25/11/2015 12h20 - Atualizado em 25/11/2015 14h15

Polícia apura agressão de prefeito contra a própria filha, em Piracanjuba

Fotos da menor com lesões na boca e nas costas circulam em redes sociais.
Administrador explica que deu 'corretivo' por filha tirar foto em momento íntimo.

Fernanda BorgesDo G1 GO

Denunciado por agressão, prefeito diz que deu 'corretivo' na filha; vídeo em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Imagens postadas em redes sociais mostram lesões na filha de prefeito (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

A Polícia Civil investiga a agressão feita pelo prefeito Amauri Ribeiro (PRP) contra a própria filha, de 16 anos, em Piracanjuba, no sul de Goiás. O caso ganhou repercussão após a divulgação de fotos da menina com lesões nas costas e na boca em redes sociais. Em um vídeo publicado na web, o administrador confirmou que bateu na adolescente. Ao G1, ele esclareceu que deu 'corretivo' por filha tirar foto em momento íntimo (Leia abaixo).

"As fotos são verdadeiras. Minha filha tomou um corretivo e eu não me arrependo de ter dado esse corretivo. Qualquer pai que tenha amor pela moral e zelo pela sua família teria se desesperado ao ver o que eu vi", diz Ribeiro em um trecho do vídeo.

De acordo com o delegado Leílton Benedicto de Arruda Barros, que é de Caldas Novas, mas também responde por Piracanjuba, um inquérito será instaurado nos próximos dias.

“O caso não chegou a ser denunciado por nenhum familiar, mas estive na cidade, me interei da situação e já ouvi o prefeito, informalmente. Ainda nesta semana vamos convocar os envolvidos para prestar os devidos esclarecimentos e saber se houve o crime de lesão corporal”, disse ao G1.

A agressão ocorreu no último dia 20 e, após a divulgação das imagens, o Conselho Tutelar fez a denúncia ao Ministério Público de Goiás (MP-GO). O promotor da Infância e da Juventude de Piracanjuba, Keller Divino Adorno, informou que já ouviu a adolescente.

"Ela esteve na promotoria [na terça-feira, 24] acompanhada da mãe. A jovem explicou que apanhou de cinto, fez as fotos e repassou à avó materna que, por meio de um parente, publicou no Facebook. Ela confirmou que, apesar da situação, não quer uma medida protetiva contra o pai", contou Adorno.

O promotor ressaltou que a garota não apresentava mais sinais da surra e, após ser ouvida, foi liberada para voltar para casa. Foi instaurado um procedimento para apurar o caso, que será encaminhado à Promotoria Criminal.

Motivação
Em entrevista ao G1, na manhã desta quarta-feira (25), o prefeito Amauri Ribeiro esclareceu os motivos que o levaram a agredir a filha. “Eu estava com o celular dela gravando um vídeo de uma brincadeira entre ela e minha outra filha, quando decidi olhar as fotos. Lá vi algumas imagens que me desconcertaram e, ao questioná-la, ela negou, mas a prova estava lá. Aí, fiquei nervoso, me descontrolei, e acabei dando um tapa na boca dela”, contou.

Segundo Ribeiro, toda a situação foi provocada por fotos da menina em momentos íntimos. “Ela foi a uma festa na casa de uma colega quando, em um quarto, foi fotografada de calcinha. Perguntei a ela que situação era aquela e ela continuou negando. Só admitiu que era ela depois que eu já tinha dado o tapa. Mas aí peguei um cinto e bati nas costas dela”, relatou.

O prefeito diz que, apesar de ter cometido a agressão para punir o que considerou um “mau comportamento da filha”, ele reconhece que agiu por impulso. “Eu fiquei muito preocupado, não só pela situação em que ela estava em si, mas pelo risco de que aquelas imagens vazassem por aí. Eu conversei muito com ela, mas isso não faz mais efeito, ela está em uma fase rebelde. Realmente a surra pode não ser a melhor punição, mas eu não encontrei outro jeito”, disse.

Ainda segundo Ribeiro, apesar do ocorrido, a filha segue em casa e estudando normalmente. “Ela está muito brava comigo, pois ainda acha que tinha razão. Mas até a mãe dela, que é uma pessoa muito religiosa, não apoia o fato de eu ter batido, porém, também não concorda com o que a nossa menina estava fazendo. Apesar de tudo, vou lutar por manter a moral da minha família a qualquer custo”, ressaltou o prefeito.

Questionado sobre as investigações do caso, ele garantiu que vai colaborar com as autoridades. “Estou tranquilo, pois admito o que eu fiz e reforço que a minha atitude foi para corrigir a minha filha. Se eu não fizesse isso e lá na frente ela errasse, a culpa seria minha de não ter tomado uma atitude. Pode não ter sido a melhor, mas foi a que encontrei”.

Polêmica
Esta é a segunda polêmica em que o prefeito se envolve em menos de um mês. No último dia 5 de novembro, discutiu e quase agrediu o vereador Reinaldo Celestino (PSC), que é deficiente físico, durante uma sessão na Câmara Municipal.

A briga começou depois que a base do prefeito foi criticada na Casa durante discussão sobre o projeto de lei que pretende diminuir o número de vereadores da cidade (veja vídeo acima). Na ocasião, Ribeiro informou, por telefone, que não tinha a intenção de agredir Celestino.

Segundo o prefeito, o vereador o ofendeu durante todo o discurso e disse que não tinha medo de falar tudo "cara a cara". Por isso, segundo o prefeito, ele se levantou e se dirigiu ao parlamentar.

“Ele me ofendeu durante uns oito minutos, até o momento que não aguentei mais e me aproximei para que ele falasse olhando nos meus olhos. Não iria agredi-lo de maneira alguma. Mas como eu sou um homem de sangue quente, pelos motivos certos, as pessoas se aproveitam para polemizar tudo o que faço”, afirmou.

O administrador de Piracanjuba tem um histórico de agressões. Neste ano, o prefeito chegou a ser condenado pela Justiça por agredir um trabalhador em 2010. Sobre este caso, ele alega que apenas se defendeu.