Cultura Oscar 2013

Indicada a melhor atriz, Emmanuelle Riva, de ‘Amor’, só pensa no descanso pós-Oscar

Francesa que completa 86 anos no dia da premiação costuma dar 15 entrevistas por dia
Emmanuelle Riva em cena como Anne, em "Amour" Foto: AP
Emmanuelle Riva em cena como Anne, em "Amour" Foto: AP

RIO - A francesa Emmanuelle Riva pode ganhar o Oscar de melhor atriz como presente pelo seu aniversário de 86 anos, completados no dia 24, mesma data da premiação. Mas a protagonista do drama "Amor" só pensa no pós-cerimônia, quando, enfim, poderá descansar.

"Tenho que ir ao Césars (premiação do cinema francês) e ao Oscar e já estou tão, tão cansada e tão estressada. Nos últimos cinco meses as pessoas não me deixaram em paz. Tenho feito 15 entrevistas por dia. Depois do Oscar eu pretendo descansar e posso dizer que mal posso esperar por este momento", diz, com graça, em entrevista ao jornal inglês "The Guardian", depois de ter desistido de ir ao Bafta (no último domingo).

Alçada a fama internacional aos 85 anos com o premiado "Amor", de Michael Haneke, indicado ao Oscar nas categorias melhor filme e melhor filme estrangeiro, ela interpreta Anne, uma mulher que sofre um derrame e todas as consequências físicas e emocionais dele, Emmanuelle considera a personagem um presente:

"Não posso descrever o quão feliz eu estou. Parece um conto de fadas. Todos sabem que há muito poucos papéis para atrizes mais velhas. Quase nenhum, na verdade. E é isso que torna tudo excepcional".

Mas o primeiro gostinho de sucesso na carreira da francesa foi em 1959, com "Hiroshima meu amor", de Alain Resnais. O filme foi considerado o catalisador do movimento nouvelle vague e colocou Emmanuelle, então com 32 anos, no centro das atenções. Após evitar convites para filmes muito "comerciais", as ofertas foram desparecendo.

"Porque eu recusei alguns convites, eles pararam de ligar. Eles me esqueceram. Você cria um espaço vazio e ele toma conta de você", diz a senhora que vive sozinha em Paris, sem marido ou filhos.

Mas uma nova chance veio com "Amor".

"Haneke tinha me visto em 'Hiroshima meu amor' e queria me ver novamente depois de tantos anos. Talvez eu estivesse na cabeça dele. Ele achou que eu poderia interpretar Anne, então nos encontramos para um almoço", lembra a atriz. "Nós filmamos a cena da cozinha, quando Anne tem o primeiro derrame. Para ele, era a cena mais difícil do filme. Ele chegou a testar outras atrizes, mas disse que fui eu quem mais o toquei".

O sucesso que o filme viria a fazer, porém, não era algo esperado por Emmanuelle. Mas foi bem vindo:

"Como eu poderia dizer não a um filme como este? Um projeto tão maravilhoso, de tanta qualidade, com um diretor desses. Eu nem fiz perguntas, só disse sim. Teve gente que disse que o tema assustaria as pessoas, mas não. A verdade é que essa história pode acontecer com qualquer um. É sobre os principais assuntos: vida, amor e morte".