18/06/2015 01h20 - Atualizado em 18/06/2015 11h08

Homem branco abre fogo e mata 9 em igreja de comunidade negra nos EUA

Ataque ocorreu em igreja de Charleston, na Carolina do Sul.
Atirador fugiu e é procurado; senador seria uma das vítimas.

Do G1, em São Paulo

Um tiroteio em uma igreja da comunidade negra na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, deixou nove mortos e um ferido na noite desta quarta-feira (17), informou o prefeito Joseph Riley. O ataque ocorreu por volta de 21h locais (22h em Brasília) e, segundo a polícia local, um rapaz branco abriu fogo dentro do templo.

A polícia não forneceu a identificação dos mortos e do ferido.

Segundo a rede “NBC”, um senador democrata estaria entre as vítimas. O reverendo Al Sharpton, líder de direitos civis em Nova York, tuitou que o senador Clementa C. Pinckney morreu no ataque.

A afiliada da "CNN" na região disse que Elder James Johnson, presidente da organização de direitos civis National Action Network na região, confirmou a morte de Pinckney. O senador Kent Williams, também representante da Carolina do Sul, confirmou à "CNN" a morte de seu colega no Senado.

O jornal “The New York Times” informou que Pinckney é reverendo no templo, e que sua morte foi confirmada pelo deputado J. Todd Rutherford. Segundo ele, a irmã de Pinckney também morreu. As informações ainda não foram confirmadas pelas autoridades.

Frequentadores de igreja atacada em Charleston se abraçam após tiroteio (Foto: David Goldman / AP Photo)Frequentadores de igreja atacada em Charleston se abraçam após tiroteio (Foto: David Goldman / AP Photo)

O tiroteio ocorreu na Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas da comunidade negra. Após o ataque, uma ameaça de bomba chegou à polícia local, que isolou o quarteirão onde está localizada a igreja.

Em sua conta no Twitter, a polícia de Charleston afirmou que estava buscando um suspeito branco, loiro, do sexo masculino e com cerca de 21 anos. Ele teria disparado contra os fiéis da igreja durante uma cerimônia. Ele estava vestindo um moletom cinza, calça jeans e botas.

O homem abriu fogo durante uma sessão de estudos bíblicos, muito frequentes nas igrejas do sul dos Estados Unidos, tanto durante a semana como aos domingos.

Crime de ódio
“Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas foram transportadas para um hospital, mas uma delas não resistiu e morreu. Temos nove mortos”, disse o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen. Ele afirmou que foi um “crime de ódio”.

Grupo se reúne para orar após tiroteio em igreja de Charleston (Foto: David Goldman / AP Photo)Grupo se reúne para orar após tiroteio em igreja de Charleston (Foto: David Goldman / AP Photo)

Um homem foi visto sendo algemado e preso por policiais após o incidente, mas ainda não se sabe se ele era o autor dos disparos.

Ele (atirador) obviamente é extremamente perigoso. Vamos colocar todos os nossos recursos, vamos colocar toda a nossa energia em encontrar essa pessoa"
Gregory Mullen, chefe de polícia de Charleston

Imagens de emissoras de TV mostraram helicópteros sobrevoando a área, ambulâncias e muitos policiais.

“Trata-se de uma tragédia desoladora nessa igreja histórica”, afirmou o prefeito Riley ao jornal local “The Post and Courier”.

"Ele (atirador) obviamente é extremamente perigoso", disse o presidente o chefe de polícia Mullen. "Vamos colocar todos os nossos recursos, vamos colocar toda a nossa energia em encontrar essa pessoa", afirmou.

Policiais e cães vasculham a cidade à procura do suspeito. A polícia pediu aos cidadãos para ligar para o 911 para denunciar suspeitos.

A Emanuel African Methodist Episcopal Church é uma das mais antigas igrejas da comunidade negra dos EUA. Denmark Vesey, um dos fundadores do templo, liderou uma revolta de escravos fracassada em 1822.

Imagens de câmeras de segurança fornecidas pela polícia mostram o suspeito do tiroteio em Charleston (Foto: AP)Imagens de câmeras de segurança fornecidas pela polícia mostram o suspeito do tiroteio em Charleston (Foto: AP)

Tensão racial
O crime representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.

Este foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes similares ao cometido em Charleston, que provocaram uma grande tensão racial no país.

Jamais entenderemos o que motiva uma pessoa a entrar em um dos nossos locais de oração e tirar a vida de outros"
Nikki Haley, governadora da Carolina do Sul

Após o tiroteio em Charleston, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, fez um apelo aos moradores.

"Minha família e eu oramos pelas vítimas e os parentes afetados pela tragédia sem sentido desta noite" na igreja, disse a governadora.

"Enquanto ainda ignoramos os detalhes, sabemos que jamais entenderemos o que motiva uma pessoa a entrar em um dos nossos locais de oração e tirar a vida de outros."

Jeb Bush, pré-candidato republicano à Casa Branca nas eleições de 2016, que deve participar de um comício em Charlotte, na Carolina do Norte, escreveu no Twitter que "nossos pensamentos e orações estão com os indivíduos e famílias afetadas pelos trágicos fatos de Charleston".

A pré-candidata democrata Hillary Clinton, que participou na quarta-feira de um ato eleitoral na cidade, escreveu no Twitter: "Notícias terríveis de Charleston. Meus pensamentos e minhas orações estão com vocês".

Mike Huckabee, outro republicano que sonha com a candidatura à Casa Branca, também expressou pêsames.

Um homem se ajoelha em frente a igreja atacada (Foto: Wade Spees / The Post e Courier / via AP Photo)Um homem se ajoelha em frente à igreja atacada (Foto: Wade Spees / The Post e Courier / via AP Photo)

 

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