Brasil

Neurologista e escritor Oliver Sacks morre aos 82 anos

Autor do livro ‘O homem que confundiu sua mulher com um chapéu’ enfrentava câncer havia nove anos
Oliver Sacks morreu em sua casa em Nova York Foto: Walter Carvalho
Oliver Sacks morreu em sua casa em Nova York Foto: Walter Carvalho

NOVA YORK — O neurologista e escritor britânico Oliver Sacks morreu neste domingo em decorrência de um câncer, aos 82 anos. O escritor, que ficou famoso com livros como o “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, usava seus casos clínicos, pacientes e as doenças que tratava para refletir sobre a consciência e a condição humana. Sua assistente pessoal, Kate Edagr, confirmou que Sacks morreu em sua casa em Nova York.

Em artigo publicado no jornal “New York Times” em fevereiro, o neurologista anunciou que um melanoma em seu olho havia se espalhado para o fígado e que ele estava nos estágios finais de um câncer terminal. Ele enfrentava a doença havia nove anos.

Como médico e escritor, Sacks alcançou um nível de notoriedade raro entre os cientistas. Mais de um milhão de cópias de seus livros foram vendidas nos Estados Unidos, o seu trabalho foi adaptado para cinema e teatro, e ele recebe cerca de 10 mil cartas por ano.

Seu livro “Despertares”, de 1973, sobre um grupo de doentes com casos raros de encefalite, foi levado aos cinemas em 1990, sendo protagonizado por Robin Williams e Robert De Niro.

Sacks foi um cronista ávido de sua própria vida. Em seu livro de memórias, “Tio Tungstênio”, ele escreveu sobre sua infância, sua família médica, e as paixões químicas que despertaram seu amor pela ciência.

Num pequeno intervalo de sua carregada agenda em Nova York, o neurologista participou da Bienal do Livro do Rio e deu palestras em São Paulo, em 2005.

RELATO EMOCIONANTE

No artigo intitulado “My own life” (Minha própria vida), Sacks abordou a recente descoberta de que um terço de seu fígado havia sido tomado por metástases.

“Sinto-me grato por terem sido concedidos nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou cara a cara com a morte. O câncer ocupa um terço do meu fígado e, apesar de seu avanço poder ser retardado, este tipo particular de câncer não pode ser interrompido. Cabe a mim agora escolher como viver os meses que me restam. Tenho que viver da maneira mais rica, mais profunda, mais produtiva que posso”, escreveu Sacks no texto publicano no “NYT”.