Quando Eddie Vedder der "goodbye" ao Maracanã, no dia 22 de novembro, encerrando a série de 5 shows no Brasil, a carioca Lívia Ducommun, 36 anos, vai completar 90 shows do Pearl Jam assistidos pelo mundo. Somados às 29 vezes em que ela viu o vocalista solo, já são 114 shows com o líder da banda grunge - 119 no fim dos cinco shows no Brasil.

Para ver tantos shows do Pearl Jam, Lívia viaja desde 2002, e já conquistou territórios na América do Sul, América do Norte e Europa. De Seattle a Buenos Aires, da República Checa ao Chile, Lívia conheceu boa parte do mundo através do Pearl Jam. Para não se perder nas memórias, ela registra todos os shows em planilhas de Excel, coleta estatísticas em sites feitos para fãs, fotos e vídeos (veja acima).

Wikipearl Jam
Até agora, a fã viajante viu ao vivo 2431 execuções de músicas. Várias repetidas, claro. Ouviu Vedder berrar "Even flow" 73 vezes. Das faixas presentes em shows, faltam seis para completar a longa discografia. "'Driftin'' já ouvi diversas vezes nos shows solo, mas nunca a banda tocando. Então as que eu realmente nunca ouvi ao vivo são essas: 'Fatal', 'Dirty Frank', 'U', 'Hitchhiker' e 'Strangest tribe'", contabiliza, minuciosa.

Mas não é a numeralha o mais importante para a administradora, que trabalhou na IBM e hoje bate ponto em uma empresa de marketing. "O show te leva para outra dimensão. Eu me emociono muito. Junto com outros fãs, você não se sente tão estranha: chora, ri das coisas que ele fala, fica 100% envolvida. Por isso a gente quer mais e mais", diz.

Entre os fãs brasileiros, ela diz que nunca encontrou alguém que tenha visto mais shows que ela do Pearl Jam. "Eu só digo a quem me pergunta e não acho que isso é o mais relevante. Tem gente que viu um show só, e que para isso teve que fazer um esforço maior que o meu. O que vale é isso", diz.

Lívia Ducommun, 36 anos, foi a 85 shows do Pearl Jam

Dois amores
Duas paixões impulsionaram a volta ao mundo em 114 shows. A primeira, não tem jeito, foi Vedder. "Em 1993, uma amiga minha falou: 'Lívia você tem que ver o 'Acústico MTV' dessa banda nova. A gente achava que era nova, no Brasil as coisas demoravam a chegar. Vimos o VHS e foi amor à primeira vista. A voz do Eddie Vedder é uma coisa diferente, toca fundo. Até achamos ele lindo. Vimos umas 20 vezes."
 
Só que, na época, ver show do Pearl Jam era sonho distante para um fã brasileiro. Lívia ficava na internet, em fóruns dedicados à banda. "No início de 2001 conheci um cara dos EUA no site, que falou que tinha fotos de um show, e eu pedi para mandar por e-mail. Começamos a conversar e e ele sentiu que ele podia me ajudar a realizar um sonho. E acabou que virou romance. Em 2002 vimos nossos primeiros shows do Pearl Jam nos EUA juntos, em Seattle."

Durante dez anos, sempre que podiam, ele vinha para o Brasil, ela ia para os EUA ou eles se encontravam na Europa. Além de sincronizarem as férias, eles tentavam encaixar o máximo possível de shows do Pearl Jam nas viagens. "A gente constinua super amigo, até se vê nas turnês, mas não deu certo o namoro, acabou em 2012".

Lívia Ducommun, 36 anos, foi a 85 shows do Pearl Jam

Preço da paixão
"Quando terminamos, eu fiquei: 'Ai, meu Deus, e agora?'". A dúvida era sobre continuar a ir em shows sozinha, sem a companhia de dez anos. "Mas conheci um grupo de brasileiros incríveis para ir junto nos shows. Tenho amigos de coraçao e de vida que conheci por causa da banda. Agora companhia não falta."

E quanto custou a empreitada? "Nunca parei para pensar, justamente para não me assustar. Acho que cairia dura no chão [se contasse o custo total de todos os shows]. Só para estes cinco shows no Brasil, por exemplo, estou gastando cerca de R$ 6 mil. Vale a pena. Tanto que eu não parei até hoje", afirma.

No bolso de Vedder
"Eu não sou mto de levar cartazes, essas coisas. Mas em um no show de 2012, em Oslo, foi meu 60º. Meus amigos insistiram para eu fazer um cartaz dizendo isso. Quando acenderam as luzes em 'Yellow ledbedder', eu deu uma levantadinha discreta. O Eddie viu apontou e disse: 'Uau, 60'. Aí eu joguei um beijo. Ele fez um gesto de pegar o beijo no ar e colocar no bolso. Não pode ter coisa melhor", conta.