O clima úmido e frio de São Francisco Xavier, refúgio paulista na Serra da Mantiqueira, convida a curtir a natureza, principalmente no inverno. A 1.200 m de altitude, com vista para os vales com araucárias, a casa de campo de 263 m² foi a realização do sonho de um casal de paulistanos, há 15 anos.
“Eles ficaram encantados com a casa que eu tenho lá. Ajudei-os na compra do terreno e fiz um projeto com a identidade deles”, conta o arquiteto Carlos Motta, que executou a obra com madeiras de manejo sustentável e desenhou a maioria dos móveis. Os ambientes combinam o aconchego e a rusticidade das cabanas com uma linguagem contemporânea.
Construção com varanda em L
A construção, no meio do terreno, é dividida em três volumes, ligados por um corredor envidraçado e um deque. O maior abriga a área social, cercada por varanda em L voltada para a melhor paisagem. Atrás fica o bloco da área íntima, com dois quartos e uma suíte, e, na lateral, o de lazer, com salas de jogos e de TV.
“Lá embaixo, fiz uma área gostosa com lareira externa para ficar à noite e uma estrutura para preparar pizza e grelhados”, diz o arquiteto. Perto dali, ele criou uma piscina natural com forma orgânica e revestimento de pedras locais. “Não precisa de tratamento, porque usa água corrente de uma das nascentes da propriedade. Outras abastecem a casa.”
Escolha técnica das madeiras
O arquiteto respeitou a topografia construindo o volume da área social solto do chão. Parte fica apoiada em uma rocha e o restante suspenso por troncos de aroeira, que formam os pilares de sustentação da estrutura. A cozinha, aberta no living, tem parede curva de alvenaria de pedras, recolhidas no terreno. Os demais ambientes são fechados por madeira itaúba, que suporta as intempéries. Os caixilhos das portas e das janelas são de cedro. Favorecido pela farta luz natural que entra pelas aberturas com vidro, o living tem circulação de ar facilitada pelo pé-direito, que chega a 5,50 m no cume do telhado.
Para aquecer os espaços, o arquiteto instalou o fogão a lenha na cozinha perto da mesa de jantar e criou lareira com estrutura de pedras no lado oposto do living. O calor é garantido pelo recheio de manta térmica nas paredes e no teto, revestidos de lambris de angelim-pedra, e no assoalho de cumaru. “Não tenho preocupação estética, mas técnica na escolha das madeiras”, diz. “Como externamente não dou acabamento, elas ficam com cor acinzentada depois de algum tempo.”