela. E acabei ficando e tendo a minha avó como mãe e meus tios como irmãos. A minha mãe mora na mesma rua que eu e nossa relação é muito saudável", explica.

O avô frentista e a avó dona de casa sempre "mimaram" Gabriel, mas também incentivaram que ele assumisse algumas responsabilidades. "Um dia eu pedi um tênis muito caro e minha avó sugeriu que eu trabalhasse com o meu tio para conseguir o dinheiro", conta o estudante, que, aos 16 anos, trabalhou três meses para obter o valor suficiente para a compra.

"Meus avós escolheram me adotar. E o amor da adoção é dobrado, porque a pessoa te escolheu para acolher. Por isso, passar na OAB é uma conquista, uma realização. É a primeira realização de um objetivo que eu quero alcançar."

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