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Mia Couto é primeiro autor de língua portuguesa na final do Man Booker International Prize

Argentino César Aira também concorre a um dos maiores prêmios literários do mundo

Mia Couto é autor de livros como “Terra sonâmbula” e “Jerusalém”
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Divulgação
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Mia Couto é autor de livros como “Terra sonâmbula” e “Jerusalém” Foto: Divulgação /

RIO - O autor moçambicano Mia Couto acaba de tornar-se o primeiro autor de língua portuguesa a chegar na final do Man Booker International Prize, um dos principais prêmios literários do mundo. A lista de autores na final foi divulgada na manhã desta terça-feira, na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.

O júri do prêmio enfatizou o caráter “preciso” e “profundo” do uso da língua na obra de Mia Couto, que também é o primeiro autor de Moçambique a chegar à final do prêmio. “Ele tece em conjunto a tradição viva da lenda, poesia e canção. As suas páginas estão cravejadas de imagens surpreendentes”, afirmou o júri, destacando a qualidade de livros como “Terra sonâmbula”, “O último voo do flamingo” e “Jerusalém” — publicados no Brasil pela Companhia das Letras.

Também estão na lista César Aira (Argentina), Hoda Barakat (Líbano), Maryse Condé (Guadalupe), Fanny Howe (Estados Unidos), Ibrahim Al-Koni (Líbia), László Krasznahorkai (Hungria), Alain Mabanckou (Congo), Marlene van Niekerk (África do Sul) e Amitav Gosh (Índia). Nenhum dos finalistas tinha chegado antes à final do prêmio, que bateu um recorde: oito dos dez escolhidos não escrevem em inglês.

É o terceiro prêmio internacional que Mia Couto ganha em sequência. Em 2013, ele havia ganhado o Prêmio Camões — concedido a autores de língua portuguesa pelo conjunto de sua obra. Ano passado, ele recebeu o Neustadt International Prize — tido como “o Nobel americano”.

PRÊMIO AO TRADUTOR

Voltado para o conjunto da obra de cada autor, o Man Booker International Prize é um dos principais prêmios literários do mundo. Ele é a versão internacional do Man Booker Prize, que premia autores de língua inglesa. Concedido a cada dois anos, desde 2005, o prêmio oferece 60 mil libras ao ganhador. Caso seja um autor que não escreva em inglês, ele pode eleger um tradutor de sua obra, a quem é concedido um prêmio de 15 mil libras.

O mais próximo que a língua portuguesa já havia chegado do prêmio foi quando o italiano Antonio Tabucchi chegou à final, em 2005. Especialista em Fernando Pessoa e com uma relação muito próxima com a literatura portuguesa, Tabucchi escreveu o romance “Requiem — Uma alucinação” (1991) em português.

Na sua última edição, em 2013, o Man Booker International Prize premiou a contista americana Lydia Davis. Antes dela, em 2011, o ganhador havia sido Philip Roth. Em 2009, a canadense Alice Munro — que ganhou o prêmio Nobel de literatura em 2013.