24/08/2015 12h20 - Atualizado em 24/08/2015 12h24

Cegos e surdos disputam corrida de carros na Polônia

No banco do passageiro, instrutor dava comandos no joelho do piloto.
Dos 19 competidores, 12 nunca tinham dirigido na vida.

Do G1, em São Paulo

Competição em pista de aeroporto teve bandeira quadriculada (Foto: Janek Skarzynski / AFP)Competição em pista de aeroporto teve bandeira quadriculada (Foto: Janek Skarzynski / AFP)

Uma corrida de carros pode ser emocionante, ainda mais para quem não enxerga e não ouve. Foi isto que provou a primeira disputa para cegos e surdos, realizada na pista de um aeroporto polonês, no começo de agosto, segundo reportagem da agência France Press.

No total, 19 cegos e surdos participaram da competição, sendo que 12 deles nunca tinha dirigido um carro na vida. Os outros 7 eram motoristas antes de perderem os sentidos.

Os pilotos que ainda tinham visão ou audição parcial usaram vendas e fones de ouvido para deixar a disputa igual. Cada participante completou 2 voltas cronometradas no circuito feito de cones, com a ajuda de um copiloto.

Um instrutor dava toques no joelho do piloto (Foto: Janek Skarzynski / AFP)Um instrutor dava toques no joelho do piloto (Foto: Janek Skarzynski / AFP)

Mas antes de acelerar, eles desenvolveram sinais para comunicação. Os copilotos, todos instrutores de autoescolas locais, davam apertões no joelho esquerdo do competidor.

Nos lados do joelho, o sinal significava "vire" para a direção do toque, no meio dizia para manter a direção reta, enquanto pressão para baixo era para acelerar, e para cima pedia para frear.

Por segurança, os instrutores poderiam parar o carro a qualquer momento, como em aulas de condução para tirar a carteira de habilitação. Os competidores treinaram por 2 dias antes da corrida.

Competidores precisavam completar 2 voltas cronometradas (Foto: Janek Skarzynski / AFP)Competidores precisavam completar 2 voltas cronometradas (Foto: Janek Skarzynski / AFP)

Durante a competição, Kamila Dobrzynska, de 30 anos, que é cega de um olho e parcialmente surda, chegou a 50 km/h na reta. "É um sensação estranha. Dá medo. Você não sabe onde está, então seus olhos e ouvidos são os do instrutor. Você precisa confiar totalmente nele", afirmou à AFP.

 

Sylwek Slipek, que é cego e surdo, dirigiu pela primeira vez na vida. Sua mulher Kasia, que nasceu cega, foi no banco de trás para dar apoio. Ela acredita que a corrida serve para quebrar estereótipos de portadores de deficiência.

“Se cegos e surdos podem pilotar um carro, talvez as pessoas possam perceber que eles podem também trabalhar. Talvez nos vejam como pessoas com qualidades", afirmou Kasia à AFP.

O marido de Kasia completou as suas voltas sem cometer erros e ficou em 6º lugar. O troféu de campeão foi para Kamila.

12 dos competidores nunca tinham dirigido na vida (Foto: Janek Skarzynski / AFP)12 dos competidores nunca tinham dirigido na vida (Foto: Janek Skarzynski / AFP)
Instrutor parabeniza um dos competidores ao final da corrida (Foto: Janek Skarzynski / AFP)Instrutor parabeniza um dos competidores ao final da corrida (Foto: Janek Skarzynski / AFP)
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