Rio

Ponte de madeira desaba e deixa 11 feridos em Caxias

Estrutura não suportou peso de fiéis que seguiam para missa campal
Ponte de madeira cai em romaria, em Duque de Caxias Foto: Maze Mixo / Agência O Globo
Ponte de madeira cai em romaria, em Duque de Caxias Foto: Maze Mixo / Agência O Globo

RIO - Todo dia 12 de outubro, a aposentada Eva da Silva Souza, de 72 anos, deixa sua casa no bairro Jardim Metrópole, em São João de Meriti, e segue com parentes para uma romaria, na Igreja do Pilar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A caminhada, ontem, se repetiu e muitos se dirigiam para o local, onde a missa este ano seria campal porque a igreja está interditada. Mas um acidente na ponte que cruza o Rio Pilar, perto do templo, estragou os planos dos fiéis. Construída pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) em fevereiro deste ano, a estrutura de madeira não suportou o peso dos romeiros e desabou, no início da manhã. Onze pessoas ficaram feridas, entre elas Eva, que fraturou o ombro.

— Havia cerca de 20 pessoas quando a ponte caiu. Foi um desespero — conta a comerciante Ivani Coelho, de 54 anos.

A dona de casa Eudana da Silva, de 78 anos, viu de perto a cena e conta que houve pânico:

— Foi uma correria só, houve muita gritaria. As pessoas ficaram com medo que tivesse acontecido algo mais grave. Por sorte, ninguém morreu.

Onze pessoas ficaram feridas. Com escoriações leves, oito romeiros foram levados para o Hospital Moacyr do Carmo, em Caxias, e liberados em seguida. As outras três vítimas foram socorridas no Hospital estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, como Solange de Souza Resende, de 52 anos, que fraturou o punho.

— Solange e a mãe, Eva, vão todos os anos à Igreja do Pilar, sempre juntas. Elas são muito religiosas e devotas de Nossa Senhora Aparecida — contou a dona de casa Vera Souza, de 63 anos, amiga das romeiras.

O auxiliar de logística Caio César Aguiar, de 19 anos, passava do outro lado da ponte, quando ouviu um barulho muito forte. Ao perceber a gravidade do acidente, correu para ajudar a resgatar os feridos.

— Essa ponte foi improvisada por causa das obras de duplicação da Avenida Presidente Kennedy. Está aí há mais de um ano. Pode-se dizer que foi uma tragédia anunciada. Ninguém fez nada para resolver o problema dessa ponte — disse Caio César.

DER DESCONHECIA EVENTO

Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem, a ponte foi erguida para desviar a passagem de pedestres do canteiro de obras para a duplicação da Avenida Leonel Brizola (antiga Presidente Kennedy).

— Essa passagem foi feita para pedestres e ciclistas, mas o problema é que muitos motoqueiros passam por aqui toda hora — reclama o comerciante José Maria Costa, de 72 anos. — Não tenho dúvidas de que isso contribuiu para esse acidente, que poderia ter sido ainda pior.

Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) informou que não foi comunicado de que haveria uma missa campal no local e do excesso de pessoas sobre a estrutura, que acabou não suportando a carga e cedeu. A Prefeitura de Caxias disse que foi comunicada sobre o evento e deslocou até lá equipes da Defesa Civil, da Guarda Municipal e ambulâncias. As cerimônias na Igreja do Pilar reuniram cerca de cinco mil pessoas ao longo do dia.