• Malu Echeverria
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Amamamentação; aleitamento; mãe; bebê (Foto: Thinkstock)

Como você já sabe e a ciência evidenciou diversas vezes, a amamentação traz incontáveis benefícios, tanto para a mãe quanto para a criança. No bebê, previne infecções, alergias e obesidade na infância, só para citar algumas vantagens. As mães que amamentam, por sua vez, têm menos risco de desenvolver câncer de mama e de ovário, assim como síndrome metabólica, um conjunto de fatores de risco para doenças cardiovasculares, como resistência à insulina e pressão alta. Mas, além da saúde física, não há como deixar de mencionar o impacto nas emoções: esses momentos juntos ajudam a criar e a fortalece o vínculo entre mãe e filho.

Curiosamente, isso está relacionado a aspectos fisiológicos. Ao nascer, o bebê consegue focar melhor rostos e objetos mais próximos, entre 20 e 30 centímetros de distância. “O aleitamento materno oferece as condições ideais, uma vez que a distância quando o recém-nascido está no peito é ótima para que ele visualize o rosto materno”, explica a pediatra Beatriz Nascimento, do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

A amamentação também estimula os demais sentidos do bebê. O leite, o calor e o contato com o corpo da mãe, seu cheiro (que ele reconhece!) e o som dos batimentos cardíacos o instigam. É assim que o ser humano descobre o mundo e começa a ter consciência de si mesmo. “A primeira relação social do bebê seria com a figura da mãe, representada pelo seio materno”, afirma a psicóloga Lália Dayse Farias, do Serviço de Saúde Mental do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), no Rio de Janeiro. “O prazer proporcionado pelo ato de sugar e o amparo da mãe fazem com que o bebê se sinta acolhido e seguro”, completa.

Enquanto isso, no organismo materno, ocorre intensa liberação do hormônio ocitocina, popularmente conhecido como o hormônio do amor. É o mesmo que estimula as contrações uterinas e a descida do leite. Estudos mostram que animais que não produzem ocitocina ignoram seus filhotes, o que leva a crer que a amamentação, também por meio de um processo bioquímico, favoreceria o afeto da mãe pelo bebê.

E quem não pode amamentar?
Isso não significa que o relacionamento com o bebê será ruim. Em primeiro lugar, é preciso reforçar que a criação do vínculo é um processo e – quem diria? – pode começar desde antes da gravidez. “Muitas vezes, se configura ainda na infância, quando a menina constrói culturalmente a ideia de ser mãe ao brincar de boneca”, exemplifica a psicóloga Lália. O sentimento será retomado, de acordo com a especialista, durante o planejamento da gravidez e, depois, na gestação propriamente dita. Mas é claro que tende a se fortalecer a cada dia, na convivência entre a mãe e a criança. “Acredito que, se o bebê for alimentado com afeto, a experiência vai lhe transmitir segurança de qualquer maneira”, opina. Perdem-se alguns benefícios da amamentação, mas não a oportunidade de estreitar o vínculo: o colo, as conversas e o contato da pele na hora do banho e de dormir também cumprem essa função.

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