Mexer nos preços dos ingressos da Arena Corinthians não é
tão simples. Por isso, o clube precisou de mais de um ano para detectar
problemas e reduzir valores em três setores considerados mais caros no estádio
– o resultado imediato foi o recorde de público em jogos do Corinthians.
Contra o Cruzeiro, 41.014 torcedores compareceram ao local.
Três dias depois, mesmo em desvantagem na Copa do Brasil diante do Santos, a
arena teve 37.338 pagantes.
A presença maciça em setores antes vazios é a parte visível
de um estudo amplo de especialistas no assunto. Uma equipe comandada pelo
gerente de planejamento da Arena, Thiago de Rose, foi responsável por apontar tendências e
mostrar ao fundo gestor da arena que valia a pena tentar o reajuste nos preços.
Com os novos valores nos setores Leste Superior, Oeste
Inferior e Oeste Superior, a expectativa é de que a média de público aumente em
cerca de 10%. Até o jogo contra o Santos, a média chegou a 32.086 pagantes por
jogo na arena em 2015.
TIMÃO LIDERA A MÉDIA DE PÚBLICO NO BRASIL
– Quando fizemos esse estudo, imaginamos que o estádio não
vai lotar em todos os jogos. Imaginamos uma média de 35 mil, 36 mil. Vamos ver
como será até o fim do ano. Se continuar assim, não teria motivo para mudar
alguma coisa. Tem de testar e ter paciência, mas até o fim do ano não dá para
pensar em alterar nada – afirmou Thiago de Rose.
O gerente sabe que o desempenho do time também vai
influenciar na presença de público, apesar de a eliminação na Copa do Brasil
não apagar a liderança do Campeonato Brasileiro. E por isso entende que o
próximo ano dará parâmetro ainda melhor.
– Não tem como não vincular a presença de torcida ao
desempenho do time, isso é muito forte no Brasil. Por mais que nossa torcida
seja a mais fiel. Horário, desempenho, tudo influencia. O primeiro jogo foi prova
de que pode dar certo. Em 2016 tem Campeonato Paulista, sabemos que a tendência
é dar uma baixada. O Paulista é o verdadeiro teste – analisou Thiago de Rose.
Confira abaixo os principais pontos do estudo realizado na
arena, explicados pelo gerente de planejamento:
Faixa “intermediária” de preços
– Notamos que o Leste Inferior, a R$ 80, e o Superior, a R$
150, tinham uma diferença muito grande. Quando você abria a venda dos
ingressos, acabava tudo até o Leste Inferior, enquanto o Superior não esgotava
na maioria dos jogos. O Leste Superior tinha cerca de 65% de ocupação, entre
3.500 pessoas e 4.000 pessoas por jogo. Com a abertura do Oeste Superior,
pensamos em “migrar” esse público de um setor a outro. Já temos essas pessoas
dispostas a pagar R$ 150. Mas havia uma demanda que está fora do estádio. O
público que já paga R$ 150 tem duas opções agora: o Oeste Superior a R$ 120 ou
o Inferior a R$ 180. Quem estava “fora” do estádio entra pelo setor Leste. O
pessoal do Leste Superior “migrou” para o prédio Oeste.
Divisão mais clara dos setores
– Outra medida importante foi a transferência das
cadeiras corporativas. Esse produto não deslanchou no setor Oeste Superior. Com
o oitavo andar pronto, passamos as
cadeiras para lá, num espaço menor, mas mais aconchegante, com 600 lugares, um
buffet, visão sensacional do campo. Liberamos o Oeste Superior inteiro para
venda no Fiel Torcedor. Assim, os setores não ficam misturados. O movimento deu
certo. Inauguramos o oitavo andar contra o Cruzeiro, e o retorno foi sensacional.
Temos mais propostas para vender cadeiras corporativas.
Pesquisa de satisfação
– Fizemos uma pesquisa com os torcedores que vieram
no jogo
contra o Atlético-MG. Disparamos uma série de perguntas sobre a
experiência na
arena. A média geral da experiência foi de 8,6, numa escala de zero a
10.
Perguntamos quais atrativos fariam o torcedor chegar antes, e do que ele
sente
falta no estádio. Falaram muito em restaurantes, atividades pré-jogo e
interação no telão. Estamos trabalhando para melhorar nisso. Fizemos
exibição do documentário da Libertadores antes de dois jogos, há muito
espaço para ideias.
Pacotes de ingressos
– É muito importante o lançamento de pacotes de jogos, sempre
damos mais descontos para quem compra ingressos para três jogos de uma vez.
Estamos colocando mais coisas novas dentro do estádio. No segundo turno do
Brasileiro, devemos vender de três em três. No futuro, a ideia é um pacote
maior para o campeonato inteiro.
O único espaço “vazio”
– O desafio é também ocupar as cadeiras centrais do setor
Oeste Inferior, que são cativas. O plano “Minha Nação” do Fiel Torcedor depende
de o torcedor entrar e se associar. É a cadeira cativa, ele paga um valor por
ano e a cada jogo ele precisa comprar o ingresso por R$ 50. A cadeira é dele,
ele vem quando quiser. Temos cerca de 1.700 cadeiras no total, metade está
vendida.