2015 vai ser o ano dos games brasileiros. E "Run", da produtora sediada em Indaiatuba (SP) Torch Games, é o mais novo jogo nacional a ter sua chegada confirmada para Xbox One e PlayStation 4. O jogo foi exibido na Game Developers Conference (GDC), em San Francisco (EUA), na semana passada. Veja acima a um vídeo da versão "beta" de "Run".
Capitaneado pelo paulista Julio Trasferetti, 20 anos, estudante de ciências da computação na USP, "Run" é um game de furtividade que coloca o jogador no papel de Isaac Wain, um ex-agente diagnosticado com esquizofrenia. Acusado de matar a mulher e a filha, Wain deve resolver quebra-cabeças e se esconder de guardas para fugir da prisão onde está sendo mantido.
Em entrevista ao G1, Trasferetti conta que os desafios de "Run" são variados e envolvem desde abrir uma porta trancada até cruzar uma sala sem ser notado – "apagando as luzes, fazendo algum barulho (...) Acho que um bom 'stealth' tem que oferecer para o jogador diferentes maneiras de resolver um problema".
Também será possível eliminar os inimigos que aparecem pelo caminho de Wain, mas o desenvolvedor da Torch Games diz que isso não será simples. Segundo ele, o emocional debilitado de Wain afeta sua capacidade de matar, o que traz novas dificuldades dependendo do momento do jogo. "Ele carrega a mágoa da morte da família. Matar é uma coisa muito conflitante".
Para Trasferetti, esse aspecto de "Run" é a grande cartada do seu jogo. Se formos considerar o ídolo do rapaz, o japonês Hideo Kojima, criador da série máxima de espionagem "Metal Gear Solid" – "tenho uma influencia muito grande, então um pouco da mecânica pode ter sido influenciada pelo 'Metal Gear'" – pode-se dizer que ele está bebendo das fontes certas.
Em 'Run', jogador controla personagem afetado por esquizofrenia e deve fugir de prisão (Foto: Divulgação/Torch Games)"O grande diferencial do 'Run' é trazer uma complicação mental para o jogo. Que não só é presente no fator história, mas como na jogabilidade em si. Queremos trazer para o jogador uma dificuldade não só física. Assim, ele terá que enfrentar isso nas diferentes situações que vão ser apresentadas. E muitas vezes em momentos tensos e complicados", afirma.
GDC e consoles
Na semana passada, Trasferetti viajou à Game Developers Conference (GDC), em San Francisco (EUA), para apresentar "Run" no exterior e encontrar outros desenvolvedores. O jogo já está acertado para chegar ao PlayStation 4 e Xbox One e foi mostrado na linha de lançamentos do ID@Xbox, o programa da Microsoft para games independentes.
"Sempre tive o sonho de criar para consoles. Fui atrás de como ser um desenvolvedor para essas plataformas e mostramos o nosso material e tudo o que tínhamos do jogo na época. As duas empresas gostaram do projeto e conseguimos muito apoio deles para o desenvolvimento, o que nos ajudou bastante no início", ele conta.
"Sabemos, por sermos jogadores, que o mercado de consoles possui um público alvo enorme e crítico. O que considero muito positivo", diz. "Gostaríamos muito de ouvir dos brasileiros. Tomara que a gente consiga agradar e melhorar para os próximos projetos. Esperamos que o público entenda nossa proposta, mas estamos muito abertos para críticas após, e até antes, do lançamento".
Contando com a ajuda do brasileiro Daniel Zaidan e de profissionais da Suécia, França, Hungria, Marrocos, Estados Unidos e Grécia, "Run" tem previsão de lançamento para outubro de 2015, se tudo der certo.
O game deve receber uma demonstração nas próximas semanas, quando também será criada uma campanha no site de financiamento coletivo Kickstarter. "O Kickstarter vai servir para dar um gás e podermos melhorar a qualidade", diz Trasferetti. O cabeça da Torch Games, porém, garante que o jogo será lançado de qualquer forma.