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Protesto antirracismo em Israel deixa dezenas de feridos

Manifestação contra violência polícia foi organizada por judeus etíopes

Manifestante segura cartaz em frente à linha de policiais montados em cavalos
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BAZ RATNER/REUTERS
Manifestante segura cartaz em frente à linha de policiais montados em cavalos Foto: / BAZ RATNER/REUTERS

TEL AVIV Cerca de cinquenta pessoas ficaram feridas em confrontos entre forças de segurança e manifestantes da comunidade etíope israelense que protestavam contra a violência policial neste domingo. O movimento antirracismo ganhou força no país após a divulgação de um vídeo em que um soldado israelense negro e de origem etíope, mas sem uniforme, é agredido por policiais.

Os confrontos começaram na Praça Rabin, onde milhares de judeus etíopes se reuniram para questionar a violência policial. Manifestantes viraram um carro da polícia e jogaram garrafas e pedras nos agentes de segurança.

De acordo com as autoridades, 46 policiais e ao menos sete manifestantes se feriram - e vinte e seis manifestantes foram detidos.

Os policiais usaram canhões de água, gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral para dissipar a multidão.

— Estou farta do comportamento da polícia, eu não confio neles mais. Quando vejo um policial na rua eu cuspo no chão — disse uma manifestante não identificada ao Canal 2.

Outro manifestante afirmou ao Canal 10 que a história de humilhação é longa no país.

— Nossos pais foram humilhados por anos. Não estamos mais preparados para esperar que sejamos reconhecidos como cidadãos iguais. Pode demorar alguns meses, mas vai acontecer — disse o homem, também não identificado.

REUNIÃO COM PREMIER

Os dois policiais que agrediram o soldado foram suspensos por uso excessivo da força. Políticos israelenses, preocupados com as comparações com a violência policial nos Estados Unidos, tentaram acalmar as tensões.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que ainda trabalha para formar uma governo de coalizão depois das eleições de março, pediu calma e anunciou uma reunião para segunda-feira sobre o tema.

Ele irá se encontrar com líderes etíopes israelenses e também com Demas Fekadeh, o soldado que foi filmado apanhando dos policiais. A reunião também contará com representantes de vários ministros, como da Seguridade Social, Segurança e Interior, além de comandantes da polícia.

— Todas as reclamações serão observadas mas não espaço para tal violência e perturbações — disse Netanyahu.

Mas apesar dos pedidos de calama os manifestantes continuavam nas ruas durante a noite. Após saírem da Praça Rabin, que fica no centro da cidade, pequenos grupos continuaram a protestar em outras partes.

Mais cedo, o trânsito chegou a ser suspendido por várias horas pelos manifestantes em importantes vias de Tel Aviv. Alguns ativistas afirmaram que grupos isolados de manifestantes foram incitados a promoverem a violência, apesar do caráter pacífico da convocação feita por eles.