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Avião elétrico vai cruzar o Canal da Mancha para demonstrar tecnologia limpa

Será o maior voo já realizado por aeronave deste tipo, com baixa emissão de carbono e ruído

O Airbus E-Fan já fez mais de cem voos, mas o teste da próxima sexta-feira será o mais longo da história
Foto: PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS
O Airbus E-Fan já fez mais de cem voos, mas o teste da próxima sexta-feira será o mais longo da história Foto: PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS

RIO — Há mais de cem anos, Louis Bleriot cruzou pela primeira vez o Canal da Mancha pilotando um avião, um feito que abriu uma nova era na aviação. Na semana que vem, a Airbus pretende realizar um novo voo que pode mudar o setor. O piloto francês Didier Esteyne vai decolar na manhã de sexta-feira do Lydd Airfield, na Inglaterra, a bordo de um avião elétrico para uma viagem de 38 minutos até a França.

Será o maior voo já realizado por um avião movido à energia elétrica. Até então, aeronaves desse tipo só participaram de pequenos voos de teste e shows aéreos em aeroportos. Agora, o Airbus E-Fan vai percorrer uma distância de 35 quilômetros entre a Inglaterra e a França. Caso o voo seja bem sucedido, ele pode abrir uma nova era na aviação comercial, sem emissão de carbono e menor interferência sonora para os habitantes das rotas aéreas. A Airbus já planeja um avião comercial com capacidade para 90 passageiros com propulsão elétrica ou híbrida para 2050.

— Eu estou imensamente excitado em pilotar o E-Fan neste voo histórico — disse Esteyne ao “Telegraph”. — Como muitos outros na indústria da aviação, Louis Blériot foi um herói e uma inspiração para mim. Estou muito honrado em seguir o seu legado com o primeiro voo sobre o Canal da Mancha com um avião elétrico.

O E-Fan é mais econômico que similares convencionais. Uma hora de voo com o pequeno avião elétrico custa apenas R$ 50, contra R$ 170 de uma aeronave de tamanho similar com motores movidos por combustíveis derivados de petróleo. Ele é muito leve, construído inteiramente com fibra de carbono, e pode voar por aproximadamente uma hora a velocidade de 160 quilômetros/hora com uma carga completa de baterias. Se houver algum problema no ar, ele tem paraquedas para uma descida suave ao solo.

A aeronave tem 5,6 metros de comprimento, com envergadura de 11 metros. Ele é impulsionado por dois motores elétricos de 32 quilowatts que abastecem um par de hélices fixados nas asas do avião. Baterias auxiliares alimentam os sistemas de ventilação e resfriamento. As baterias são completamente recarregadas em 90 minutos, o que significa que ele pode voltar ao ar rapidamente.

O E-Fan fez seu primeiro voo em março do ano passado e, desde então, já fez mais de cem voos, mas todos de curta duração. De acordo com a Airbus, voos movidos à energia elétrica, com baixa emissão de carbono, são cruciais para atingir meta estabelecida pela União Europeia para a redução das emissões de dióxido de carbono em 75% e os níveis de barulho em 65% em relação aos níveis do ano 2000.

O E-Fan está previsto para chegar ao mercado em 2017. Um modelo com quatro assentos será lançado dois anos depois, com propulsão híbrida para aumentar a duração dos voos.