Decoração
Casa de praia rústica na Bahia
Em meio a escolhas simples, na praia baiana de Caraíva, casal decide que uma cabana seria o bastante para viver uma nova história. Madeira de demolição, fibras naturais e um belo jardim definem o espaço
2 min de leituraRua da Praia, sem número. Assim começa essa história, que une uma mineira e um francês em Caraíva, Bahia. O ano era 2002, e a vida da psicanalista, essencialmente urbana, era em Belo Horizonte. Naquele Réveillon, em Tiradentes, MG, ela conheceria o amor que buscava há tempos: um francês, produtor cultural, que havia se cansado da agitação de Paris e se apaixonou pelo litoral baiano. Instalado em Caraíva poucos anos antes, ele sonhava erguer uma morada lá. E assim o encontro se fez: ela topou os novos ares e se mudou para a cidadezinha encravada entre o rio e o mar, onde escreveriam um capítulo inédito de vida. A ideia de um bangalô agradou assim que conheceram a África, em uma viagem. “Percebemos que era tudo o que precisávamos para viver”, ela conta.
Eis que, em 2009, surgiu um bar à venda na praia, em um terreno de 5 mil m². Isso bastou para o arremate. Encomendaram um projeto à arquiteta Camila Toledo. “Eles já sabiam o que queriam. Apenas priorizei o conforto, a mão de obra local e a madeira de demolição mineira. Tudo se resolveu rápido”, resume. Assim, foram construídas a área de estar e as duas cabanas de 50 m², ambas com um quarto, uma suíte e varanda. Uma de madeira para o casal e a outra de alvenaria, caiada, para as visitas. No piso, cimento queimado. Mas há também fibras naturais de coco, palha e piaçava. Nesse espírito, deixaram de lado portas e janelas no living para ver o mar. “Não há nada a ser roubado”, diz a moradora, que emenda: “De vez em quando, algum andarilho entra e dorme no sofá. Mas rimos, faz parte da escolha”. Com a maresia, interruptores de energia são trocados todo mês – um pequeno custo diante da riqueza de viver ali.
Há seis anos, a psicanalista criou a ONG Caraíva Viva, que oferece atividades culturais à comunidade local. A vida por lá parece simples, mas não na visão do casal. “Acordo, coloco o chinelo, caminho na praia, mergulho, volto à casa e vou para o trabalho. Isso, para mim, é sofisticado. Abre-se mão do supérfluo para dar espaço ao essencial”, diz ela. Quem quiser sentir esse gosto pode alugar por alguns dias a cabana de alvenaria – na internet, o paraíso é encontrado pelo nome Le Paxá. Até gente famosa tem ocupado o lugar, em lua-de-mel. Nada mais poético para começar uma história.