Depois de muito vai e vem, Vanderlei Luxemburgo está fora do Fla-Flu deste domingo, no Maracanã, pela 14ª rodada do Campeonato Carioca. Um dia depois de ter concedido uma liminar que liberava o técnico rubro-negro da pena de dois jogos de suspensão imposta pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ), por conta de críticas à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) voltou atrás na noite desta sexta-feira a pedido da Procuradoria do TJD-RJ - órgão que já havia negado efeito suspensivo para o caso. Agora, o treinador terá que aguardar o julgamento do recurso no Pleno do TJD-RJ, ainda sem data para acontecer.
O efeito suspensivo favorável ao Flamengo na última quarta havia sido concedido pelo vice-presidente do STJD, Ronaldo Piacente, mas o presidente Caio Rocha teve um entendimento diferente do caso e mudou a decisão nesta quinta. De acordo com a Procuradoria do TJD-RJ, a liminar que liberava Luxa abriria uma jurisprudência perigosa, que levaria outras equipes de torneios
regionais a impetrarem a medida como forma de evitar que os
denunciados condenados cumpram suas penalidades dentro das competições
em curso.
- Não se quer aqui avalizar o mérito do que foi decidido pela Comissão do TJD ou pelo relator do Pleno do TJDRJ. O fato é que, mesmo que se discorde do que restou decidido, a Justiça Desportiva é um sistema, previsto na Constituição Federal, e regido pela Lei Pelé. Referido sistema prevê ritos que não podem ser excepcionados, princípios que devem ser observados, ainda que não se concorde com uma decisão eventualmente proferida. Dessa forma, o legislador visou evitar que um ponto de vista isolado prevalecesse sobre a decisão resultante de um processo. Decisão esta que é, bem ou mal, produto de um desenvolvimento complexo, que é o processo jusdesportivo. Não fosse este o intuito do legislador, bastaria existir um julgador único a decidir isoladamente o destino de todos os processos - explicou Caio Rocha ao site do STJD.
Luxemburgo não poderá sequer ter acesso ao vestiário do Flamengo no clássico. Com isso, Deivid, ex-atacante rubro-negro e atual auxiliar do treinador, é quem deve comandar a equipe neste domingo, no Maracanã.
Entenda o caso
Com dez desfalques para enfrentar o Bangu na última quarta, Luxemburgo atacou a Ferj
por não poder buscar alternativas nas categorias de base. Por
regulamento, só é permitido levar cinco juniores para as partidas do
Campeonato Carioca.
- Tem que dar porrada na federação. Vou impedir o Bressan de ser
convocado para a seleção olímpica? A federação só quer que tenha cinco
amadores (juniores) inscritos. Tenho o Leonardo. O trabalho do Flamengo
na base está excelente. Não temos quatro, temos cinco zagueiros. Um
convocado (Bressan), o Samir está lesionado e o Wallace, suspenso. Temos
23 jogadores, mais quatro a sete do departamento amador. Aí acontece
tudo para que a gente possa buscar no departamento amador. Hoje tenho o
Sávio, Baggio, Jorge e Jajá. Não poderia pegar um zagueiro também? Não,
porque só podem cinco inscritos dos juniores, e já tinha o Daniel como
terceiro goleiro. O culpado sou eu ou o futebol está feito de maneira
equivocada? O que posso falar? - disse.
No dia 20, dois dias antes do clássico diante do Vasco, Luxemburgo já havia criticado Rubens Lopes
por ter assistido ao jogo do time cruz-maltino contra o Nova Iguaçu no
camarote do presidente vascaíno, Eurico Miranda, em São Januário.
-
Tudo o que está sendo falado faz parte de uma rivalidade muito grande
de Vasco e Flamengo. A única coisa que não faz parte é saber que o
presidente da Ferj está frequentando o camarote do presidente do Vasco. O
que não faz parte é o presidente do Vasco estar sentado na cadeira do
presidente da Federação em algum momento. Isso tudo é que não faz parte
do jogo do futebol. Eu não tenho nenhuma preocupação quanto ao árbitro.
Eu reclamo, gesticulo. Antigamente, eu ofendia, agora não. O que me
preocupa mesmo é essa relação - afirmou, antes do clássico.