25/05/2015 16h05 - Atualizado em 25/05/2015 16h33

Família do ex-presidente Figueiredo tenta recuperar peças furtadas de sítio

Relíquias eram guardadas em propriedade em Petrópolis, na Serra do Rio.
Segundo a polícia, ex-caseiro confessou o crime e vendeu parte dos objetos.

Andressa CanejoDo G1 Região Serrana

Nora de Figueiredo, Adriana, registrou o caso na delegacia de Itaipava, em Petrópolis (Foto: Vinícius Ferreira/Tribuna de Petrópolis)Nora de Figueiredo, Adriana, mostra parte do acervo no museu (Foto: Vinícius Ferreira/Tribuna de Petrópolis)

A família do último presidente do Brasil no regime militar, João Batista de Oliveira Figueiredo,  tenta recuperar diversos objetos, muitos deles raros, como espadins, medalhas, troféus, móveis e até um pedalinho que foram furtados do Sítio do Dragão, localizado em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Segundo a Polícia Civil, o ex-caseiro confessou o crime. Ele chegou a vender algumas peças, como um tapete persa, para vizinhos do imóvel.

A propriedade em Nogueira, que era reduto de descanso do general do Exército, abriga um museu particular. O local reúne peças que contam a história do ex-presidente e do país, incluindo presentes de outros chefes de estado.

"É lamentável, mas muitos dos objetos tinham grifadas as iniciais JBF" revelou a nora do general que foi presidente entre 1979 e 1985, Adriana Figueiredo, acrescentando que o tapete persa, avaliado em R$ 12 mil, foi vendido por R$ 100. A mulher, que é casada com o filho mais novo do general, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo, explica que a intenção não é punir quem comprou os objetos, mas somente recuperar os bens que fazem parte da história da família e do Brasil.

na parede, o quadro do dia da posse de Figueiredo (Foto: Vinícius Ferreira/Tribuna de Petrópolis)Na parede, o quadro do dia da posse de Figueiredo
(Foto: Vinícius Ferreira/Tribuna de Petrópolis)

O crime estaria sendo cometido há cerca de cinco anos, mas somente há três meses a família começou a desconfiar do sumiço de alguns objetos na propriedade que reúne oito casas. Segundo o delegado titular da 106ª Delegacia de Polícia, Nei Loureiro, o ex-caseiro confessou, na presença do advogado, ter cometido o furto. "Ele alega que pegou e vendeu os objetos porque precisava de dinheiro. Ele disse que devolveria tudo", contou o delegado. O caso foi registrado em abril e divulgado nesta semana.

O ex-caseiro do imóvel trabalhou com a família por 12 anos. Segundo Adriana, a desconfiança sobre a conduta do funcionário aumentou quando ele pediu demissão após ela o ter pressionado sobre a ausência dos bens, além de também reclamar das tarefas diárias que não estavam sendo feitas.

“A área é muito grande, não tínhamos como averiguar em cada casa o que estava faltando. Em janeiro, quando iniciamos a reforma, comecei a dar falta de algumas coisas e o questionava. Ele dizia que havia quebrado, estragado ou algo do tipo. Em março ele pediu demissão alegando que o serviço estava pesado", contou Adriana.

Segundo ela, um policial ligado à família descobriu que ele tinha vendido grande parte do que furtou na vizinhança. “Ele trocou uma sela de cavalo, por exemplo, por quatro frangos. Tínhamos 21 bombas d'água, agora temos seis apenas”, lamentou a mulher do filho de Figueiredo.

Medalha de honra ao mérito Marechal Rondon que Figueiredo recebeu em 1983 (Foto: Vinícius Ferreira/Tribuna de Petrópolis)Medalha de Mérito Marechal Rondon que
Figueiredo recebeu em 1983 (Foto: Vinícius Ferreira/
Tribuna de Petrópolis)

Família avalia a perda
De acordo com a Polícia Civil, o ex-caseiro está ajudando os investigadores na recuperação do material. Adriana explica que ainda não conseguiu levantar a relação de tudo que foi furtado, o que a preocupa ainda mais, pois muitas peças são históricas e com valor emocional. Elas contam a trajetória do general no Exército e como o 30ª presidente da República. A família conseguiu recuperar apenas 40% do que teria sido levado desde que o caso foi registrado.

“A maior parte das coisas levadas foi das cabanas do general e da dona Dulce (ex-primeira dama), que ele praticamente esvaziou. Estou vendo fotos de família para catalogar o que tínhamos e o que está faltando. Da área hípica, por exemplo, que era cheia de selas e bridões de cavalo, só conseguimos recuperar quatro selas, um chicote e um chapéu velho. Fora as coleções de moedas que foram mexidas, medalhas, as espadas do general, bibelôs e baixelas de prata, móveis e roupas de cama”, relatou Adriana.

“São recordações nossas, das minhas filhas, netos e das gerações futuras. Não queremos que sejam perdidas e também não queremos penalizar ninguém”, diz Adriana sensibilizada.

Como não foi preso em flagrante, o ex-caseiro responde em liberdade pelo crime. A pena é de 1 a 4 anos de prisão e, se considerado o agravante de abuso de confiança, pode ser aumentada para entre 2 e 8 anos.

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