Acompanhar os jogadores do
vôlei de praia brasileiro é se acostumar a olhar para cima sempre que precisar
conversar. Em sua maioria, os atletas têm mais de dois metros de altura e uma
grande envergadura. Durante muito tempo, ser alto foi um requisito para quem
pensava em se aventurar nas quadras pela areia. Aos poucos a visão foi sendo
alterada e, ao final da temporada 2014/15, um jogador em especial serve para
quebrar totalmente este paradigma.
Considerado baixinho com seus
1,85m, Bruno Schmidt precisou buscar alternativas em quadra para compensar o
que pode ser chamado como falta de altura. Na busca pela melhora dos
fundamentos, o companheiro de Alison concorreu a seis prêmios na disputa do
melhor do ano e levou quatro deles (melhor levantamento, melhor recepção, melhor
defesa e melhor jogador). Com tantas virtudes, é considerado por muitos como o
jogador mais completo do circuito brasileiro.
- Bruno vem nesse ritmo de
competição muito forte. Ele realmente é um jogador diferenciado. Apesar de ser
um jogador baixo, tem uma consistência muito grande. Bruno sempre joga em alto
nível todos os sets, todos os jogos. Com certeza ele vai estar entre os times
indicados para as Olimpíadas – comentou Márcio Araújo.
Ter esse reconhecimento dos
companheiros é algo que deixa Bruno Schmidt satisfeito. Em entrevista ao
GloboEsporte.com ele contou que chegou a ouvir piadas por causa do tamanho e
lutou para reverter este quadro com seu desempenho nos jogos.
- Desde o meu início, com
muita dificuldade, o fato de romper barreiras por ser um atleta baixo, eu
sempre me estimulei a puxar em tudo. Então, sempre soube que eu tinha que sacar
bem, levantar bem, passar muito bem. Realmente ser o mais completo de tudo por
conta da minha falta de estatura. Acho que o pessoal hoje em dia já cansou de
brincar. No começo eu escutava até coisas piores, um pouco chatas. Mas a gente
releva. É normal você romper barreiras. Eu gosto disso – disse.
A busca por melhorar todos os
fundamentos e a versatilidade em quadra ajudaram bastante Bruno nesta
temporada. O companheiro dele, Alison, passou por duas cirurgias e precisou
ficar cinco meses afastado das atividades. Neste período, o brasiliense
disputou sete torneios com outros parceiros.
Ainda assim, teve bons
resultados. Em Porto Alegre, Bruno Schmidt foi campeão e em São José (SC) ficou
na segunda colocação ao lado de Luciano. Ele também atuou com André Loyola e
disputou o Desafio Melhores do Mundo com Thiago, quando terminou em terceiro.
A dupla com Alison foi recomposta
e tem sido apontada como uma das favoritas para conseguir a vaga olímpica. Por
definição da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), uma vaga será para a
equipe com melhor pontuação do Circuito Mundial deste ano e a outra por
indicação da entidade. Para Bruno, esse favoritismo não existe.
- Acho que não tem
favoritismo nenhum. Está muito aberto. Esse foi até um motivo de o Alison ter
parado para vir com mais força agora. Está aberto e vai ser um ano duríssimo –
finalizou o atleta.