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Diretor de ‘A queda’ volta ao nazismo em novo filme

Oliver Hirschbiegel conta saga de alemão que não conseguiu assassinar Hitler

Georg Elser (Christian Friedel) é interrogado por nazistas no filme
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Georg Elser (Christian Friedel) é interrogado por nazistas no filme Foto: Divulgação

BERLIM — Tendo em vista o sucesso de “A queda! As últimas horas de Hitler” (2004) e também as milhares de paródias do filme que foram surgindo na internet ao longo dos anos, pode-se ter certeza de que o alemão Oliver Hirschbiegel é um dos maiores especialistas em retratar o nazismo. Por isso, seu novo filme, novamente passado naquele período, foi o destaque de ontem no Festival do Berlim. A diferença é que, em “13 minutes”, o protagonista não é mais Hitler — ele aparece, sim, mas muito pouco. Desta vez, o foco de Hirschbiegel é em quem quis assassinar o ditador.

ATENTADO EM MUNIQUE

“13 minutes” reproduz a incrível história real do alemão Georg Elser, carpinteiro e operário ligado a organizações de esquerda e que, como muitos outros, se opunha ao nazismo. Só que Elser foi além da mera oposição. Em novembro de 1939, ele aproveitou um encontro oficial entre os principais membros do governo numa cervejaria, em Munique, para instalar uma bomba, com o objetivo de matar o führer.

— Nosso filme é a primeira grande tentativa de mostrar que Elser foi um herói — afirmou Hirschbiegel, em entrevista coletiva após a sessão para a imprensa de “13 minutes”. — Espero que ele seja admirado como merece.

Se o plano de Elser tivesse dado certo, Hitler teria morrido apenas um mês depois da anexação da Polônia, três meses antes do início da construção do campo de Auschwitz e sete antes da ocupação de Paris. A Segunda Guerra Mundial teria sido diferente, sobretudo porque no mesmo evento estavam também Goebbels, Heydrich e Himmler, entre três mil membros do Partido Nacional Socialista.

Contudo, Elser deu azar. Na madrugada anterior, ele montou sua bomba-relógio, acertando a detonação para as 21h20m, provavelmente no meio do discurso de Hitler, marcado para começar às 20h30m. Só que o führer tinha outros compromissos e deixou o local às 21h07m, 13 minutos antes. No instante da explosão só restavam 120 pessoas na cervejaria. Sete morreram e 63 ficaram feridas.

Como consequência, Elser foi descoberto, preso, torturado durante anos e executado em abril de 1945, pouco antes do fim da guerra.

— Os nazistas sempre tentaram provar que Elser agia a mando dos EUA e da Inglaterra. Mas não foi verdade — disse Hirschbiegel.