Alívio. Foi essa a sensação que João Gomes Junior e o advogado Marcelo Franklin sentiram depois do resultado do julgamento do caso de doping do nadador, divulgado nesta sexta-feira. O atleta pegou uma suspensão de apenas seis meses por uso de um diurético, e as medalhas conquistadas pelo Brasil nos revezamentos do Mundial de Doha não foram anuladas. A principal meta da defesa era não deixá-lo fora das Olimpíadas do Rio, em 2016. Além disso, também havia a preocupação de evitar que sua suspensão levasse à perda do título do Brasil na competição do ano passado.
- Foi melhor do que a gente esperava. Foi um dos primeiros julgamentos
depois do início do novo código, que aumentou a pena máxima de dois para
quatro anos. A gente tinha a possibilidade de pegar uma pena alta, de até quatro anos, o
que poderia até encerrar a carreira do João, já que ele tem 29 anos.
Nosso receio era muito grande. E fora que estamos perto das Olimpíadas
de 2016. Nossa meta sempre foi provar que ele era inocente e colocá-lo
nas Olimpíadas de 2016. Para isso, precisávamos que ele tivesse no
máximo um ano de punição, pois tem seletiva em abril de 2016 - disse o advogado do nadador.
O resultado da audiência do exame realizado no nadador em dezembro do ano passado, no Mundial de Doha, foi anunciado nesta sexta pela Federação Internacional de Natação (Fina), após audiência do painel de doping da entidade. Marcelo Franklin e João Junior estiveram presentes na reunião em Lausanne, na Suíça.
- Ele estava muito nervoso, era julgamento da vida dele. Ele comentou
que a vida dele recomeçou a partir de hoje porque sabia que, dependendo
da pena, poderia encerrar sua carreira. Ele está entusiasmado e
preparado para
nadar ainda mais forte, para ir ainda mais longe. Também está aliviado
pelas medalhas dos revezamentos terem sido mantidas. Isso era um peso
muito
grande nos ombros dele. Então, foi uma vitória sensacional - destacou
Franklin.
Em Doha, João disputou as eliminatórias de três provas de revezamento em que o Brasil ganhou medalhas de ouro na competição: 4x50m medley, 4x100m medley e 4x50m medley misto. Diante do resultado do exame, o Brasil corria o risco de perder os três ouros, o que faria o país cair da primeira para a quarta colocação no quadro de medalhas. A Fina decidiu anular os resultados obtidos pelo nadador a partir de 4 de dezembro, data em que a suspensão de seis meses passa a valer, mas não cancelou as conquistas dos revezamentos do país no Mundial.
A linha de defesa utilizada foi a contaminação cruzada através do uso de um suplemento alimentar preparado em uma farmácia de manipulação. Como argumento para a contaminação involuntária, o advogado apresentou provas para a Fina de que o diurético hidroclorotiazida não melhora a performance dentro d'água e nem teria sido usado para mascarar outras substâncias, uma vez que a urina de João mostrava um alto índice de concentração, não estava diluída.
- Não foi com fins de mascarar nada. O painel ficou convencido da inocência do João. O João sofreu um acidente involuntário, causado por uma terceira pessoa. Em razão disso, ele recebeu essa punição mínima.
O nadador ainda tem 21 dias para recorrer da decisão junto ao Tribunal Arbitral do Esporte. Como o custo seria alto e a punição foi branda, a tendência é que sua defesa não faça uso deste recurso.