04/07/2015 00h26 - Atualizado em 04/07/2015 00h32

Testemunha diz que madrasta já teria tentado agredir menina morta no AM

Titular da DEHS diz que provas são suficientes para incriminar suspeitos.
Além da madrasta, pai e tio são suspeitos da morte de menina em Autazes.

Sérgio RodriguesDo G1 AM*

Uma testemunha relatou para a polícia que a madrasta de Grazielly dos Santos Costa, de 9 anos - encontrada morta no dia 19 de junho no interior do Amazonas -, já teria tentado agredir a menina. Segundo o delegado Ivo Martins, titular da Delegacia Especializada em Homicídio e Sequestros (DEHS), as provas coletadas sobre o caso são suficientes para incriminar o pai, tio e madrasta, suspeitos de terem assassinado a criança. O trio foi encaminhado a cadeia pública nesta sexta-feira (3), em Manaus.

Em entrevista ao G1, o delegado falou sobre os detalhes da investigação. Um das testemunhas do caso, informou para a polícia que a madrasta da vítima tentou jogar uma bicicleta na menina e que estava descontente a ponto de cometer uma "loucura".  A polícia também investiga se o crime foi motivado pelo pagamento de uma pensão alimentícia.

"Não só a dívida, circunstâncias outras faziam com que a Gilmara [madrasta] encontrasse motivo para poder tirar a vida da Grazielly, e isso tá muito bem delineado nos autos. É importante ressaltar o ótimo trabalho investigativo dos delegados titulares em Autazes", disse o delegado.

O titular da DEHS acrescentou ainda que madrasta passou por um teste de reconhecimento por parte de uma testemunha. "Ela foi efetivamente reconhecida. Porém, o reconhecimento em si não é a única prova. Tem notícia de que ela teria jogado uma bicicleta na menina, tem testemunho em que a Gilmara fala do descontentamento dela em relação a menina a ponto de ela fazer uma loucura, coisas desse tipo. São muitas as informações que dão conta da participação deles", afirmou Martins.

Madrasta de Grazielly se emocinou durante depoimento  (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM)Madrasta de Grazielly se emocinou durante depoimento (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM)

Martins declarou, ainda,  que existem provas técnicas da participação dos três acusados e mais de 20 testemunhas, que constam nos autos, noticiam o caminho percorrido pelos envolvidos durante o crime.

"A maneira com a qual a menina foi abordada, o local para aonde se dirigiram, circunstâncias outras que os colocam na cena do crime, isso tudo tá bem delineado na investigação. Só não é interessante anteceder detalhes agora tendo em conta que a investigação ainda está em curso. Mas, asseguro que todos os elementos informativos coletados até o momento, que serão submetidos ao contraditório mais a frente, dão conta da participação efetiva dessas três pessoas", informou.

Sobre as penas que podem ser cumpridas caso os trio seja culpado, Martins explicou que as condutas devem ser individualizadas com base no trabalho investigativo. "Todo mundo responde por homicídio? Pode até ser, só que cada um na medida da sua culpabilidade. Se um dirigiu e o outro enforcou, aquele que participou diretamente da morte da menina terá uma pena mais grave. Mas o juiz vai considerar isso na hora de aplicar a pena".

Grazielly dos Santos Costa morreu aos 9 anos (Foto: Arquivo pessoal)Grazielly dos Santos Costa morreu aos 9 anos
(Foto: Arquivo pessoal)

Entenda o caso
Grazielly desapareceu no dia 17 de junho quando ia para escola. Segundo familiares da menina, um carro de cor prata e placas não identificadas parou e levou a garota.

Outra criança e uma professora viram a cena e recolheram a mochila e a sandália que Grazielly deixou cair. Elas informaram o ocorrido à mãe de Grazielly, que denunciou o caso à polícia.

O corpo da criança foi encontrado dois dias depois em um ramal - estrada vicinal - na Zona Rural de Autazes, em avançado estado de decomposição. Um laudo preliminar emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), divulgado no dia 22, apontou que a menina foi morta por asfixia.

Além da madrasta Gilmara França de Souza, Gilbervan de Jesus Eloi e Gilbermilson de Jesus Eloi, pai e tio da vítima, foram presos suspeitos do crime. Os suspeitos foram detidos no dia  24 de junho, cinco dias após o corpo da menina ter sido encontrado na cidade de Autazes, situada a 110 km de Manaus. A mulher e os dois homens foram transferidos para a Delegacia Especializada em Crimes e Sequestros (DEHS), na capital, no mesmo dia da prisão.

(*Colaborou Indiara Bessa, do G1 AM )

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