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A Inter de Milão ataca o mercado brasileiro

A Inter de Milão ataca o mercado brasileiro

Clube italiano vai assumir 27 escolinhas em 17 estados brasileiros para formar cidadãos e atletas com sua filosofia e estilo de jogo

RODRIGO CAPELO
26/10/2015 - 15h57 - Atualizado 27/10/2015 22h58
Javier Zanetti, ex-jogador e atual vice-presidente da Inter de Milão (Foto: Getty Images)

A Inter de Milão vai anunciar na quinta-feira (29), no Maracanã, na presença do ex-capitão e atual vice-presidente, Javier Zanetti, uma investida no mercado brasileiro. O time italiano fechou parceria com as empresas WWSA e BlackTag e vai "herdar" 27 escolinhas em 17 estados brasileiro. O projeto interessa aos italianos sobretudo pelo cunho social. Garotos das classes C, D e E, as mais baixas, terão aulas de inglês, educação financeira, entre outras, além de aprender a jogar o mesmo futebol que os italianos jogam na Europa, para que não tenham o mesmo problema que milhares outros – a maioria dos rapazes que fica pelo caminho no sonho de se tornar uma estrela do futebol chega à fase adulta sem educação e sem profissão.

As unidades já existem. Foram abertas por Markus Schruf, austríaco que veio ao Brasil em 2009 para ser diretor técnico do time de futebol da Red Bull, depois que ele deixou a empresa em 2010. Ele é dono da WWSA e cuidará da parte técnica, esportiva, operacional. A Inter vai rebatizar e chamar as escolinhas de Inter Academy e colocar seus símbolos nelas, procedimento com nome bonito em inglês, rebrand, que vai levar seis meses. Treinadores da equipe italiana virão da Europa, neste período, para dar aulas a treinadores brasileiros. "É a maior parte do trabalho", diz Schruf a ÉPOCA. O diretor técnico da Inter, depois disso, passará a vir ao Brasil a cada dois meses. Eles vão garantir que filosofia e estilo de jogo do clube sejam implementados.

A administração ficará sob responsabilidade de Chris Kypriotis, grego que presidiu a Nike brasileira de 2011 a 2013 e, depois de deixar a fabricante americana, fundou sua própria consultoria, a BlackTag. Kypriotis formou uma sociedade com Schruf e o auxiliou na busca por clubes europeus para expandir as escolinhas. Foi neste ponto que, por pouco, a dupla não fechou com o grego Olympiakos, com o qual Kypriotis tem boa relação. "Era o exato momento em que a crise na Grécia chegou ao auge, então decidimos que não era a hora", conta o consultor. A conversa com a Inter veio em seguida e vingou.

A AEG, americana que atua com gestão de estádios como o Allianz Parque, do Palmeiras, vai cuidar da captação de patrocínios, nova frente que trabalhará no Brasil. A missão dela é levantar R$ 60 milhões em cinco anos – R$ 20 milhões nos três primeiros anos, R$ 40 milhões nos dois últimos. O dinheiro servirá para recuperar o investimento que as duas partes – WWSA e Black Tag – fizeram nas escolinhas. Mas os sócios dizem que, mesmo que não entre um centavo, a chance de as unidades fecharem no meio do caminho não existe. "Não corremos esse risco, tanto que temos contrato assinado com a Inter. Tínhamos que dar garantias a eles", explica Kypriotis.

A Inter, claro, cobra um valor pela parceria, mas os sócios minimizam o custo disso na operação. "Obviamente não posso falar em valores, mas o que pagamos a eles é pouco. Se eu estivesse negociando pelo lado da Inter, cobraria bem mais", diz Kypriotis.

>> Como o Barça usa escolinhas no Brasil não para peneirar jogadores, mas formar fãs

Os patrocínios são importantes porque, por ser um projeto que tem como foco as classes C, D e E, as inscrições são baratas, entre R$ 25 e R$ 40 por mês. É uma proposta bem diferente da que o Barcelona adota no Brasil, onde, por meio da gestão da Klefer, cobra R$ 240 por mês para treinar garotos de classes A e B. A Klefer, com o Barcelona, consegue manter a operação em pé com a receita gerada pelas mensalidades. WWSA e BlackTag, com a Inter de Milão, dependerão dos resultados obtidos pela AEG na área comercial para recuperar tudo o que investiram. A Nike, pelo menos, já sinalizou que entrará no projeto com a cessão de uma cota de materiais esportivos.

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