Edição do dia 03/04/2015

03/04/2015 21h09 - Atualizado em 03/04/2015 21h19

Escutas mostram reação do pai diante suspeita de morte de Bernardo

Gravações autorizadas pela Justiça revelam que Leandro tentou defender a madrasta do menino quando pessoas próximas já desconfiavam dela.

O Jornal Nacional teve acesso a gravações telefônicas que mostram a reação do pai de Bernardo, quando surgiram as primeiras suspeitas do assassinato do menino. Esse crime, que chocou o Brasil, vai completar um ano neste sábado (4).

Em Três Passos, o garoto Bernardo é lembrado com muita saudade. A rua em que o menino era visto com frequência, vai ganhar o nome dele. 

Neste um ano da morte de Bernardo, a casa onde o menino morava se transformou em um local de peregrinação. Quem chega à cidade vai ao local deixar alguma homenagem para o garoto. São muitos cartazes, fotos e pedidos de justiça. Embaixo, foi montada uma espécie de jardim do Be, como ele era chamado. São várias flores, todas em homenagem ao garoto.

Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando morreu, no dia 4 de abril do ano passado. O corpo foi encontrado dez dias depois, enterrado em um matagal na cidade vizinha de Frederico Westphalen. Segundo as investigações, ele foi assassinado com uma injeção letal aplicada pela madrasta, Graciele Ugulini, conhecida como Keli.

Edelvania Wirganovicz, amiga de Graciele, confessou a participação no crime. O irmão dela, Evandro Wirganovicz também foi denunciado. Para a polícia, ele ajudou a abrir o buraco onde o menino foi enterrado. O quarto acusado é o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini.

“Keli e ele arquitetaram o plano, pegaram a Edelvânia, que pegou o irmão dela para concretizar o crime. Disso não resta dúvida nenhuma”, diz Caroline Bamberg, delegada.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que Leandro tentou defender a madrasta do menino quando pessoas próximas já desconfiavam dela. 

Leandro Boldrini: “Imagina como a Keli ia fazer um troço tão, tão amador de... Imagina, imagina... Cá entre nós, desovar um guri? Está louco! Deus me livre”.

Para a polícia, as gravações comprovam a frieza de Leandro quando o filho ainda estava desaparecido.

Leandro Boldrini: “O primeiro plano é achar o guri. O resto é o resto. O primeiro é achar o guri – vivo, morto, vivo”.

Os quatro acusados respondem por homicídio triplamente qualificado e estão presos há quase um ano. Para o Ministério Público, existem elementos suficientes para que eles sejam levados a júri popular.

“Há provas mais do que suficientes de que estes crimes narrados na denúncia efetivamente ocorreram. Assim como há indícios mais do que suficientes relativos ao envolvimento de cada um dos réus”, afirma Silvia Inês Jappe, promotora.

O advogado de Edelvânia Wirganovicz admite que ela ajudou a enterrar o corpo de Bernardo, mas nega que ela tenha participado do assassinato.

O advogado de Evandro Wirganovicz afirma que o cliente é inocente. As defesas de Graciele Ugulini e do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, não quiseram se manifestar.