Política

Dois terços da população têm medo de sofrer agressão da PM, diz pesquisa

Levantamento do Fórum de Segurança Pública ouviu 1,3 mil pessoas em cidades com mais de 100 mil habitantes

PM da Rocam aparece com as duas mãos no pescoço de adolescente em São Simão
Foto: Milena Aurea/A Cidade / Agência O Globo
PM da Rocam aparece com as duas mãos no pescoço de adolescente em São Simão Foto: Milena Aurea/A Cidade / Agência O Globo

SÃO PAULO - Quase dois terços dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes têm medo de sofrer agressão da Polícia Militar, segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha.

Levantamento semelhante realizado pelo mesmo instituto, em 2012, revelava que 48% dos entrevistados tinham esse temor, percentual que cresceu para 62% na nova pesquisa. Foram ouvidas 1,3 mil pessoas em 84 municípios brasileiros. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Jovens, pobres, negros e moradores do Nordeste formam o perfil daqueles que mais têm medo da PM. O levantamento apontou, ainda, que 81% dos entrevistados temem ser assassinados. É um índice maior do que o registrado em 2012, quando 65% relataram o temor de serem mortos.

Nesta sexta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anuncia no Rio as diretrizes de um plano nacional para redução de homicídios, que será concluído até o fim do ano. A proposta é celebrar convênios com governos de lugares com maior incidência de mortes.

AGENTES RELATAM AMEAÇAS EM SERVIÇO

Pesquisa inédita também realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), e divulgada nesta quinta-feira pelo GLOBO , mostrou como a vida dos agentes de segurança é afetada pelo exercício da profissão. Segundo o levantamento, 75,6% deles já foram ameaçados em serviço e 53,1%, fora dele. O estudo mostra que, por se sentirem em risco por conta do trabalho, eles mudam os hábitos quando estão fora do emprego. O uso de transporte público, por exemplo, é evitado por 61,8% dos entrevistados, enquanto 44,3% têm o hábito de esconder a farda e/ou o distintivo no percurso entre a casa e o local de trabalho, e 35,2% procuram esconder a profissão até mesmo de parentes e amigos.