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A vida para a família Obama depois da Casa Branca

Escolha de Chicago como sede da futura biblioteca presidencial prepara rotina após fim do mandato do presidente dos EUA

Michelle, Malia e Obama no jardim da Casa Branca: filha mais velha será a primeira a definir futuro, com escolha de universidade
Foto: DOUG MILLS / NYT/4-1-2015
Michelle, Malia e Obama no jardim da Casa Branca: filha mais velha será a primeira a definir futuro, com escolha de universidade Foto: DOUG MILLS / NYT/4-1-2015

WASHINGTON — O contrato só termina ao meio-dia de 20 de janeiro de 2017. Mas a família Obama já começou a simbolicamente arrumar as malas para deixar a Casa Branca. O presidente Barack e a primeira-dama Michelle definem, pouco a pouco, como dar sequência ao legado dos primeiros ocupantes negros do número 1600 da Avenida Pensilvânia, enquanto a primogênita do casal, Malia, embarcou na turnê de visitas a universidades. A caçula Sasha ainda estará cursando o ensino médio ao fim do segundo mandato, mas o pai lhe deu função primordial: bater o martelo sobre a cidade da próxima residência, após oito anos de inquilinato em Washington.

Em maio, foi anunciado que o Centro Presidencial Barack Obama — que abrigará a biblioteca com todos os documentos de sua Presidência e os arquivos pessoais dele e da primeira-dama — será construído no South Side de Chicago, berço político de Obama.

Disputa por futura residência

A cidade venceu Nova York e Honolulu na acirrada disputa. A fundação que leva o nome do presidente terá que levantar estimados US$ 500 milhões para erguer o centro, cuja inauguração está prevista para 2020.

— Foi em Chicago que conheci minha mulher e onde minhas filhas nasceram. E eu realmente me tornei um homem quando me mudei para Chicago — afirmou Obama em vídeo, ao lado de Michelle.

Para o presidente, o centro pode “atrair o mundo” para sua cidade de coração. A primeira-dama também demonstrou grande animação.

— Estou muito emocionada de poder colocar uma instituição deste porte no coração do bairro que significa o mundo para mim — disse Michelle, em referência ao South Side onde os Obama mantêm casa.

A escolha aumentou a especulação sobre onde a família vai morar quando deixar a Casa Branca. O centro terá espaço para um escritório para Barack e Michelle, mas o presidente da fundação, Marty Nesbitt, negou-se a comentar se o casal voltará permanentemente à cidade.

Nesbitt, amigo pessoal do presidente e sua mulher, animou a bolsa de apostas no início do ano, ao comprar por US$ 8,7 milhões a mansão que servia de cenário para o seriado “Magnum” numa praia paradisíaca do Havaí, terra natal de Obama. Os rumores eram que Nesbitt estaria fechando a aquisição em nome do presidente, mas a Casa Branca negou.

Nova York também aparece na lista de cotadas, após “vazamento” de informações por supostos amigos do primeiro-casal. Seja onde for, um dos principais fatores de escolha será qual o melhor ambiente para que Sasha termine os estudos. Hoje, a caçula e a irmã frequentam a exclusiva Sidwell Friends School, em Washington. Sair ou ficar na capital será uma decisão de Sasha, em coordenação com a mãe, afirmou Obama em várias ocasiões.

— O voto dela terá grande peso. Porque ela, e, claro, a mãe, fizeram muitos sacrifícios pelas minhas ideias doidas, do tipo concorrer à Presidência — brincou o presidente, referindo-se a Sasha, que só entrará na faculdade em 2019.

Malia, por sua vez, será caloura na universidade no segundo semestre de 2016, antes de o segundo mandato acabar. Por isso, desde o ano passado a primogênita dos Obama está visitando vários campi EUA afora, frequentemente na companhia da mãe. Malia já conheceu Stanford e Berkeley, na Califórnia, e NYU, Columbia e Barnard College, em Nova York.

A indefinição sobre moradia e educação se contrapõe à cada vez mais clara opção de atividade para Barack e Michelle após deixarem a Casa Branca: a militância social. No início de junho, foi lançada a ONG My Brother’s Keeper Alliance, criada a partir do programa federal de geração de oportunidades para jovens negros e hispânicos de bairros carentes.

Autobiografia à vista

O presidente deverá engajar-se ativamente na organização após o fim de sua jornada de comandante-em-chefe, retomando suas origens de líder comunitário.

— Esta permanecerá uma missão para Michelle e eu, não apenas no restante da minha presidência, mas para o resto da minha vida — afirmou Obama no lançamento da ONG, que conta com caixa inicial de US$ 80 milhões doados por empresas e grandes financiadores democratas.

Antes, porém, ele terá de cumprir contrato com a editora Random House e escrever um livro de não ficção. É parte do pacote de publicação da obra “A audácia da esperança”, que previa outros dois livros — ele já escreveu o infantil “Of Thee I sing”.

Certamente, Obama será cortejado para escrever sua autobiografia, assim como Michelle. As ofertas deverão ser extremamente atraentes e praticamente irrecusáveis. Para se ter uma ideia, quando deixou a Casa Branca, Bill Clinton recebeu US$ 10 milhões em adiantamento por suas memórias. À ex-primeira-dama Hillary foram oferecidos US$ 8 milhões.