05/02/2016 13h48 - Atualizado em 06/02/2016 16h58

Saúde recomenda reforço na higiene
após detectar zika em urina e saliva

Dicas incluem lavar as mãos e evitar compartilhamento de objetos pessoais.
Fiocruz anunciou descoberta nesta sexta, mas estuda resistência do vírus.

Mateus RodriguesDo G1 DF

Pesquisadores da Fiocruz anunciam descoberta sobre zika vírus em coletiva nesta sexta-feira (Foto: Henrique Coelho/G1 RJ)Pesquisadores da Fiocruz anunciam descoberta sobre o vírus da zika em coletiva nesta sexta-feira (Foto: Henrique Coelho/G1 RJ)

O Ministério da Saúde recomendou nesta sexta-feira (5) que as pessoas adotem "cautela e prevenção" e reforcem medidas de higiene para evitar o contágio pelo vírus da zika. Entre as medidas sugeridas estão evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como escovas de dente e copos, e lavar as mãos com frequência.

As recomendações foram divulgadas após o anúncio da Fiocruz, no Rio, de que o vírus da zika foi encontrado de "forma ativa" na urina e na saliva de dois pacientes, que têm sintomas compatíveis com a infecção. O vírus ativo é aquele que tem potencial para provocar a doença.

O ministério afirmou que a evidência não é suficiente para dizer que a saliva com vírus da zika é capaz de transmitir a infecção. "Serão necessários outros estudos para analisar, por exemplo, qual o tempo de sobrevivência do vírus zika e, após passar pelos sucos gástricos, se tem capacidade de infectar as pessoas", diz a pasta.

A nota enviada ao G1 também diz que os cuidados devem ser ainda mais intensos para as grávidas, "que já devem se proteger contra o mosquito Aedes aegypti". O texto não faz referência ao Carnaval ou ao contato direto entre duas pessoas, no beijo ou na relação sexual.

 

O tema foi citado pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, em coletiva nesta sexta. Segundo ele, a descoberta do instituto ligado ao Ministério da Saúde "não faz com que nos digamos às pessoas que elas não podem ir para o Carnaval".

Descoberta
Em entrevista no Rio de Janeiro, Gadelha afirmou que a descoberta "muda o patamar e a forma que estamos tendo que desdobrar as pesquisas". No entanto,"o significado dessa descoberta na transmissão ainda deve ser esclarecido".

Os cientistas observaram que o material coletado nas amostras dos pacientes - além de conter a presença do vírus da zika, confirmada pelos chamados testes PCR - também foi capaz de provocar danos em células em testes de laboratório.

Isso comprova a atividade viral, segundo os cientistas. Ainda assim, pesquisas aprofundadas serão necessárias para comprovar se necessariamente haverá infecção através de fluidos.

"O fato de haver um vírus ativo com capacidade de infecção na urina e na saliva não é uma comprovação ainda, nem significa que necessariamente o será, que há possibilidade de infecção de outas pessoas de maneira sistemica através desses fluidos", disse Gadelha.

"Antes, só foram encontradas partículas não infecciosas. Mas ainda é preciso pesquisar para saber se é possível que se infecte outra pessoa", reforçou.

Mais recomendações
O presidente da Fiocruz fez mais recomendações à população, mas disse acreditar que não há possibilidades altas de contaminação pelo vírus da zika durante os Jogos Olímpicos do Rio, realizados em agosto. Ele reforçou que grávidas devem ter preocupação extra.

"Recomendamos às gestantes que evitem grandes aglomerações, que evitem que compartilhem copos e materiais levados à boca. Pessoas que convivam com gestantes e tenham sintomas da zika devem ter uma responsabilidade adicional", afirmou.

Contágio sexual
Na terça (2), o serviço de saúde do Condado de Dallas, nos Estados Unidos, divulgou que a região teve um caso de transmissão sexual do vírus da zika. Os Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) esclareceram que a agência não investigou como o caso foi transmitido.

Segundo o comunicado, um paciente foi infectado depois de ter tido contato sexual com uma pessoa doente que tinha retornado da Venezuela, onde existe circulação do vírus da zika. O serviço não divulgou a identidade dos pacientes.

O caso foi o primeiro confirmado de transmissão interna nos EUA, em uma pessoa que não tinha visitado outros países recentemente. O diretor do DCHHS, Zachary Thompson, toma o caso como prova de que o vírus pode ser transmitido pelo sexo. Porém, até o momento, ainda não existem evidências científicas que comprovem a hipótese.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de