Reuters

02/07/2015 18h28 - Atualizado em 02/07/2015 18h28

Estreia: 'Belas e Perseguidas' tem Reese Witherspoon e Sofía Vergara

Filme tem protagonistas mulheres em comédia de ação sobre amizade.
Roteiro peca ao repetir estereótipos para tentar extrair a graça da história.

Da Reuters

Sofía Vergara e Reese Witherspoon em 'Belas e perseguidas' (Foto: Divulgação)Sofía Vergara e Reese Witherspoon em 'Belas e perseguidas' (Foto: Divulgação)

Durante os erros de gravação apresentados junto aos créditos finais de “Belas e Perseguidas” (2015), Reese Witherspoon brinca, ao interromperem a gravação, que atrapalharam a melhor cena de sua carreira. Algum desavisado pode pensar que tal sarcasmo demonstra certo arrependimento por parte da atriz, mas ela sabia muito bem em que barco estava entrando, já que produziu o filme.

A estrela abriu uma produtora há dois anos quando, segunda a própria, viu suas atrizes favoritas lutando para conseguir papéis medíocres. Seus primeiros lançamentos foram o excelente “Garota Exemplar” (2014) e o bom “Livre” (2014), sendo que o último ela protagonizou e foi indicada ao Oscar.

Sofía Vergara e Reese Witherspoon em 'Belas e perseguidas' (Foto: Divulgação)Sofía Vergara e Reese Witherspoon em 'Belas e
perseguidas' (Foto: Divulgação)

Dentro dos princípios da criação de sua empresa, sua mais nova produção parece, inicialmente, uma ótima escolha, pois investe em duas protagonistas femininas para uma comédia de ação no estilo buddy film – aqueles que têm como foco a amizade, comumente, entre dois caras e que ficaram famosos no gênero policial, como na série “Máquina Mortífera”.

Em uma rápida busca em sua memória, o leitor provavelmente só se lembrará do clássico “Thelma & Louise” (1991) e do recente “Bem-Armadas” (2013) como exemplos de aventuras protagonizadas por uma dupla de mulheres. O recente sucesso de crítica e/ou bilheteria obtido por comediantes como Tina Fey, Amy Poehler, Kristen Wiig e Melissa McCarthy torna a aposta ainda mais interessante.

Entretanto, de todo o avanço dado pelo projeto, ao ver sua execução, é possível se dar conta de que o longa “voltou algumas casas” neste caminho. Não que o retrocesso esteja no retorno de Reese às comédias, porque elas são a base de sua carreira e “Eleição” (1999) e “Legalmente Loira” (2001) mostram o seu talento para o gênero.

A questão é que, com a oportunidade que tinha em mãos, a direção de Anne Fletcher – coreógrafa em vários filmes e diretora de “Vestida Para Casar” (2008) e “A Proposta” (2010) – e o roteiro de David Feeney e John Quaintance – ambos vindos de séries de TV como “2 Broke Girls” e “Ben and Kate” (2012-2013) – pecam ao repetir estereótipos para tentar extrair a graça da história.

Nela, Witherspoon é a policial Cooper, que segue os passos do correto pai – a sequência inicial de sua infância e adolescência no banco da viatura dele é, talvez, um dos poucos momentos inspirados e originais do filme. Mas, por ser “caxias” demais, acabou cometendo excessos que a tiraram das ruas de San Antonio e a transformaram em piada interna.

Sua chance de voltar à ação aparece quando o braço direito (Vincent Laresca) do temido traficante Vicente Cortez (Joaquín Cosio) decide delatar o chefe, e ele e sua mulher, a Sra. Riva (Sofía Vergara), necessitam de escolta armada para depor em Dallas. Duas duplas de assassinos, porém, surpreendem a todos e a única opção de Cooper e Riva para escapar da morte – e depois, de serem presas injustamente – é saírem juntas pelas estradas do Texas, até chegarem ao destino inicial.

Reese novamente faz uma personagem determinada e controladora, enquanto a colombiana Sofía, de “Modern Family” (2009-2015), encara mais uma “mulher latina”, com todos os clichês possíveis que acompanham o termo. Ou seja, corpo escultural, seios fartos e o sotaque. Mesmo que a fachada delas seja desconstruída durante o enredo, os arquétipos ainda chamam a atenção. Além da preguiça, mais na construção dos personagens do que no casting, soma-se a repetição de piadas com tipos físicos, especialmente em relação à altura de Cooper/Witherspoon e à idade de Riva/Vergara, gêneros, etc.

Contudo, não se surpreenda se flagrar a si próprio rindo durante o filme. Mesmo com um roteiro fraco e uma direção nada ousada, as duas atrizes se entregam nos papéis e têm química suficiente para tornar a relação autodepreciativa das protagonistas eventualmente algo engraçado e ligeiramente sincero. Mas é certo dizer que não é uma comédia que arrancará gargalhadas do início ao fim.

Se “Belas e Perseguidas” motivar outros realizadores a fazerem filmes com protagonistas realmente fortes, já será um grande feito para uma produção que não inova nem na presença dos erros de gravação. Mas é neles que se percebe que nem o elenco nem a equipe levam o longa tão a sério. Melhor o público fazer o mesmo.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

 

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de